Arte Vereadores do Recife repudiam e acusam peformance com artista nu de pedofilia Apresentação no MAM gerou polêmica após circulação de vídeo em que criança toca mão do ator

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 03/10/2017 08:43 Atualizado em: 03/10/2017 15:24

Museu esclarece que criança estava acompanhada da mãe. Foto: YouTube/Reprodução
Museu esclarece que criança estava acompanhada da mãe. Foto: YouTube/Reprodução

Vereadores do Recife decidiram repudiar a performance do artista Wagner Schwartz no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), na qual ele ficou nu sobre um tablado permitindo que o público interagisse com seu corpo. A apresentação passou a receber críticas ferrenhas depois da divulgação de um vídeo nas redes sociais que mostra uma criança participando da intervenção e tocando na ponta dos dedos da mão e na canela de Schwartz. 

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Em reunião plenária da Câmara Municipal do Recife, a vereadora Aimée Carvalho (PSB) afirmou que a performance se configurava como pedofilia, propondo um voto de repúdio, aprovado pela maioria dos vereadores presentes. "Isso não pode ser considerado arte, mas um escárnio inaceitável e lamentável. É um trabalho repugnante que causa asco em qualquer pessoa", afirmou Aimée. 

"Não confundam arte com essa triste desmoralização. A Câmara do Recife tem o dever de repudiar este tipo de conduta. O Estatuto da Criança e do Adolescente é claro ao proibir qualquer tipo de exposição de crianças a contextos de conotação pornográfica", completou ela, acrescentando que se tratava de um ato "afrontoso" e de "desrespeito às famílias". Em nota, o MAM destacou que a criança em questão estava acompanhada da mãe e, apesar de a performance não ter conotação sexual, havia sinalizações de nudez antes do início dela, intitulada de La bête

Ao todo, 15 vereadores foram favoráveis ao voto, dois foram contrários e três se abstiveram. Ivan Moraes (PSOL) discordou do repúdio e se justificou: "Não podemos andar contra o processo civilizatório. Sou contra o repúdio, pois a Casa não pode repudiar obras de arte. Além disso, o museu informou que havia cenas de nudez". André Régis (PSDB) também se pronunciou: "Sou liberal convicto, mas não se estava falando sobre arte. Estávamos tratando de uma cena em que uma criança tocou em um homem nu. Consentido ou não pela mãe, a criança poderá sofrer danos irreparáveis e ainda acabou sendo exposta na mídia". 

Uma série de artistas se manifestou a favor do museu após a repercussão negativa, defendendo a liberdade de criação artística. "Cultura resiste. Cultura ensina. Cultura transforma. Cultura reflete. #censuranão", argumentou a atriz Alinne Moraes. Alguns manifestantes se posicionaram na frente do MAM portando placas de "Somos Todos MAM" também em apoio ao local. Muitos deram as mãos e fizeram roda no entorno da instituição.

Confira a nota do MAM sobre a apresentação: 

O Museu de Arte Moderna de São Paulo informa que a performance La bête, que está sendo questionada em páginas no Facebook, foi realizada na abertura da Mostra Panorama da Arte Brasileira, em evento de inauguração. É importante ressaltar que o Museu tem a prática de sinalizar aos visitantes qualquer tema sensível à restrição de público. Neste sentido, a sala estava devidamente sinalizada sobre o teor da apresentação, incluindo a nudez artística. O trabalho não tem conteúdo erótico e trata-se de uma leitura interpretativa da obra Bicho, de Lygia Clark, artista historicamente reconhecida pelas suas proposições artísticas interativas. É importante ressaltar que o material apresentado nas plataformas digitais omite a informação de que a criança que aparece no vídeo estava acompanhada de sua mãe durante a abertura da exposição. Portanto, os esclarecimentos acima denotam que as referências à inadequação da situação são fora de contexto

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