Estilista Morre Ocimar Versolato, ícone da moda nos anos 90 Aos 56 anos, ele morreu de AVC, em hospital de São Paulo

Publicado em: 09/12/2017 17:47 Atualizado em:

Ele alcançou o topo da moda para depois experimentar uma repentina queda livre. Subiu e caiu outras tantas vezes, até perder de vez fama e dinheiro. Mas isso em nada muda o fato de que Ocimar Versolato, que morreu na sexta-feira, 7, de acidente vascular cerebral (AVC) no Hospital São Paulo, zona sul da capital, foi um dos maiores talentos brasileiros. E o único a ter sido aceito no seleto grupo da Chambre Syndicale de la Haute Couture, entidade máxima da moda francesa.

Com desfiles em mais de 30 edições da São Paulo Fashion Week, o estilista, nascido em São Bernardo (SP), onde deve ser enterrado na tarde deste sábado, 8, chegou a conquistar o posto de diretor criativo da Lanvin, a maison centenária fundada em Paris. Aclamado como grande talento de sua geração, rejuvenesceu a marca. "Ele sabia enaltecer o corpo feminino e isso deixava clara sua brasilidade. Seu trabalho tinha muito estilo próprio, era sexy e elegante ao mesmo tempo, e zero vulgar", lembra a editora de moda Flavia Lafer. "O que o impediu de permanecer no topo foi sua personalidade complicada."

Polêmico, ele atacava colegas e azedava sociedades. "Não sou como alguns estilistas do Brasil, que a cada estação copiam uma coleção e mantêm, entre si, o acordo tácito de não copiarem as mesmas grifes: um copia a Balenciaga, o outro a Comme des Garçons, o outro a Prada e o outro a Gucci", disparou certa vez

Nascido em 1º de abril de 1961, ele estudou Arquitetura antes de mudar-se para Paris, em 1987 e formar-se no Studio Berçot. Gostava de dizer que entrou na moda pela porta certa. Foi assistente de Gianne Versace, trabalhou durante 4 anos com Hervé Léger, antes de criar a marca própria, em 1994. "Catei alfinete no chão, desenhei vestido, conheci os fornecedores e os jornalistas de moda. Tive escola", avaliou certa vez, em uma entrevista.

Chegou a ter uma loja própria maravilhosa na Place Vendôme, em sociedade com a brasileira Ana Luiza Pessoa de Queiroz, que era sua cliente. "Mas deu o passo maior que a perna e acabou falindo", lembra a curadora de moda e estilo Helena Montanarini. "Mas ele era um sedutor, que encantava clientes e investidoras. Ele juntava o talento com a sedução."

De volta ao Brasil, conquistou a empresária Sandra Habib, cujo marido, Sérgio, é proprietário da holding das concessionárias da marca Jaguar no País. Teve início assim a terceira parceria. Em menos de um ano, a dupla chegou a abrir sete lojas, quatro delas em São Paulo (em pontos luxuosos e caros como a Rua Haddock Lobo e o Shopping Iguatemi), duas no Rio e uma em Brasília. Foram investidos R$ 15 milhões na época, mas em pouco tempo o negócio "flopou", e em um episódio relâmpago as lojas fecharam uma a uma

"Ocimar foi como fênix. Brilhou e caiu várias vezes no Olimpo da moda", diz a jornalista Lilian Pacce. "A moda nacional perde um grande e polêmico talento - Denner e Clodovil pareceriam ingênuos diante de todas as controvérsias que pontuaram a vida de Ocimar, que era tecnicamente brilhante." A morte do artista foi confirmada em um post no Instagram do jornalista Mario Canivello, amigo pessoal do estilista e seu assessor de imprensa na Canivello Comunicação e Marketing. "Foi o mais genial estilista brasileiro que o País já teve, cuja trajetória acompanhei do momento zero até ele se auto 'exilar' em Milão e, depois, Luxemburgo", escreveu após o ocorrido.

O colega de profissão Almir Slama também manifestou seu pesar nas redes sociais: "Era tudo, o acabamento, o corte, a cor, os detalhes. Gerava emoção, surpresa". "Ocimar foi o primeiro brasileiro a integrar a Alta Costura de Paris", lembra a curadora de moda e estilo Helena Montanarini.

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