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Televisão The walking dead acena à realidade ao investir na união dos oprimidos contra um governo tirano Série entra no clube dos cem episódios com guerra total e o desafio de recuperar prestígio e audiência

Por: Tiago Barbosa

Publicado em: 22/10/2017 11:50 Atualizado em: 22/10/2017 12:02

Série tenta recuperar prestígio na oitava temporada. Foto: AMC/Divulgação
Série tenta recuperar prestígio na oitava temporada. Foto: AMC/Divulgação


Em um cenário com mais de 400 séries lançadas anualmente, chegar a cem episódios é façanha notável. Indica, no mínimo, sinal de vitalidade da trama e capacidade de prender o telespectador diante da abundância de novas ofertas na TV aberta, por assinatura ou nos serviços de streaming. The walking dead (AMC, 2010-) rompe a marca dos três dígitos no início da 8ª temporada, neste domingo, às 22h, mas sem tanto motivo para júbilo: enfrenta queixas quanto ao ineditismo das situações criadas no mundo pós-apocalíptico zumbi enquanto é cobrado para acelerar o ritmo e dispensar a cadência lenta usada para narrar dilemas dos personagens.

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O quesito celeridade deve ser atendido de imediato para dar conta do arco dramático conhecido nos quadrinhos (fonte da TV) como Guerra total - o enfrentamento do arquivilão Negan (Jeffrey Dean Morgan) pelas forças aliadas ao grupo de Rick Grimes (Andrew Lincoln). Os episódios da 7ª fase mostraram uma composição de alianças após um período de resignação absoluta dos protagonistas - construção menos ligeira por se basear tanto em negociação de interesses quanto na exposição do sofrimento infligido por Negan. A necessidade de evidenciar todos os lados do confronto, na 8ª, deve se sobrepor à abordagem exclusiva por episódio de dramas de um único grupo ou personagem. 

A exigência de momentos menos repetitivos, no entanto, é questão mais subjetiva. Ao longo de sete temporadas, TWD ensaiou formas de lidar com a ameaça zumbi e, sobretudo, humana. Perdas e retomadas de liderança, instantes de submissão e insurgências sugeriram um andamento padrão do seriado, baseado na fórmula "risco-perdas-reação-confronto-vitória". Mas o cenário traçado pela nova fase soa distinto porque prevê, pela primeira vez, a articulação conjunta de forças para debelar o inimigo comum após um período de dominação.

O panorama, aliás, suscita paralelos com a realidade sócio-política atual. Desde o início, TWD sempre expôs a conduta individual e de grupos humanos frente a pressões extremas e esgarçamento do tecido social. Agora, o foco é deslocado para a capacidade de reação de minissociedades diante de uma tirania movida por violência fisica e psicológica - dilema de países e minorias de toda ordem em um mundo repleto de muros, intolerâncias e (com a elasticidade do termo) zumbis.

+ Depoimento // O que diz Danai Gurira (a Michonne) sobre a nova temporada:


Danai Gurira, a Michonne: "Luta contra a opressão". Foto: AMC/Divulgação
Danai Gurira, a Michonne: "Luta contra a opressão". Foto: AMC/Divulgação


"Tivemos um final tão poderoso na temporada passada com dor e, então, o triunfo e o todos se unindo. É uma coisa muito poderosa quando você se vê nas garras da opressão ou da tirania e se junta e decide detê-lo. Adoro como isso ecoa através de muitas coisas que vimos - a luta contra o apartheid, a luta pelos direitos civis. Há tantas formas de estabelecer um paralelo com quando as pessoas decidem que já deu e se unem de modos inesperados para encontrar meios de avançar e se livrar da opressão enquanto uma unidade - a unidade. Isso é o que amo sobre o que aconteceu no final da sétima temporada. E veremos como isso se manifestará na oitava. É realmente o poder desta unidade que é atraente e poderoso, para mim"


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A AMC divulgou o nome e as sinopses dos três primeiros episódios da 8ª temporada. A estreia é com Misericórdia, escrito pelo showrunner Scott Gimple, sobre a reunião dos grupos contra Negan, seguido por Os condenados, com foco no desenvolvimento do plano,  e Os monstros, com indagações sobre moralidade. O trailer divulgado pelo canal mostra confrontos e uma misteriosa cena de um Rick envelhecido - um sonho, cogitam os espectadores. A fase será a primeira depois da contratação do criador, Robert Kirkman, pela Amazon - mas o seriado será preservado. Há uma possibilidade de cruzamento - em possível flashback - com o seriado derivado, Fear the walking dead, mas nada é garantido. 

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