Artes visuais

Aos 85 anos, Conchita Brennand realiza sua primeira exposição individual

Conhecida pela discrição, irmã mais nova do artista Francisco Brennand protagoniza a mostra O Prazer do Olhar

Publicado em: 09/01/2018 10:00 | Atualizado em: 09/01/2018 11:01

Crédito: Arte Plural Galeria/Divulgação

Chegou a hora de Conchita Brennand tirar suas obras das malas e gavetas e tirá-las de um círculo restrito de familiares e amigos. Aos 85 anos, ela finalmente realiza sua primeira exposição de fato, intitulada O prazer do olhar, com abertura para convidados a partir das 19h desta terça-feira, na Arte Plural Galeria. A mostra é dedicada a sua mãe, Lili Coimbra, influência importante em sua forma de estar no mundo. Direta e afiada, ela responde a ser questionada porque demorou décadas para mostrar seu trabalho de forma mais ampla. “Não acreditava em mim e até hoje não acredito”.

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Embora rejeite quaisquer comparações com o irmão mais velho, Francisco Brennand, ambos parecem ter um imaginário comum, voltado para a figura feminina, formas animalizadas e um olhar afiado para a natureza. A vivência no bairro da Várzea, em área de mata, transparece na escolha das cores em vários dos trabalhos em exposição. No entanto, o suporte escolhido por ambos diverge, No caso de Conchita, a ênfase está nas suas experimentações em papel canson e caneta Posca. “Adoro Chico, mas não tenho nada a discutir artisticamente com ele. Queria eu ter. Um irmão não influencia o outro”, frisa.

A arte entrou relativamente tarde na vida de Conchita. Destinada a repetir o script destinado a uma mulher de família tradicional, foi apenas nos anos 70, já casada, que começou a fazer seus primeiros desenhos de forma autodidata. “Comecei a desenhar muito cedo, aos 15 anos. No entanto, casei, fui morar em Londres e, de repente, comecei a pintar quadros eróticos. Achei ótimo”. A mostra faz um apanhado de sua produção deste então. “Se convencionou a chamar de desenho os trabalhos feitos sobre papel, mas ela faz pintura o tempo todo. É cor, é uma superfície sobre a outra”, defende o curador da mostra, Raul Córdula.

A discrição sempre fez parte de sua trajetória artística. Com uma autocrítica severa, sempre declinou de convites para exibir suas criações. Apenas em 2015, o arquiteto Romero Duarte recebeu autorização da artista para fazer reproduções de algumas de suas obras, o que deu origem a uma exposição no showroom da marca Domodi. Esta, no entanto, é a primeira vez na qual os originais estarão em exibição. Sobre seu processo de criação, Conchita também é direta. “Eu não faço romance nenhum com nada. Prefiro trabalhar de madrugada, em silêncio. A solidão, a falta de amizade são coisas que me impelem a criar”.

As incursões de Conchita nas artes visuais de Pernambuco também incluem um breve período nos anos 80, quando substituiu a filha Anna Luiza Brennand na gestão da extinta galeria de arte Vila Rica. “Lidar com pintores é muito difícil. Não sei vender. Representei Montez Magno, Zé Cláudio, Ismael Caldas”. Outro momento no qual seu talento se insinuou para fora de seu ateliê foi quando suas obras foram usadas como matriz para estampas de utensílios domésticos, como jogos americanos e almofadas, pela empresa Estúdio Zero. A mostra é uma das raras oportunidades de ver Conchita exibir sua obra do jeito que ela mesma concebeu.

SERVIÇO

O prazer do olhar, de Conchita Brennand
Abertura: Hoje, às 19h
Onde: Arte Plural Galeria - Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife
Visitação: Terça a sexta, das 13h às 19h; sábado, das 16h às 20h
Entrada gratuita
Informações: 3424-4431

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