Artes visuais Ricardo Labastier lembra violência da formação brasileira na mostra Assucar Fotógrafo e artista visual abre mostra nesta terça-feira na Arte Plural Galeria, no Bairro do Recife

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 13/11/2017 17:48 Atualizado em: 13/11/2017 18:35

Em ''Festa de São João', o sincretismo religioso no Brasil é evocado pelos elementos presentes na obra. Crédito: Ricardo Labastier/Reprodução
Em ''Festa de São João', o sincretismo religioso no Brasil é evocado pelos elementos presentes na obra. Crédito: Ricardo Labastier/Reprodução

A formação social brasileira, que deram ao país o dom duvidoso de se equilibrar entre a beleza e a tragédia, foram o mote usado pelo artista visual Ricardo Labastier usou para criar as 18 peças de sua nova exposição, Assucar, em cartaz a partir desta terça na Arte Plural Galeria. Menção direta à mercadoria que definiu a história de Pernambuco e fez a riqueza de uns e a desgraça de outros, as obras do artista unem artesania e fotografia em imagens saturadas de vermelho. “A cor representa os extremos da paixão, da violência da miscigenação brasileira”, afirma, o artista.

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Fotógrafo por vocação e fotojornalista premiado, Labastier passou a experimentar a criação a partir do trabalho com as mãos. Um episódio extremo testemunhado por ele foi o gatilho para o início dos trabalhos de Assucar. "Em 2015, eu estava em Olinda e fiquei muito chocado ao testemunhar um crime e isso reverberou na minha cabeça por dias. Um tempo depois, vi uma placa de acrílico em casa e passei a trabalhar com ela, pensando na nossa formação social a partir da experiência ruim vivida por mim. Eu já trabalhava com velas e passei a derretê-las. Comecei a usar objetos para fazer essas composições. Como sempre fotografei corpos, isso é novo para mim".


Os povos formadores do Brasil, europeus, indígenas e negros, são representados no trabalho a partir de objetos como penas, guias e terços, colocados em cima da placa de acrílico e envolvidos em parafina. O fotógrafo cria sentidos a partir da disposição dessas peças em suas obras. Após a conclusão de cada item, Labastier fotografava o resultado e desfazia todo o trabalho. O que está exposto na Arte Plural é a impressão em tela das imagens criadas pelo artista, além de uma instalação na qual todo o material usado está presente.


O curador da mostra e professor da UFPE José Afonso Júnior frisa a articulação política do discurso de Labastier, que traz à sua obra, por exemplo, figuras históricas como a Princesa Isabel e o ex-escravo Mahommah Baquaqua, atreladas ao passado dos negros no Brasil. “Este é um trabalho atemporal e contemporâneo. Ele mostra processos de desigualdade que a gente esquece e repete. É um material que representa muito bem a dualidade do que somos”.

ZAHAR - O jornalista e poeta carioca radicado no Recife André Zahar realiza sua primeira exposição fotográfica, Inverno Astral, também na terça-feira, a partir das 19h, no bar Bestafera, na rua Mamede Simões, 12, Boa Vista. A mostra exibe um conjunto de fotos acompanhado de textos poéticos, contando histórias de ciclos vitais vistos por viagens ao sertão do Cariri, à Chapada Diamantina e à Islândia. As narrativas de deslocamentos, a busca da solidão e a percepção poética que pode vir do convívio com a natureza também são matéria-prima para suas fotos. A entrada é gratuita.
   
SERVIÇO
Exposição Assucar, de Ricardo Labastier
Abertura: 14 de novembro (terça), às 19h
Onde: Arte Plural Galeria - Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife
Visitação: Terça a sexta, das 13h às 19h; sábado, das 16h às 20h
Entrada gratuita
Informações: 3424-4431

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