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Cultura popular

Apaixonada por frevo, multiartista Maria Flor é primeira entrevistada da série Filhos do Carnaval

Reportagens serão publicadas até 3 de fevereiro, enfocando pessoas cujas vidas foram moldadas pela festa popular

Publicado em: 14/01/2018 15:00

Maria Flor começou a se envolver com arte desde a adolescência e hoje é um dos nomes em ascensão do frevo. Crédito: Gabriel Melo/DP

Passista de frevo, cantora, compositora, instrumentista, produtora, advogada e locutora. A múltipla Maria Flor, de 27 anos, se divide em vários interesses que convergem para uma paixão: o frevo. Desde os 14 anos, o gosto pelo teatro e pela dança a levaram à manifestação cultural e a se profissionalizar como artista voltada à reflexão sobre o gênero. Ela abre a série Filhos do carnaval, que vai trazer em toda Superedição, até o dia 3 de fevereiro, perfis de pessoas cujas vidas foram moldadas pela festa popular.

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Em ascensão, a carreira de Maria Flor tem fortes ramificações na música e na dança. Passista profissional e instrutora de frevo do Brincantes nas Ladeiras, canta e toca pandeiro em dois projetos autorais: a banda Cabugá e o grupo instrumental SerTão Jazz, no qual o ritmo norte-americano é mesclado à música local, e isso inclui o frevo. Quer lançar um álbum solo daqui a um ano. “Temos várias categorias de frevo já consolidadas e muitas pessoas não compreendem que pode haver outros tipos. O festival Fervendo, por exemplo, apresenta composições incríveis, voltadas para uma sonoridade mais contemporânea, mas, infelizmente, desconhecidas de um público mais amplo”, opina.

O início da trajetória de Maria Flor foi na escola, onde teve contato com expressões artísticas. “Após ser vista por uma preparadora corporal em uma apresentação de fim de ano na escola pública onde estudava, ganhei uma bolsa e comecei a fazer teatro e dança, com ênfase no frevo e na dança do ventre. Eu me conscientizei de que esse poderia ser o meu caminho profissional, quis me aprofundar na dança popular, passei por várias escolas e cheguei ao Brincantes das Ladeiras. É um projeto que reúne um grupo de passistas que pratica e ensina o frevo na Praça Laura Nigro [Olinda]. Próximo ao carnaval, seguimos os ensaios dos blocos na rua. Essa convivência com as orquestras me fez ver essa expressão cultural de outra forma”.

A importância de manter o frevo pulsante, segundo ela, se entrelaça entre a relevância social, conectada à essência do povo do Recife e de Olinda, e uma dimensão pessoal. “Esta não pode ser apenas considerada como uma música de carnaval. É a expressão de uma força que não é fácil de mensurar. É uma dança forte, técnica, mas existem sensações que o virtuosismo, por si só, não vai trazer. A técnica pode servir para indicar o melhor movimento, para evitar lesões, mas é o sentimento frevo que faz você se mover. Dançar, para mim, é música, antes de tudo. Posso fazer isso mesmo sem som”.

A ligação com essa manifestação artística rendeu a Maria Flor parcerias, viagens para ensinar o que aprendeu, inclusive no exterior, e a levou a representar a dança no Comitê Gestor de Salvaguarda do Frevo. Em 2017, cantou com o Maestro Forró, da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, no carnaval e dançou, como passista, com a Banda Sinfônica do Recife.

O amor pela música, que começou a aflorar em 2010, e pela dança frevo também serviu para reafirmar a escolha como artista. “Vivo da minha arte e o frevo de rua foi a expressão escolhida por mim. Quis um trabalho voltado para me fazer feliz e não para passar o dia esperando a hora de largar. Apesar de acreditar em Deus, não sigo nenhuma religião, mas frequento os ensaios da orquestra do Maestro Oséas toda semana e esse é um espaço sagrado”, diz.

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