Televisão Sem Game Of Thrones ou favoritos, Emmy acirra disputa entre TV tradicional e streaming Premiação escolhe os melhores da televisão mundial com cardápio variado de séries

Por: Tiago Barbosa

Publicado em: 17/09/2017 18:49 Atualizado em: 17/09/2017 18:56

The handmaid's tale, Westworld, Stranger Things e Better Call Saul: disputa acirrada. Fotos: Hulu/HBO/Netflix/Divulgação
The handmaid's tale, Westworld, Stranger Things e Better Call Saul: disputa acirrada. Fotos: Hulu/HBO/Netflix/Divulgação


A observação da lista de indicados ao Emmy de 2017, o principal reconhecimento para produções da televisão internacional, despertou interesse, sobretudo, pela ausência: sem tempo hábil para se inscrever, a série Game of thrones (HBO) ficou de fora da disputa e desequilibrou o acirrado embate de mercado e de hábitos de consumo travado em anos recentes entre a TV convencional e os serviços de streaming. Não se trata de uma falta desprezível. Recordista de estatuetas no prêmio, o drama de fantasia quebrou marcas na sétima e penúltima temporada exibida neste ano, tanto na audiência formal quanto nos mais de um bilhão de visualizações em canais ilegais pela internet. Sem o concorrente de peso e vencedor de 2016, a briga pelo osto de Melhor Série de Drama e pelo pódio final da premiação ficou incerta - apesar de a HBO permanecer à frente do número de indicações.

O canal da TV fechada recebeu 111 nomeações em 2017 (contra 94 no ano anterior) e já abocanhou oito prêmios nas categorias técnicas na semana passada. A movimentação mais impressionante, no entanto, ocorreu no campo do streaming. Sob a turbulência da desconfiança pelo cancelamento recente de séries como Sense8, The get down e Girlboss (interpretado como adequação da empresa ao limite criativo e rigor financeiro do mercado), a Netflix quase dobrou o número de premiáveis. Passou de 54 para 91 e desbancou o FX do segundo lugar obtido em 2016 enquanto a Amazon manteve as 16 indicações do ano passado e o Hulu (indisponível no Brasil) registrou admiráveis 18 menções - entre elas, a inclusão de The handmaid's tale entre as séries dramáticas finalistas.

A categoria é dominada pelas produções provenientes da TV pela internet - cinco das sete concorrentes - e se divide entre tramas de contornos social e familiar (Better call Saul, The handmaid's tale e This is us, da NBC, responsável por reconduzir a TV aberta à contenda após seis anos), político e biográfico (House of cards e The crown, atual vencedora do Globo de Ouro), sobrenatural e de ficção científica (Stranger things e Westworld). No segmento da comédia, o predomínio se inverte - e as únicas representantes do streaming entre as sete candidatas são Master of none e Unbreakable Kimmy Schmidt, ambas exibidas pela Netflix.
Em paralelo à disputa pela primazia entre o conteúdo das produções e os canais de TV, a 69ª edição do Emmy se mostra racialmente diversa ao tornar premiáveis 23 atores e atrizes não brancos, número superior ao registrado no ano passado (21) e realidade bem diferente da observada em premiações como o Oscar - acusada de privilegiar pessoas brancas entre os indicados, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas tem adotado ações para ampliar a representatividade de negros,
mulheres e latinos.

Game of thrones: de fora da premiação. Foto: HBO/Divulgação
Game of thrones: de fora da premiação. Foto: HBO/Divulgação


A valorização por gênero, por enquanto, ainda se resume ao binômio homem e mulher - mas não seria de se estranhar a possiblidade futura de extinguir a divisão frente ao avanço da visibilidade de pessoas LGBTQ, como fez o VMA Music Awards recentemente. A premiação televisiva também promove uma renovação em relação à frequência de profissionais indicados: são 31 atores e atrizes concorrentes à estatueta pela primeira vez - entre eles, Claire Foy (intérprete da rainha Elizabeth II em The crown).

+ DRAMA
A ausência de GoT tornou impossível cogitar um vencedor. Apontada como sucessora no canal, Westworld (HBO) reúne elenco imponente (com Anthony Hopkins) e apresenta trama crítica à desumanização. A vencedora do Globo de Ouro, The crown, faz reconstituição segura e pomposa do reinado longevo da rainha Elizabeth II, com olhar sobre os conflitos matrimoniais e políticos inerentes ao cargo. Trejeitos da majestade são reprisados com talento por Claire Foy. House of cards (Netflix), apesar da acidez da temporada, esbarra na concorrência da própria política dos EUA, enquanto Better call Saul (Netflix) mantém a carga psicológica na autossabotagem provocada pelo personagem de Bob Odenkirk - tom mais novelesco é visto em This is us. A projeção do time de atores e o sabor nostálgico oitentista dão chance a Stranger things. A surpresa, positiva, fica com The handmaid's tale e uma sociedade distópica dentro da qual as mulheres são subjugadas - analogia inequívoca com a sociedade contemporânea.

ATUAÇÃO
A iminência do término (acaba em 2018 após sete temporadas) deve consagrar a cômica Veep (HBO) e a atriz Julia Louis-Dreyfus, multipremiada com uma dezena de Emmys. Na categoria principal de drama, Claire Foy era a favorita depois de vencer o Globo de Ouro pela interpretação da rainha Elizabeth II, mas a condição ficou ameaçada com a atuação de Elisabeth Moss em The handmaid’s tale - já indicada outras seis vezes pela atuação em Mad men. Carrie Fisher, morta em 2016, é a única nomeada de forma póstuma, como Atriz Convidada em Série Cômica. Entre os homens, a ausência sentida é a de Rami Malek (Mr. Robot, do USA), único vencedor do ano passado excluído da relação de 2017. O ator Bob Odenkirk pode sair vitorioso pelo advogado inescrupuloso e afetuoso de Better call Saul. O desempenho de Sterling K. Brown em This is us, no entanto, tem sido considerado páreo na disputa - sem esquecer a presença sempre relevante de Anthony Hopkins por Westworld.

Veja a evolução das indicações:





SERVIÇO
A apresentação da cerimônia, em Los Angeles, será feita por Stephen Colbert (The late show with Stephen Colbert, vencedor do Emmy), a partir das 20h (horário do Brasil). A transmissão no país será feita pelo canal TNT.

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