História Documentário resgata ação dos EUA no interior do estado para desestabilizar movimentos sociais nos anos 1970 Em Nome da América tem sessão especial nesta quarta-feira, no Janela Internacional de Cinema

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 08/11/2017 13:48 Atualizado em: 08/11/2017 13:56

 (Documentário reúne imagens de arquivo e registros atuais de moradores do interior e antigos voluntários. Foto:  Plano 9/Divulgação)

Um pedaço pouco conhecido da história do Nordeste é resgatada no documentário Em nome da América, destaque da programação hoje do 10.º Janela Internacional do Cinema do Recife. O filme, dirigido pelo cineasta carioca radicado em Pernambuco Fernando Weller, investiga a presença de norte-americanos no interior da região entre 1960 e 1970, parte das ações do governo dos EUA para, em teoria, deter o avanço de ideias socialistas na América Latina e melhorar a imagem internacional do país. A sessão será às 19h15, no Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista) e os ingressos custam R$ 6, à venda na bilheteria do local e pelo site Sympla.

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O cineasta iniciou a pesquisa sobre a questão em 2012, quando ouviu os primeiros relatos sobre a presença de norte-americanos no interior de Pernambuco, em cidades como Orobó e Bom Jardim. Variados, os informações fornecidas por moradores iam de histórias sobre a prospecção de recursos naturais a conspirações envolvendo a presença de agentes da CIA disfarçados de hippies e até mesmo a suposta presença de Steven Spielberg vivendo no Sertão do estado para fugir da Guerra do Vietnã. Entre a miríade de causos, Weller chegou ao projeto Peace Corps, que no Brasil ficou conhecido como Voluntários da Paz.
Welle é pesquisador e professor de Cinema da UFPE. Foto: Acervo pessoal/Divulgação
Welle é pesquisador e professor de Cinema da UFPE. Foto: Acervo pessoal/Divulgação

Arregimentados sob o pretexto de trabalho comunitário em vários países, muitos jovens dos EUA se inscreveram. Weller, no entanto, identificou propósitos de instrumentalização no momento. "Era parte de uma política para desestabilizar movimentos do campo, como as Ligas Camponesas", afirma o diretor, ressaltando que, na maioria das vezes, esse fato passa despercebido pela população e até pelos voluntários. "Eram pessoas, acredito, bem intencionadas e que se tocaram verdadeiramente pela situação social que viram no Brasil", diz Weller.

O filme reúne material de arquivo, entrevistas atuais, feita com antigos voluntários e moradores que conviveram de perto com os integrantes do Peace Corps. A maior parte dos documentos e material em vídeo obtidos para o documentário foi encontrado nos Arquivos Nacionais, em Washington, e na Biblioteca JFK, em Boston. "Os arquivos norte-americanos tinham muito mais material acessível sobre o tema do que aqui", explica Weller. "Para mim, é também um reflexo de como lidamos com a história, com o fato que preferimos esconder e apagar a memória do que refletir sobre ela", lamenta.

Confira a programação completa do dia:


Cinema São Luiz

13h50 | COMPETITIVA CURTAS INTERNACIONAL 3: ARREGACE AS MANGAS – 79 min (DCP) 15h40 | COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 4: NADA SERÁ COMO ANTES – 80 min (DCP) + debate

14h | DEBATE L.A. REBELLION: Um Novo Cinema Negro Cinema (no hall do cinema) 

17h45 | L.A. REBELLION: O cavalo, de Charles Burnett – 14 min (DCP) Assim na terra como no céu, de Larry Clark – 52 min (16mm)

19h15 | ESPECIAL: Em nome da América, de Fernando Weller – 96 min (DCP) debate

21h40 | ESPECIAL: Vacancy, de Matthias Müller – 16 min (16mm) COMPETITIVA LONGAS: Era uma vez Brasilia, de Adirley Queirós – 140 min (DCP) debate

Cinema do Museu

14h20 | Reprise COMPETITIVA CURTAS NACIONAL 3: SE ESSA RUA FOSSE MINHA – 78 min (DCP)

16h | COMPETITIVA LONGAS: O gênero, de Klim Kozinsky – 61 min (DCP)

17h15 | COMPETITIVA LONGAS: O peixe, de Martin Verdet – 82 min (DCP)

18h50| Reprise COMPETITIVA LONGAS: Verão 1993, de Carla Simón – 97 min (DCP)

20h45 | Reprise CLÁSSICOS: Tudo que o céu permite, de Douglas Sirk – 89 min (DCP)

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