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Cinema Disponível na Netflix, comédia francesa surpreende ao narrar relação entre adolescente e balzaquiana Distante das fórmulas gastas de Hollywood, '20 Anos mais Jovem' lança olhar fresco sobre um tabu antigo

Por: Fellipe Torres - Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/09/2017 16:13 Atualizado em: 11/09/2017 16:18

Filme foi lançado originalmente em 2013. Foto: Netflix/reprodução
Filme foi lançado originalmente em 2013. Foto: Netflix/reprodução

A trama simples da comédia romântica francesa 20 anos + jovem (2013), disponível na Netflix, engana o espectador acostumado às fórmulas gastas de Hollywood. O relacionamento improvável entre uma mulher de quase 40 anos focada na carreira e um rapazote universitário encantado com as possibilidades de se namorar com uma balzaquiana conduz o filme. Contudo, o olhar fresco sobre um tabu antigo torna o longa agradável, o distanciando da maioria das comédias românticas e o aproximando, talvez, a uma dramédia. 


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A protagonista, Alice (Virginie Efira), está disposta a tudo para crescer na carreira de editora de revista de moda. Em uma sociedade acostumada a louvar o viço da juventude e a fechar os olhos para as falhas comuns aos indivíduos de pouca idade, ter 38 anos parece ser algo a se envergonhar. Uma alternativa é agir dispensando a maturidade adquirida e buscar para si um pouco desse olhar condescendente para com os jovens.


É quando Alice inventa um affair com um garoto de 18 anos somente para melhorar sua imagem. Com Balthazar (Pierre Ninay) a tiracolo, ela se sente mais segura para competir com mulheres mais jovens, com quem disputa na profissão. Engatando uma mentira à outra, Alice se deixa levar pela empolgação do garoto e passa a, de fato, sentir-se atraída por ele, justamente devido a alguns dos atributos valorizados pelo inconsciente coletivo, como a espontaneidade e a ousadia. Divorciada, ela transa com o adolescente e se vê diante de uma situação com a qual não sabe lidar: logo quando havia decidido por dispensá-lo, Balthazar passa a ser solicitado cada vez mais pelos pares de Alice, agora não somente como um acompanhante mas enquanto protagonista de sua própria juventude.


É interessante como o filme, embora de propósito leve e a princípio sem grandes ambições, presta-se a fazer uma crítica social bem amarrada em vários personagens. A visão hedonista da sociedade é representada pelos chefes de Alice, ao endossarem o elemento da juventude como algo primordial. Aliado a isso, um outro núcleo de personagens reforça o elemento machista presente nessa ideologia - o pai de Balthazar namora uma ex dele. Sem enxergar o ridículo da própria situação, com sua crise de meia-idade e carros velozes, o homem encontra um semelhante no próprio ex-marido de Alice. Ele também se relaciona com uma garota bem mais jovem, considera a situação normal e, ao mesmo tempo, condena o affair dela com Balthazar.


Embora previsível, o desfecho do longa não desagrada. Se enxergadas além do final feliz, as cenas finais podem servir como alerta: cuidado com as demandas sociais enfiadas goela abaixo. Elas podem se realizar.



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