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TV 'Eu tinha uma relação de submissão com a Globo e fazia o que me ofereciam', diz Maitê Proença, sobre atual momento da carreira Atriz está na segunda temporada de Me Chama de Bruna, exibida aos domingos, no canal Fox

Por: Fernanda Guerra - Diario de Pernambuco

Publicado em: 28/10/2017 14:03 Atualizado em:

Maitê Proença vive apresentadora Miranda na sequência da série. Foto: Fox Premium/Divulgação
Maitê Proença vive apresentadora Miranda na sequência da série. Foto: Fox Premium/Divulgação

 Rio de Janeiro - A vida de Raquel Pacheco, também conhecida como Bruna Surfistinha, já ganhou espaço no cinema, em filme protagonizado por Deborah Secco, na literatura, com o livro O doce veneno do escorpião, e, na televisão, em série estrelada por Maria Bopp. A segunda temporada de Me chama de Bruna é exibida aos domingos, às 21h45 (horário do Recife), na Fox, e aprofunda a relação de Raquel com o mundo da prostituição. Nos oito novos episódios, surge pela primeira vez o codinome Bruna Surfistinha, quando a visibilidade da garota de programa é ampliada. "A segunda temporada é mais complexa no sentido de aprofundar o conflito de Bruna. A primeira está concentrada na descoberta da sexualidade dela, enquanto a nova aborda o conflito entre ser Raquel e ser Bruna", adianta a atriz Maria Bopp, em entrevista ao Viver.

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Ex-continuísta e sem formação cênica, a atriz estreou na televisão neste papel. Para a construção da personagem, leu duas vezes a biografia e se aproximou de Raquel, de quem se tornou amiga. "Encontrar minha Bruna, na verdade, foi encontrar intersecções que essa personagem tem em mim. Minha descoberta de sexualidade, com o corpo, com o sexo. Porque todos nós temos os nossos tabus, os nossos pudores, os nossos medos", narra a atriz. Mesmo com pouca experiência na frente das câmeras, Maria não se intimidou em viver uma história repleta de cenas de sexo e nudez. "No set, é um ambiente tão profissional que eu não tenho pudor. Um corpo é um corpo. Não tenho nada a esconder", justifica.

Para Maria, a dificuldade está nas cenas de violência sexual. "A gente fala sobre abuso, estupro, que é recorrente no universo da prostituição e no da mulher. Fico preocupada em não 'fetichizar' cenas assim. Essa é sempre uma preocupação, de mostrar que aquilo é uma atitude condenável. Ele tem que ser encarado como criminoso", analisa. Em alguns aspectos, a primeira temporada pode ser vista como mais densa, sobretudo na cenografia, já que o ambiente do privê era mais pesado. A segunda pode ser encarada como mais solar por apresentar alguns momentos de diversão da personagem e um certo glamour, já que Bruna estará em uma das melhores casas de prostituição de São Paulo.

A atriz Maitê Proença é a principal novidade da sequência. Após 30 anos da Globo, a paulista estreia em outro canal na pele de Miranda, uma jornalista sensacionalista e lésbica que se relaciona com Bruna. “Essa é uma história ficcional. Existe o afeto e o desejo, mas, para ambos os lados, é uma relação de interesse. A Bruna quer ser famosa. Quando percebe que a Miranda é lésbica, ela usa o poder de sedução”, detalha Maria. O Viver visitou o set de filmagens e acompanhou a gravação. Em uma das cenas, Miranda e Bruna conversam em uma boate e, a partir daí, inicia-se o jogo mútuo de interesse e sedução entre as duas. Bruna fala sobre prostituição na tevê, enquanto Miranda quer vasculhar o lado privado da garota. Não há cenas de sexo. “São mais sugeridas”, define Maria.

A repórter viajou a convite da Fox

Entrevista - Maitê Proença // atriz e escritora

"Eu tinha relação de submissão e fazia o que me ofereciam"

Após 30 anos na Globo, o que te fez dizer sim para o convite da Fox em participar da série?
Eles me sugeriram. Eu estava em contato com a Fox por conta de um projeto pessoal que ofereci a eles. Eles queriam que eu fizesse a Bruna Surfistinha e eu queria fazer meu projeto pessoal. Aquilo está sendo estudado. Eu examinei o produto e achei surpreendentemente bem escrito. O filme foi mais para o público adolescente. A série tem a pegada mais adulta. Não adulta no sentido do sexo. Mas o personagem tem uma duplicidade, tem uma vida interior, um conflito. É interessante. Gostei do meu personagem. Tem os momentos de alta dramaticidade. Isso é diferente de novela, que tem uma competição de lágrimas, é uma coisa de exibir virtuosismo através das lágrimas. Aqui tem uma opção de não ter excesso, essa gordura do dramalhão, mas, sim, uma pegada de roteiro bem escrito que sustenta a história e faz com que isso seja desnecessário.

Você interferiu no roteiro?
A gente conversou para que fosse possível fazer.

O fato de ser uma mulher gay incentivou?
O fato de ser uma mulher gay faz com que ela tenha um envolvimento com a personagem central. Ela tem um interesse também sexual pela personagem. Tem profissional, mas tem sexual. Isso enrique a relação. Porque fica mais complicada. Ela abre o aspecto privado de Bruna. Bruna queria contar as relações dela com os homens. Mas Miranda vai investigar quem é essa pessoa antes da prostituição. E Bruna não queria se abrir. Depois elas começam a se relacionar. Esse duplo interesse está presente desde o início, mas elas não revelam.

Como enxerga a história de Bruna Surfistinha?
Essa menina conseguiu uma coisa interessante. A história dela só tem três anos de prostituição. Ela resolveu contar a história dela e tem uma coisa a mais. A prostituição é a profissão mais antiga do mundo. Ela faz sexo porque gosta. Não é uma pobre coitada, que vira garota de programa para sustentar a família. “Eu vivia bem, fui adotada por uma família que me queria bem, mas, como adolescente, resolvi dar…”. Acho interessante você mostrar esse tipo de possibilidade.

Fora da Globo, como está esse momento da carreira?
Eu tinha uma relação de submissão. Eu fazia os produtos que eles me ofereciam. Agora eu tenho um momento diferente. Todas as novelas que protagonizei na minha vida, era um momento em que televisão era praticamente o único entretenimento do Brasil. A TV oferecia muito de diversão. Então as pessoas endeusavam quem estava na televisão. Os personagens eram completamente centrais. A gente era assim. A história central dominada muito. Eles viam a Maitê Proença todos os dias. A gente oferecia o céu. As TVs a cabo viraram uma opção real porque você seleciona o que quer ver. E tem a internet. De certa forma, é o momento mais interessante para estar livre da relação de exclusividade.

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