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Thor: Ragnarok abraça a galhofa em aventura cheia e ação e visual inspirado
Terceiro filme do herói inspirado na mitologia nórdica deixa de lado o tom épico e aposta em piadas
Publicado: 26/10/2017 às 16:00

Dinâmica entre Thor e Hulk garante momentos divertidos no filme. Foto: Marvel/Divulgação/


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Sisudo e formal em suas versões mais tradicionais dos quadrinhos, o Thor dos cinemas foi utilizado pontualmente como alívio cômico nos dois longas-metragens dos Vingadores (2012 e 2015). O fato de ser um deus vindo do distante mundo de Asgard e o total desconhecimento sobre o comportamento dos humanos e funcionamento da sociedade foi recorrentemente transformado em gags nos títulos da superequipe e, de maneira mais esparsa, nos filmes solo do herói.
Thor: Ragnarok abraça em definitivo o lado bufão do personagem e aproveita o talento cômico do protagonista, Chris Hemsworth, para oferecer uma aventura dinâmicae bem-humorado, mais próxima da linha vista em Guardiões da Galáxia e Homem-Formiga. Quem desaprova o estilo pueril que costuma prevalecer na Marvel Studios, provavelmente também não irá gostar dessa leitura do Deus do Trovão. Para os que se divertem com essa proposta, o novo Thor é um prato cheio, muito bem servido de piadas e ação galhofada ao longo de mais de duas horas de projeção.
Nesta sequência, Thor vai parar em Sakar, planeta desconhecido onde é escravizado como gladiador, justamente no momento em que Asgard está sob os domínios na vilã Hela (Cate Blanchett), a Deusa da Morte, que derrotou Odin (Anthony Hopkins). O herói planeja, então, uma fuga ao lado do irmão Loki (Tom Hiddleston), da guerreira Valquíria (Tessa Thompson) e de Hulk/Bruce Banner (Mark Ruffalo), na tentativa de retornar à terra natal e evitar o Ragnarok, evento apocalíptico que poderá dizimar toda a vida do local. Afinado, o elenco ainda tem Jeff Goldblum como o Grão-Mestre, excêntrico governante de Sakar, e Karl Urban no papel do argardianoSkurge, o Executor.
Novidade no filme, Blanchett é a primeira vilã vista em um filme da Marvel e cumpre a tarefa de forma eficiente. Outro reforço no elenco feminino, Thompson tem carisma de sobra e merecia mais tempo de tela. Destaque também para Goldblum, que garante também ótimos momentos com uma atuação divertidamente afetada. Responsável por roubar a cena em filmes anteriores, Hiddleston continua bem no papel do escorregadio Loki. Ruffalo deixa de lado a faceta de cientista atormentado pelo monstro interior e oferece um Bruce Banner mais abobalhado e leve, enquanto empresta certa ingenuidade e doçura ao bestial Hulk.
Colorido e chamativo, o visual da cidade de Sakar remete muito quadrinhos de Jack Kirby (1917-1994), um dos cocriadores do personagem, ao lado de Stan Lee e Larry Lieber. Esteticamente, é o filme da Marvel que mais se aproxima das HQs, principalmente as da chamada Era de Prata (1956-1969), período em que surgiram os personagens mais conhecidos da editora, incluindo Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, Capitão América e X-Men.

Outro elemento que se sobressai é a trilha sonora, assinada pelo multi-instrumentista Mark Mothersbaugh, vocalista e fundador da Devo, banda norte-americana surgida nos anos 1970. Com trabalhos variados no cinema e TV, da série animada Rugrats: Os anjinhos ao filme A vida marinha de Steve Zissou, Mothersbaugh entrega uma sonoridade igualmente eclética, que mescla sintetizadores, orquestra e coral. A mistura sonora de elementos eletrônicos e instrumentos clássicos casa perfeitamente com mistureba de símbolos mitológicos e cultura pop reunidos em Thor.
Se Thor: Ragnarok não revoluciona a fórmula inaugurada pela Marvel Studios em 2008 com Homem de Ferro, no mínimo mostra apuro nesse método e abre um mínimo de espaço para identidade autoral na direção e trilha sonora, o que parece um avanço entre tantos filmes de heróis que raramente mostram deixam traços de liberdade criativa por parte dos realizadores.
Em tempo: o filme tem duas cenas extras, uma no meio dos créditos e outra ao término.
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