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Música David Sabbag explica fim da Banda Uó: 'Cada artista tem sua própria cabeça' Grupo faz última apresentação no Recife nesta sexta-feira

Por: Matheus Rangel

Publicado em: 22/12/2017 13:23 Atualizado em:

Fotos: Deckdisc/Divulgação
Fotos: Deckdisc/Divulgação

Quando deixaram para trás Goiânia, em Goiás, rumo a São Paulo, para tentar viver de música, Matheus Carrilho e Davi Sabbag de alguma forma sabiam que teriam sucesso na empreitada. Ou pelo menos acreditavam veementemente que sim. Candy Mel titubeou: havia acabado de passar na primeira fase do vestibular para estudar moda e ouviu da família que, se fosse, não deveria mais voltar. Foi e, ao lado dos amigos, realizou o sonho de ser cantora. Depois de se conhecerem na noite da cidade do Centro-Oeste, os três formaram, em 2010, a Banda Uó, que agora encerra as atividades depois de dois CDs e um EP. Para o público pernambucano, a última oportunidade de vê-los junto será nesta sexta-feira (22), a partir de 22h, no Club Metrópole. A agenda de shows está mantida até o carnaval. Depois disso, cada seguirá em projetos solo.

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Foi partir do single Shake de amor (2011), uma versão em tecnobrega do sucesso Whip my hair, da norte-americana Willow Smith, vencedora do VMB de Melhor Videoclipe, que o grupo ganhou certa projeção e começou a chamar a atenção de produtores paulistas. O EP Me emoldurei de presente pra você, cuja produção é assinada pelo Bonde do Rolê, veio em seguida, antes do contrato com a gravadora Deckdisc. Nas devidas proporções, o grupo passou a ocupar um lugar ainda inexplorado na música pop nacional: era irreverente tanto na sonoridade despretensiosa quanto no visual despojado e ao mesmo tempo bem pensado e se valia de ritmos do país sem deixar de beber da fonte das produções internacionais.

"Quando surgimos, em 2010, não tínhamos esse cenário de diversidade. Então, meio que inocentemente, viemos de uma forma que acabou sendo uma bandeira para uma geração que estava desamparada por artistas com os quais não se identificavam, desamparados pela produção pop audiovisual no Brasil. Acho que nossa jornada de lá até aqui foi interessante em vários aspectos – pela música, pelos videoclipes e até em questão de representatividade”, explica Davi Sabbag. Todos os três integrantes sempre foram assumidamente LGBTs e abriram caminho para que artistas como Pabllo Vittar, Gloria Groove e Lia Clark, por exemplo, ocupassem posições de maior destaque no panorama nacional. “Parece uma janela curta de tempo, mas, seis anos atrás, não era tão legal ter essa representatividade ainda. Não era visto com bons olhos nem pela própria comunidade [LGBT] falar abertamente na música sobre ser gay, lésbica, trans, afeminado...”, completa.


Apesar disso, a militância nunca entrou diretamente na pauta musical da Banda Uó, que enveredou por temas menos politizados e mais leves. Também nunca hesitaram ao falar de sexo - como nas faixas Vânia, I love cafusú e Gringo (assinada por Diplo), do primeiro álbum, Motel, e Arregaçada, do CD Veneno - ou de amor, com Búzios do coração  e Tô na rua, o single de despedida. O anúncio de uma "pausa por tempo indeterminada", que, no fundo, significa o fim, veio em outubro, após uma densa reflexão que começou ainda em 2016.

"Sempre falo, o artista individualmente tem sua própria cabeça e momento de vida. Em cada 'era' [geralmente marcada pela divulgação de um disco diferente], as pessoas pintam o cabelo, se envolvem com religião, mudam. E isso não era possível com a Banda Uó, que é um projeto fechado, o que foi pesando na decisão de cada um seguir o que quer. O público não entende o que é estar ligado a duas pessoas”, diz o loiro. Ele acredita que o grupo está em seu melhor momento - tanto no que se refere à popularidade quanto ao número de shows – mas, ainda assim, acabar foi o mais saudável. Com formação musical mais próxima do folk, o cantor pretende seguir carreira solo em um caminho completamente diferente do traçado pela Banda Uó. "Ainda não sei o que vou lançar. Estou compondo desde o ano passado e não quero perder o timing, mas não quero fazer apressado também. Vai ser no 'flow' do ano que vem", garante.

Assista ao clipe de Tô na rua:


SERVIÇO
Banda Uó
Onde: Club Metrópole (Rua das Ninfas, 125, Boa Vista)
Quando: sexta-feira (22), a partir das 22h
Quanto: R$ 80, R$ 50 (com consumação), R$ 60 (casadinha), R$ 45 (social) 
Informações: 3423-0123

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