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Em Foco Prepara para a histórica inclusão de Anitta Cantora inova ao contratar uma equipe de bailarinos fora do padrão e abre importante debate

Por: Silvia Bessa

Publicado em: 20/10/2017 10:02 Atualizado em: 20/10/2017 11:22

Felipe, portador de Síndrome de Down, subiu ao palco no show do Rio de Janeiro e, juntos, eles dançaram a música Blá Blá Blá. Foto: YouTube/Reprodução
Felipe, portador de Síndrome de Down, subiu ao palco no show do Rio de Janeiro e, juntos, eles dançaram a música Blá Blá Blá. Foto: YouTube/Reprodução

Quem quiser que fale mal ou defenda as roupas, o apelo sexual, o repertório dela, os clipes produzidos, a ascensão internacional, o faturamento de milhões, a onipresença em campanhas publicitárias e declarações da cantora Anitta nas redes sociais. O assunto aqui é outro: a ideia de Anitta de contratar Felipe Rodrigues, portador de Síndrome de Down de  24 anos de idade, para o corpo do balé dela. O anúncio foi feito há poucos dias e tem repercutido. Felipe não é um desconhecido para a estrela: em 2015, ele estava na plateia e Anitta admirou o gingado do rapaz. Convidou Felipe para subir ao palco no show do Rio de Janeiro e, juntos, eles dançaram a música Blá blá blá.

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Em vídeo gravado para o Stories do aplicativo de fotos Instagram esta semana, Anitta filmou Felipe em um ensaio e brincou com ele. “Tá feliz que vai ser meu bailarino novo? Já decorou tudo? A Arielle tá te ensinando direitinho? Está feliz que vai ser dançarino oficial agora? Que ‘mara’, hein? Eu amei”, disse, referindo-se à aula dada pela coreógrafa de sua equipe ao novo integrante. O que há de relevante nesta aquisição? Respondo: a histórica inclusão feita por uma artista do alcance de Anitta. Qualquer argumento no sentido de minimizar o feito, alegando que ela quer forçar a construção de uma imagem politicamente correta, fica menor diante daquilo que tem valor para deficientes e outros cidadãos que compõem grupos de minorias quase invisíveis no Brasil. O que importa é o apoio de uma artista pop de massa, é a luz que ela joga sobre eles.

Felipe, fã conhecido da cantora entre os mais assíduos, participará de um projeto especial que tem sido desenvolvido para algumas apresentações. Ontem, circulou a informação em sites especializados em celebridades que uma dessas aparições será no Prêmio Multishow, na próxima terça-feira, dia 24 de outubro. Nesta exibição, Anitta deve inovar mais ao aparecer dançando com uma equipe de dançarinos fora dos padrões convencionais: além de Felipe Rodrigues, estarão no corpo de baile Camile Rodrigues, de 25 anos, atleta paralímpica da seleção brasileira de natação; Vanessa Abreu, 29 anos, bailarina e cadeirante; Beatriz da Rocha Ribeiro, de 52 anos, dona de casa; e Felipe Campus, de 33 anos, bailarino e modelo plus size - este, corroborando estratégia anterior dela de contratar bailarinas plus size, como Thaís Carla, que integra o elenco fixo de Anitta. Pelo terceiro ano consecutivo, Anitta lidera as indicações do Prêmio Multishow concorrendo desta vez em seis das oito categorias. Entre elas, a de melhor cantora, melhor clipe e melhor música.

Imagino que a esta altura, detalhando todos os planos de Anitta, o leitor deve estar pensando ser eu, a redatora, uma fã fervorosa da cantora. Longe disso, sequer conheço uma música inteira dela, mas tenho informações sobre o potencial de alcance e, por isso, vou passar a acompanhá-la com mais atenção. Sou, na verdade, uma fã de quem pensa na inclusão de forma ampla. E Anitta incluiu Felipe rebolando com ele publicamente, como faria com qualquer outro fã, reconheceu as habilidades do rapaz e resolveu fazer diferença ao inovar com inclusão sem retórica, na prática. Ontem, li o colega jornalista e escritor Jairo Marques - que é da Folha de São Paulo e com quem tenho alguma aproximação e muita admiração na sua jornada pela disseminação de temas sobre inclusão - fazendo uma análise muito precisa sobre as contratações de Anitta.

Sobre a cantora, Jairo destacava a capacidade dela em atingir o público jovem e adolescente e dizia que “em uma rebolada a cantora pop Anitta, expoente máximo de sucesso na atualidade, conseguiu fazer um golaço pela inclusão”. Porque é fato, continua Jairo, que também é cadeirante, “Anitta dá uma injeção de autoestima, de ânimo e de motivação tanto em pessoas com deficiência como em ‘serumano’ comum que se nega a ser mais inclusivo, em abrir portas de oportunidade para a diversidade.” Endosso todo o pensamento dele. Aplaudo porque acho que Anitta usou a ousadia dela para o bem. Quem puder que faça a sua parte também.

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