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Festival do Rio 'Não ligo para Godard', diz o oscarizado diretor de O Artista, que lança filme sobre o cineasta Ícone da nouvelle vague é interpretado por Louis Garrel em comédia dramática assinada por Michel Hazanavicius

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 13/10/2017 09:10 Atualizado em: 13/10/2017 07:38

 (Em novo filme, Michel Hazanavicius mantém o humor e narrativa leve vista em seu grande sucesso, O Artista)

Rio de Janeiro - Nome sagrado para muitos, o cineasta francês Jean-Luc Godard ganhou um retrato bastante mundano em O formidável, filme do conterrâneo Michel Hazanavicius (O artista), exibido pela primeira vez no país durante o Festival do Rio. Com Louis Garrel no papel principal, a comédia dramática resgata o período entre 1967 e 1970, quando o ícone da nouvelle vague passou a assumir veia política na sua obra e participação nos protestos de maio de 1968. O título entra em cartaz no Brasil no dia 26 de outubro.

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Mal-humorado, mesquinho e arrogante são alguns dos predicados que podem ser utilizados para a representação de Godard no filme. E isso parece um grande acerto. Excelente no papel, Garrel representa o cineasta de forma inevitavelmente cômica mas nunca caricata. A rabugice e pretenciosismo vislumbrados no longa parecem condizentes com imaginário perpetuado pelo prolífico e revolucionário diretor, provavelmente tachado, em igual medida, como genial ou difícil.

"Eu, realmente, não ligo para Godard, no geral", diz Michel Hazanavicius, mais conhecido por O artista (2012), obra-sensação que abocanhou cinco Oscars, incluindo o de melhor diretor e filme. "Digo, não é que, de fato, eu não me importe, mas não pensaria em fazer um filme sobre ele", se corrige, embora reconheça não ter o cineasta entre os seus realizadores favoritos. "Gosto dos trabalhos iniciais, mas depois, a partir de 1967, 1968, acho que ele se perdeu", conta.
Garrel caracterizado como Godard. Foto: Imovision/Divulgação
Garrel caracterizado como Godard. Foto: Imovision/Divulgação

O formidável é baseado no livro de memórias Un an après (Um ano depois), escrito por Anne Wiazemsky (no filme, interpretada por Stacy Martin), ex-companheira de Godard. O casal se conheceu quando ela participou de A chinesa (1967), ela então com 18 anos e, ele, 37. A atriz e escritora morreu em outubro deste ano, em decorrência de um câncer. "Quando li o livro, vi que esse período da vida dele era muito interessante e intenso para um roteiro: a história de um cara que mudou radicalmente. E maneira como ele mudou é impressionante", afirma Hazanavicius.

Após comprar os direitos de adaptação, o cineasta entrou em contato com Godard, por carta, para avisar da produção do filme. "Ele respondeu me pedindo para ver o roteiro. Eu enviei o script, mas não tive retorno", relembra. Além de resgatar parte da história do cineasta, incluindo aí parte dos problemas conjugais dele, Hazanavicius homenageia o artista ao emular, na direção, a estética e estilo godardiano dos anos 1960. "Não tentei mimetizar Godard, tentei utilizar algumas de suas características e colocar na minha história. Não é um filme de Jean-Luc Godard, é o meu filme", enfatiza.

*O repórter viajou a convite da organização do evento


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