CInema Lucrecia Martel interrompe hiato de nove anos sem dirigir com o romance histórico Zama Novo filme, exibido no Janela Internacional de Cinema, estreia no Brasil em janeiro de 2018

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 09/11/2017 08:40 Atualizado em: 09/11/2017 08:43

"Nunca me senti tão diretora nem muito do cinema", afirma Martel. Foto: Pyramid Films/Divulgação
"Nunca me senti tão diretora nem muito do cinema", afirma Martel. Foto: Pyramid Films/Divulgação

"Estou convencida de que a literatura e cinema e não são tão diferentes", acredita a cineasta argentina Lucrecia Martel, cujo mais recente filme Zama, é uma adaptação do romance homônimo do conterrâneo Antonio Di Benedetto (1922-1986). "Tempo, ritmo, sonoridade estão presentes na literatura, é uma matéria muito próxima", diz, sobre as afinidades entre os dois meios, enxergadas por ela durante a transposição do texto para as telas. Exibida no Janela Internacional de Cinema do Recife, a produção estreia no Brasil no dia 25 de janeiro de 2018.

Quer receber notícias sobre cultura via WhatsApp? Mande uma mensagem com seu nome para (81) 99113-8273 e se cadastre

Zama interrompe um hiato de nove anos longe dos cinemas, desde seu terceiro filme, A mulher sem cabeça (2008), que será exibido sexta-feira (10), às 18h30, no Cinema do Museu. "Nunca me senti tão diretora nem muito do cinema. Nunca senti ânsia, por isso entre um filme outro se passam muitos anos", comenta a Martel, que mesmo com uma filmografia pequena já é considerada uma das grandes cineastas da atualidade.

Apesar desse longo tempo sem lançamentos, a realizadora não se afastou de projetos no período. Ela chegou a envolver-se em uma outra adaptação cinematográfica: a série em quadrinhos argentina O Eternauta escrita por Héctor Germán Oesterheld e desenhada por Francisco Solano López. A produção acabou não saindo do papel. "Foi frustrante", comenta sobre o fracasso. Atualmente, ela desenvolve pesquisas para documentário sobre o assassinato de um líder indígena argentino morto em um processo de disputa de terras em 2008.   
Produção de Zama custou US$ 3,5 milhões. Foto: Vitrine Filmes/Divulgação
Produção de Zama custou US$ 3,5 milhões. Foto: Vitrine Filmes/Divulgação

Primeiro filme de Martel que não traz uma história original sua, Zama não é um trabalho menos autoral, garante a diretora. "É muito difícil pensar que não é algo meu. Ler um romance é um processo longo que está tão internalizado que sinto como meu", conta. "Me parece como uma sucessão de algoritmos causando um processo interno que, quando se termina a leitura, você não é mais a mesma pessoa". A realizadora diz que nem todo romance é capaz de causar essa sensação, que seria possível apenas em obras-primas, como ela considera o livro de Antonio Di Benedetto. "Então, eu sinto que escrevi Zama após essa transformação", afirma.

Situada temporalmente no século 18, a trama protagonizada por dom Diego de Zama (Daniel Giménez Cacho), um burocrata da coroa espanhola que vê desejo de conseguir uma transferência de volta para a terra natal como uma promessa cada vez mais distante de se concretizar. Coprodução com o Brasil, o filme tem direção de arte da pernambucana Renata Pinheiro (Açúcar) e tem no elenco Matheus Nachtergaele e Mariana Nunes.

Acompanhe o Viver no Facebook:






MAIS NOTÍCIAS DO CANAL