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Cênicas Africanidade, racismo, identidade e história são tema de festival de teatro gratuito Espetáculos do Brasil, da Alemanha, Suíça e Itália estão na programação do Festival de Teatro do Agreste

Por: Matheus Rangel

Publicado em: 18/10/2017 13:05 Atualizado em:

Stand up comedy Black Off aborda estereótipos racistas. Foto: Júnior Aragão/Divulgação
Stand up comedy Black Off aborda estereótipos racistas. Foto: Júnior Aragão/Divulgação


Profissionais das artes cênicas e espetáculos da Bahia, do Rio de Janeiro, de Alagoas, São Paulo, da Alemanha, Suíça e Itália desembarcam em Pernambuco para o Festival de Teatro do Agreste (Feteag). É para o continente africano que estão voltados todos os olhares nesta 27ª edição do evento, cujo intuito principal é debater acerca dos diversos elementos correlacionados ao tema Africanidades, como preconceitos, identidade, a relação entre branquitude e negritude, ancestralidade e história.

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A programação completa, que abarca palestras, workshops, debates, seminários e oficinas - todos com acesso gratuito -, se estende até o dia 29 de outubro no Recife e em Caruaru, ocupando não apenas teatros, mas também espaços alternativos com o objetivo de tornar a arte mais acessível. O itinerário de peças pela capital do estado começa nesta quarta-feira, com Black off, da África do Sul, às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho (Cais do Apolo, 142, Bairro do Recife).

O produtor e curador do Feteag, Fábio Pascoal, explica que a organização precisou driblar as barreiras financeiras para entregar um evento de dimensão internacional. "Fomos aprovados no Funcultura com festival de porte nacional, mas quisemos ser ousados e o fomos ao transformá-lo em um festival internacional, com espetáculos de diferentes países chegando em Pernambuco", diz.

Com a crescente onda do conservadorismo e a prática de censura aos movimentos artísticos, para Fábio, o Feteag se configura como espaço de resistência. "Acho que esse é um grande momento para artistas. É hora de ir encontro a isso, da gente se rebelar contra a carga conservadora na qual as pessoas estão embarcando, inclusive por engano. Muitas o fazem de forma inconsciente", reflete ele. E completa: "É hora de ter força e não recuar, confrontar e mostrar como se faz".

Em Caruaru, haverá apresentações na Associação dos Moradores do Alto do Moura, na Praça Central do Povoado de Riacho Doce e até em uma residência, cujo endereço será revelado na hora. "Uma das nossas preocupações foi levar os espetáculos a esses lugares que raramente tinham acesso ao teatro para difundir e ampliar o debate", comenta Fábio.

Primeiros dias 

Quarta-feira (18)
Black off (às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho)
Espetáculo para maiores de 18 anos combina stand up comedy e show de rock, além de abordar estereótipos racistas. A atriz Ntando Cele assume o alter ego Bianca White, uma comediante sul-africana que acredita saber tudo sobre negros no mundo inteiro. A peça tem legendas em português. 

Quinta-feira (19)
Le cargo / A carga  (às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho)
Ator do Congo, Faustin Linyekula é conhecido por contar histórias de corpos e destinos violentados. No espetáculo, ele fala sobre memórias corporais sem a utilização de palavras, por meio de "danças proibidas". 

Sexta-feira (20)
Amêsa (às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho)
Atriz natural de Angola e radicada no Brasil, Heloísa Jorge protagoniza o espetáculo que incorpora o texto Amêsa ou a canção do desespero, de autoria do dramaturgo angolano José Mena Abrantes. De forma poética, conta um século da história de Angola pela perspectiva do feminino.

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