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Carnaval 2018: Viúva de Naná Vasconcelos lamenta saída dos maracatus da abertura da festa

Tradicional cortejo com as nações de maracatu ocorrerá na quinta-feira pré-carnaval

Publicado em: 04/01/2018 09:32 | Atualizado em: 04/01/2018 09:50

Patrícia e Naná, que faleceu em março de 2016. Foto: Nando Chiappetta/DP

Com informações da repórter Isabelle Barros

Patrícia Vasconcelos, esposa do percussionista Naná Vasconcelos, emitiu uma nota lamentando a mudança na estruturação da abertura do carnaval de 2018. Conforme anunciado pela Prefeitura do Recife, o tradicional cortejo com as nações de maracatu de baque virado, comandado por Naná durante 15 anos, será substituído por espetáculos embalados pelo frevo na sexta-feira (9 de fevereiro). No texto, ela afirma que sente "tristeza e indignação" com a retirada dos grupos percussivos. "A história foi escrita por meu amado Naná, nada nem ninguém irá apagar, inclusive está indo para livros didáticos, o que poucos sabem ou simplesmente não alcançam. Lamento pelos Mestres das Nações, lamento! Pelos batuqueiros que com os seus baques deram vida ao espetáculo, lamento! Pelo palco que ficará vazio de emoção verdadeira, sem pretensão! Entrega total, todos preparados para a sexta-feira mágica! Magia que encantou, magia que fez Naná flutuar no palco de tão leve que essa música o deixava", disse. 

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O frevo será a atração da abertura da festa, a sexta inicial da folia. A data marca os 111 anos da primeira menção à palavra, no periódico Jornal Pequeno. A tarefa de abrir os trabalhos ficou por conta de uma noite mais voltada para uma apresentação geral do frevo e a execução de seus maiores sucessos. O espetáculo O frevo do mundo, conduzido pelo Quinteto Violado e pela orquestra do Maestro Duda, pretende contar a história do gênero musical com participação de nomes como Antonio Nóbrega, Maestro Spok e da Banda de Pau e Corda. 

As outras atrações da noite serão os homenageados do carnaval da capital pernambucana deste ano, Nena Queiroga e Jota Michiles. Eles vão fazer um apanhado de suas carreiras. Enquanto a primeira é atração cativa da folia com shows baseados em repertório de artistas locais, o segundo é compositor de clássicos do ritmo como Bom demais e Diabo louro. Ambos receberão participações especiais em suas apresentações, como Lenine, Luiza Possi, Geraldo Azevedo e Lula Queiroga, irmão de Nena.

A mudança na programação oficial da folia de Momo da capital pernambucana desagradou a quem vinha no primeiro dia. O desfile dos maracatus nação continua no Marco Zero, mas foi transferido para o dia 8 de fevereiro, a quinta-feira pré-carnavalesca. "O frevo merece sim uma homenagem grandiosa, mas a abertura era o único momento do maracatu no Marco Zero durante o carnaval. Não entendemos o porquê de só mexer nele. Muitas pessoas praticam, participam e pesquisam nossa ancestralidade, tanto no Brasil quanto no exterior, e essa mudança é um golpe para a divulgação dessa manifestação cultural", argumenta Fábio Sotero, presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco. A gestão municipal, por sua vez, garante que a decisão foi tomada "em comum acordo com as agremiações", após rodadas de negociações. Neste ano, serão 13 nações do Recife, de Olinda, Igarassu e Jaboatão dos Guararapes, mesmo número do ano passado. Ainda não foram definidos os convidados que participarão do evento. 

"No dia 9, na sexta de carnaval, será o Dia do Frevo. E nós vamos comemorar esses 111 anos. Queremos homenagear essa expressão rítmica de Recife e de Pernambuco, contar a história do frevo", disse o secretário executivo de Cultura do Recife, Eduardo Vasconcelos. As nações de maracatus e outras agremiações carnavalescas de tradições como caboclinhos, blocos líricos e maracatus de baque virado terão acesso ao palco também nos outros dias da folia de Momo.

Leia a nota emitida por Patrícia Vasconcelos:

PELA PERMANÊNCIA DAS NAÇÕES NA ABERTURA DO CARNAVAL DO RECIFE

Venho por meio desta expressar a minha tristeza e indignação com a EXCLUSÃO das Nações de Maracatu da Abertura do Carnaval do Recife. Naná Vasconcelos, entre outras coisas, foi responsável pela maior manifestação cultural ocorrida no estado de Pernambuco nos últimos tempos, solitário na sua luta, não deixou o Baque Cair, com muita Dignidade, Maestria e Sabedoria, Sabedoria, com S maiúsculo, essa que falta aos responsáveis por essa exclusão social, por essa Desconstrução Cultural que estar acontecendo.
A História foi escrita por meu Amado Naná, nada nem ninguém irá apagar, inclusive está indo para livros didáticos o que poucos sabem ou simplesmente não alcançam. Lamento pelos Mestres das Nações, Lamento! Pelos Batuqueiros que com os seus Baques deram vida ao espetáculo, Lamento! Pelo palco que ficará vazio de Emoção Verdadeira, sem pretensão!  Entrega total, todos preparados para a sexta-feira mágica! Magia que encantou, magia que fez Naná flutuar no palco de tão leve que essa música o deixava. 
Magia de uma preparação para uma verdadeira CELEBRAÇÃO de uma tradição construída com muita Luta e Determinação, uma verdadeira celebração! Celebrar a Abertura do Carnaval para Naná era compartir, agregar, deixar o outro ser visto como protagonista da Festa e todos se sentiam assim, não existia um, existia um Todo. Um todo que agora deve se contentar com a quinta-feira para não sair de vez. Retirada Estratégica! 

Patrícia Vasconcelos 
New York
03 de janeiro de 2018

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