Artes visuais Exposição de um dos maiores artistas modernistas do Brasil chega à Caixa Cultural Recife Athos Bulcão trabalhou com Oscar Niemeyer na construção de Brasília e era mestre em azulejaria

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 21/12/2017 17:20 Atualizado em: 21/12/2017 17:30

Mural de Athos Bulcão no Sambódromo, com azulejaria e geometria circular. Crédito: Fundação Athos Bulcão/Divlugação
Mural de Athos Bulcão no Sambódromo, com azulejaria e geometria circular. Crédito: Fundação Athos Bulcão/Divlugação

A contribuição do artista Athos Bulcão (1918-2008) para a arte brasileira está intimamente relacionada à arquitetura e à ocupação de espaços públicos, ao contrário de alguns de seus pares modernistas, que preferiram trabalhar com telas e com interiores. Com Oscar Niemeyer, ele ajudou a dar a Brasília a cara que ela tem hoje, a partir de suas criações como a fachada do Teatro Nacional Cláudio Santoro, ícone da capital federal. Um pouco dessa trajetória pode ser vista a partir desta quinta, no primeiro andar da Caixa Cultural Recife, com a mostra Athos Bulcão - tradição e modernidade.

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O uso de figuras geométricas na obra de Bulcão - que completaria cem anos em 2018 - dão ao artista um caráter único, cujo ritmo, musicalidade e impressão de movimento não são prejudicados pela monumentalidade de seu trabalho. Segundo Marcus Lontra, curador da mostra em parceria com a Fundação Athos Bulcão, em Brasília, a exposição traz aproximadamente 40 obras em vários formatos, que privilegiam um recorte mais conhecido dos trabalhos do artista. "Procuramos selecionar as modulações de Bulcão. Ele trabalhou com azulejaria, uma herança colonial, e trouxe isso para o repertório modernista. A exposição mostra o método construtivo dele, incluindo a primeira vez na qual se exibe uma planta de seu trabalho".

A exposição foi dividida em seis núcleos artísticos e cada um deles tem seu próprio mural de azulejos. É possível ver o percurso criativo do artista, desde seus esboços até o resultado final, seja com a montagem de azulejos reproduzida em parte da parede da Caixa Cultural, seja em fotografias que mostram suas criações in loco. Um exemplo é o mural do Sambódromo, no Rio de Janeiro. "Athos deu as instruções para a montagem de um dos lados, feitos em azulejos cujas formas correspondiam a um quarto de círculo, e deixou o outro lado a cargo dos operários da obra. A única instrução que ele deu foi a de não fechar o círculo", detalha Marcus Lontra. A parte externa do Teatro Nacional, que se tornou por si só um ponto turístico de Brasília, será reproduzida tridimensionalmente. Embora ele tenha sido mais conhecido por sua produção em azulejos, também haverá gravuras e serigrafias.

BIOGRAFIA
Athos Bulcão nasceu no Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918 e chegou a cursar medicina, mas abandonou o curso para se dedicar às artes visuais. Conhece artistas como Murilo Mendes e Carlos Scliar, e trabalha com Cândido Portinari na construção do painel de São Francisco de Assis, na Igreja da Pampulha, em Minas Gerais. Depois de trabalhar como ilustrador, fazendo capas de livros, recebe o convite que deslancharia sua produção: a construção de Brasília. A parceria com Oscar Niemeyer se estende além da construção da capital federal e o torna um dos artistas mais identificados com a cidade. Foi lá onde Athos passou a morar e morreu em 2008.

SERVIÇO
Athos Bulcão - tradição e modernidade
Abertura: 21 de dezembro (quinta), às 19h
Onde: Caixa Cultural Recife - Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife
Visitação: Terça a sábado, das 10h às 20h, e domingos, das 10h às 17h - até 28 de janeiro
Entrada gratuita
Informações: 3425-1915

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