Música

Linn da Quebrada e Rincon Sapiência marcam tom político do Coquetel Molotov

Os shows dos paulistas contaram com participações de Nega do Babado e Lia de Itamaracá

Publicado em: 22/10/2017 13:33 | Atualizado em: 18/05/2020 18:25

Linn da Quebrada e Rincon Sapiência com Lia de Itamaracea (Foto: Silla Cadengue e Tiago Calazans/Divulgação)
Linn da Quebrada e Rincon Sapiência com Lia de Itamaracea (Foto: Silla Cadengue e Tiago Calazans/Divulgação)


Comparado ao ano passado, a edição do No Ar Coquetel Molotov deste sábado (21) contou com melhorias em diversos pontos, como menos filas e ausência de tumultos. A mudança para o Caxangá Golf & Country Club foi uma forma de comportar um grande número de pessoas e montar três palcos - além do Som na Rural - com programações destinadas ao público alternativo. Os intervalos entre os shows foram curtos e as apresentações foram pontuais. Uma similaridade com a edição de 2016 foi o tom político que alguns artistas deram aos seus shows. Neste sentido, destacaram-se Linn da Quebrada e Rincon Sapiência. Arnaldo Baptista, DIIV, Luiza Lian e O Terno foram as outras atrações do Palco Velvet.

A MC Linn da Quebrada mostrou todo o ativismo LGBT de suas músicas ao mesmo tempo em que colocou público para dançar. Seus discursos eram centrados na exaltação das mulheres transexuais: “Nós merecemos aplausos por um motivo: estamos vivas!”, disse, sendo posteriormente ovacionada. A artista explorou o repertório de seu álbum de estreia, Pajuba (2017), quase por completo, incluindo Bomba pra caralho Enviadescer. A canção Bicha preta quase ficou de fora do setlist, mas foi incluída de última hora a pedido do público momentos antes das cortinas se fecharem.

“É hora de cantar o hino de Pernambuco”: foi assim que Linn anunciou a entrada de Nega do Babado. Juntas, elas apresentaram Milkshake, canção da pernambucana que foi um grande sucesso do brega durante os anos 2000 e é presente em festas da cidade até hoje. O coro do público foi inevitável. Outra artista local que subiu no Palco Velvet para fazer uma participação especial foi Lia de Itamaracá, que cantou junto com o rapper Rincon Sapiência durante a música Moça namoradeira - um rap que utiliza sample do clássico da cirandeira. Durante o dueto, parte do público montou uma grande ciranda.

Energético e carismático, o paulista pode mostrar seus versos rápidos para o Recife pela primeira vez, animando bastante o público. O show do rapper, assim como seu disco (Galanga livre), foi uma imersão na cultura negra, mesclando o rap com outros ritmos afrodescendentes e abordando o empoderamento negro. Além de apresentar canções como Crime bárbaroA coisa tá preta e Meu bloco, ele chegou a improvisar algumas rimas. Em outro momento, o rapper puxou um "Fora, Temer". O ápice do show foi no encerramento, quando ele cantou a dançante Ponta de lança (Verso livre), o maior sucesso de sua carreira até então.
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