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Quadrinhos HQ dos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá adapta conto de Neil Gaiman 'Como falar com garotas em festas' narra as estranhezas juvenis nos primeiros relacionamentos misturado à ficção científica

Por: Rebeca Oliveira - Estado de Minas

Publicado em: 01/10/2017 15:06 Atualizado em:

A HQ adapta um conto de 2007, de Neil Gaiman. Foto: Fábio Moon e Gabriel Bá/Reprodução
A HQ adapta um conto de 2007, de Neil Gaiman. Foto: Fábio Moon e Gabriel Bá/Reprodução

É praticamente impossível encontrar um entusiasta de histórias em quadrinhos que não se empolgue ao analisar a trajetória de Neil Gaiman. Autor de várias histórias adaptadas para o formato e reconhecido pela capacidade de passear com brilhantismo por diferentes plataformas (incluindo tevê, cinema e teatro), o inglês fez fama ao publicar obras como 1602, Coraline, Deuses americanos e a série The Sandman. Teve enorme contribuição para o reconhecimento do potencial artístico do gênero narrativo. Um trabalho parecido com o que fazem os gêmeos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá.

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A dupla ficou sem fôlego diante de um convite recebido há cerca de três anos. Estavam no último ano de produção de Dois Irmãos (adaptação de obra homônima de Milton Hatoum) quando foram surpreendidos por uma proposta irrecusável de Diana Schutz, editora da Dark Horse, um dos maiores selos americanos de HQs. O convite era audacioso. E eles toparam. O resultado foi a versão da dupla de Como falar com garotas em festas. Escrito por Neil Gaiman em 2007, o conto narra as estranhezas juvenis nos primeiros relacionamentos misturado à ficção científica.

“Achávamos que Dois irmãos seria nossa última adaptação, mas esse tipo de convite é irrecusável”, comenta Gabriel Bá. “Fizemos o roteiro com rascunhos das páginas sendo feitos ao mesmo tempo em que o texto final era escrito”, emenda, sobre o processo produtivo. “A Diana e o Neil Gaiman nos deram liberdade para fazer a adaptação à nossa maneira, mas tinham que aprovar todas as partes do processo. Aprovaram o roteiro, depois íamos mostrando as páginas, depois aprovaram a capa e, por fim, foram vendo as páginas coloridas com aquarela”, relembra Fábio Moon.

O ilustre terceiro elemento - Fábio e Gabriel já estavam acostumados a trabalhar juntos - não atrapalhou a dinâmica dos irmãos, vencedores do Prêmio Eisner, uma espécie de Oscar das tirinhas em 2011 e 2016. “É muito importante confiar que você e a pessoa com quem você está colaborando estão em sintonia, que querem a mesma coisa”, conta Fábio Moon. O mercado nacional e internacional aguardava com ansiedade a versão de Como falar com garotas em festas. A mesma expectativa se dá em torno de The umbrella academy. A HQ, uma parceria de Gabriel Bá e Gerard Way, vocalista da banca My Chemical Romance, vai se transformar em uma série de 10 episódios com produção da Netflix. A previsão é de que a live action esteja pronta no ano que vem.

Entrevista Gabriel Bá e Fábio Moon
 
Como adaptar um conto tão conhecido do público para uma HQ?
Gabriel Bá - Quando fazemos uma adaptação, procuramos manter o que gostamos mais do original, que tem a ver com a maneira como o Neil Gaiman usa as palavras, a cadência das frases, o ritmo do diálogo, e então procuramos usar as ferramentas das HQs para contar essa história da melhor maneira possível visualmente. Por mais conhecido que seja o conto, muita gente não leu. O quadrinho precisa funcionar sozinho, como uma boa HQ, independente do original. 
Fábio Moon - Mesmo em prosa, o Neil Gaiman é um escritor muito visual, então um dos desafios da adaptação é tentar traduzir esse visual em imagens que mantenham o charme da história, e misturar com elementos visuais que acrescentem uma nova camada de significado.

Que tipo de características atribuíram às tirinhas? Cores, luz, texturas, clima?
Fábio - A Diana tinha visto nosso livro sobre São Luís que fizemos para a série Cidades Ilustradas, todo colorido em aquarela, e propôs que fizéssemos a adaptação dessa maneira. Existe um lirismo na aquarela, uma leveza, uma poesia que combina com a história, combina com essa sedução pela pessoa desconhecida, e então pensamos a história já com a aquarela na cabeça.

Ainda é o mercado estrangeiro que os ajuda a pagar as contas no fim do mês?
Fábio - Sim. Essa realidade de que vivemos de quadrinhos, que sei que é uma exceção para a maioria dos quadrinistas, existe porque fomos atrás de um espaço no mercado estrangeiro, principalmente nos Estados Unidos.
Gabriel - A ideia sempre foi produzir quadrinhos e torcer para que seu livro seja publicado em vários países. Depois que o livro foi publicado, não importa mais em qual país ou língua ele saiu primeiro.
 
Serviço
Como falar com garotas em festas
De Fábio Moon, Gabriel Bá e Neil Gaiman. Quadrinhos na Cia, 80 páginas. Preço: R$ 44,90.

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