Em Foco
Compre um ingresso e ajude a resgatar vidas
Espetáculo Tereza - uma luz chamada resistência faz homenagem a personagens históricos da Zona Norte
Por: Marcionila Teixeira
Publicado em: 24/11/2017 07:30 Atualizado em:
Foto: Ricardo Fernandes/DP |
Se você acredita na capacidade da arte em resgatar vidas, uma forma de contribuir com esse processo é assistir à peça Tereza - uma luz chamada resistência. Dirigido e encenado por moradores ou frequentadores do Alto Santa Terezinha e comunidades vizinhas da Zona Norte, o espetáculo é uma homenagem a pessoas e instituições culturais com um grande legado histórico na região. Gente como a falecida Maria do Peixe, uma comerciante centenária de peixe assado e passarinha, por exemplo, é uma das pessoas celebradas na apresentação. Desembolsando R$ 10 (meia entrada) ou R$ 20 (inteira), é possível prestigiar a arte e promover novas oportunidades para os moradores desses bairros. A encenação acontece no próximo domingo, às 17h, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem.
A apresentação é costurada pela personagem Tereza e dividida em três tempos: décadas de 1980, 1990 e dias atuais. A ideia é mostrar que, já naquela época, muitas expressões culturais e personagens - todos com atuação até hoje, com exceção de Maria do Peixe - resistiam e abrilhantavam as ruas da Zona Norte. A entrada de uma grande troça no palco, onde estarão representados os dez homenageados, dá o pontapé inicial da peça. Além de Maria do Peixe, serão lembrados os maracatus nação Raízes de Pai Adão, Estrela Brilhante, o Clube Bela Vista, as troças Abanadores do Arruda, Reisado Imperial, Boneco Seu Malaquias, Caboclinho 7 Flechas, o mestre de capoeira Morcego e a Escola de Samba Gigantes do Samba.
Diretor-geral do espetáculo junto com a bailarina Liliane Freitas, Gilblênio Saadh, mais conhecido como Roxinho, conta ter encontrado na arte a oportunidade de sair do círculo vicioso da violência em sua comunidade de origem, Peixinhos, em Olinda. “Cresci vendo crimes e drogas e esse poderia ter sido meu caminho. Aos nove anos, conheci a arte, através da dança e do teatro ofertados em projetos sociais. Me envolvi com isso e terminou que hoje muitos amigos meus estão mortos, presos ou são pais de muitos filhos, mas sem a menor estrutura financeira para isso. No Alto Santa Terezinha a gente vê muito isso. É um ambiente de alta vulnerabilidade”, pontua.
Os ensaios para a peça aconteceram no Compaz Governador Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha. Os 60 participantes integram os núcleos de dança do Compaz de balé clássico, dança contemporânea, Studio 8 de dança (que usa o espaço do governo municipal para aulas), hip hop e capoeira. “O acesso a essas linguagens, como o teatro e a dança, resgata vidas. Claro que é muito melhor estar dançando que estar na rua, vulnerável, usando drogas. Pensar que uma menina ainda pequena está fazendo dança, se empenhando e, em dez anos, pode ser reconhecida, é incrível”, completa Roxinho.
A diretora-geral Liliane Freitas, além de bailarina, é professora de dança e moradora do Alto Santa Terezinha. Roxinho é arte educador da Biblioteca Afrânio Godoy (Compaz), ator e bailarino. Além deles, Marcelo Aguied bailarino, coreógrafo e graduando em Educação Física, também foi convidado para dirigir as coreografias. O espetáculo começa pontualmente e tem apresentação única. Prestigiar os moradores da Zona Norte em cena representa um belo exercício de cidadania para um final de tarde de domingo.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL
MAIS LIDAS
ÚLTIMAS