Decepção, raiva e negação de pai de garoto com Down são tema de peça Com um quarto de século de trajetória, Cia. Atores de Laura volta ao Recife em curta temporada

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 07/09/2017 17:18 Atualizado em:

Ator Charles Fricks recebeu vários prêmios. Foto: Dalton Valério/Divulgação
Ator Charles Fricks recebeu vários prêmios. Foto: Dalton Valério/Divulgação


Não são muitas as companhias teatrais brasileiras que chegam aos 25 anos de existência com reconhecimento nacional e o mesmo elenco ao longo de toda a sua trajetória. É o caso da Cia. Atores de Laura, que volta ao Recife com dois espetáculos: O filho eterno, com apresentações desta quinta-feira a sábado, às 20h, e O enxoval, em cartaz entre os dias 14 e 16 deste mês, na Caixa Cultural Recife. "É um exercício de aprendizado, renúncia e negociação fazer oito pessoas conviverem durante um quarto de século. Nessas duas peças, a dramaturgia surgiu a partir de experiências reais. Se você consegue colocar reflexão e poesia, essas vivências podem se tornar grandes obras de arte”, avalia o diretor artístico do grupo, Daniel Herz.

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Adaptação do premiado livro de Cristóvão Tezza, já transformado em filme, O filho eterno estreou em 2011 e teve sessões no Recife em 2013. A história mostra um escritor, sustentado pela esposa, que cria uma grande expectativa pelo nascimento do primeiro filho, mas oscila entre a decepção, a raiva e a negação ao constatar que ele tem síndrome de Down. O monólogo com o ator Charles Fricks, premiado várias vezes por seu desempenho, tem como tema a tolerância, discussão central no mundo contemporâneo. "Eu, como diretor artístico, proponho algum tema, autor ou texto específico conectado com nossos momentos. Charles queria fazer um monólogo, veio com esse livro e achei tudo a ver. Acho muito necessário falar sobre isso, porque a ideia de paternidade e maternidade pressupõe a desilusão. Você não controla o que vem, é uma porrada no narcisismo".

Para dimensionar o vazio e da solidão sentida pelo pai, o palco tem o mínimo de objetos cênicos. Uma cadeira e a iluminação são os elementos visuais com os quais o ator contracena. "Charles é um excelente ator cômico, mas ele consegue encenar essa situação-limite e emocionar o público, que imagina todos os lugares onde a ação se passa: a casa, o carro, o hospital, a clínica", afirma Daniel, também encenador da peça.

O enxoval
Na próxima semana, é a vez de O enxoval, dirigido por um dos atores da companhia, Luiz André Alvim, e com Ana Paula Secco e Verônica Reis no elenco. Elas interpretam dois personagens de cerca de 80 anos e também trazem o tema da solidão, mas sob o prisma da velhice. Duas senhoras, Célia, 82 anos, e Amélia, 86 são donas da única Telefônica da. Célia é viúva do irmão de Amélia e espera o noivo, que sumiu e nunca voltou, com o enxoval completo.

SERVIÇO
O filho eterno, da Cia. Atores de Laura. quinta-feira a sábado, às 20h
O enxoval, da Cia. Atores de Laura. De 14 a 16 de setembro, às 20h
Onde: Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (meia)
Informações: 3425-1900

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