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Cinema Megalomania pernambucana é tema de filme com muita 'greia' e 'arriação' Afinal, de onde vem a mania de grandeza dos pernambucanos?

Por: Alef Pontes

Publicado em: 06/10/2017 15:04 Atualizado em: 05/10/2017 22:47

Pernambuco ocupa um terço do planeta na arte do documentário. Foto: Luci Alcântara/Divulgação
Pernambuco ocupa um terço do planeta na arte do documentário. Foto: Luci Alcântara/Divulgação

"Eu voltei agora, com tudo". A frase introdutória é da cineasta e produtora pernambucana Luci Alcântara, nome à frente da produção de O melhor documentário do mundo, longa que se propõe a abordar, com muita "greia" e "arriação", em bom pernambuquês, a megalomania alimentada pelo bairrismo dos filhos do estado. Em produção há cerca de nove anos, entre diversas pausas por questões logísticas e uma eterna busca por financiamento, o "documédia", como define, volta a ser rodado neste semestre.

O longa, que teve diversas pausas em seu processo, foi iniciado em 2009, e, segundo Luci, tem 70% de seu trabalho realizado. A aproximação da marca dos dez anos de produção de O melhor documentário do mundo é uma sombra que preocupa a diretora, que realizou outras duas obras nesse meio tempo (JMB, o famigerado e Geração 65: Aquela coisa toda): "Eu não quero chegar aos dez anos de realização, por isso, vou lançar, de certeza, no próximo ano".

Segundo explica, a abordagem do documentário é feita de maneira propositalmente cômica. "Eu não minto para ninguém. Até os intelectuais, muito sérios, que aceitaram participar entraram sabendo que era greia". "Eu acho engraçado que a gente tem que ser o centro da gente mesmo", se diverte a autora, que teve a ideia enquanto passava uma temporada nos Estados Unidos e se deparou com o choque cultural sobre o olhar que cada lugar tem para si. O filme é uma grande tiração de onda sobre essa maneira única que só os pernambucanos têm, garante: "A gente greia com os amigos e manga dos inimigos."

Além da interação dos artistas com a diretora durante as entrevistas, o filme conta com cenas dirigidas e animações. Em uma das situações, Carlos Fernando e Ortinho se encontram na Feira de Caruaru para mostrar a "maior feira do mundo, única que vende 'de tudo' que há no mundo". Entre os trechos animados, um alpinista escala com muito esforço o Monte Everest e, ao chegar próximo ao topo, se depara com uma cena inusitada: um passista de frevo se joga nos passos para celebrar o fato de ter alcançado o marco antes. Na imagem de divulgação do filme, o estado de Pernambuco ocupa um terço do mapa-múndi, ilustrando bem a megalomania de seu povo.

"O mais sensacional são as histórias dessas pessoas, eles falam da parte lúdica, essas besteiras engraçadas que fazem a gente 'mangar'", diz, em bom pernambuquês. Em uma das tiradas do projeto, Luci realiza uma enquete com perguntas que buscam explorar essa mania de grandeza, como a questão filosófica-cultural "O pernambucano tem mais raiz ou antena?", sobre a dicotomia entre tradição e vanguarda da cultura local.

"O que eu queria mesmo é que o espírito humorístico nos fizesse deixar de lado essa dicotomia insuportável que vivemos aqui", comenta, sobre a repercussão do momento político e econômico do país nas interações sociais. No filme, todos os artistas têm suas facções, mas o humor une os povos", atesta Alcântara. A cineasta lembra que, dos convidados que prestaram depoimentos, 12 não puderam chegar a ver o processo de finalização. Nomes como Naná Vasconcelos, Carlos Fernando, Geneton e Maria Carmen eternizaram suas opiniões no filme.

Se, no filme, todo o sentimento de bairrismo dos pernambucanos é tratado com irreverência, o acervo histórico e cultural que justificam a identificação arraigada será apresentado em um livro, a ser divulgado juntamente ao filme: O maior almanaque do mundo. Nele, a pesquisa iconográfica e documental realizada para a produção cinematográfica mostra o pioneirismo do estado em diversas ações.

Assista ao teaser do filme:



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