TV Calcada no romantismo, novela Tempo de Amar desafia padrões sociais Com casal de protagonistas não conhecidos pelos telespectadores brasileiros, produção tem Tony Ramos, Letícia Sabatella, Nívea Maria e Jayme Matarazzo no elenco

Por: Luiza Maia - Diario de Pernambuco

Publicado em: 26/09/2017 18:04 Atualizado em: 26/09/2017 19:34

Amor de Maria Vitória será disputador por Inácio e Fernão. Foto: João Miguel Junior/Globo
Amor de Maria Vitória será disputador por Inácio e Fernão. Foto: João Miguel Junior/Globo


Rio de Janeiro - Um mergulho no tempo para desembarcar em 1927 foi o fio condutor do processo de preparação para Tempo de amar, novela substituta de Novo mundo, a partir de amanhã, na Globo. A produção de época tem direção artística de Jayme Monjardim e texto de Alcides Nogueira, em parceria com Bia Corrêa do Lago e conta com a colaboração de Tarcísio Lara Puiati e Bíbi Da Pieve, sobre argumento de Rubem Fonseca inspirado em história familiar. Apaixonada, a avó dele deixou a filha (mãe de Rubem e avó de Bia) em Portugal e veio ao Brasil em busca do homem pelo qual era apaixonada quando ele parou de enviar cartas.

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O título abre alas para o romantismo na trama, ambientada entre Portugal, na fictícia Morros Verdes, inspirada em Linhares da Beira, e o Brasil, em locações eternas no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. O casal protagonista,  "Romeu e Julieta dos anos 1920", tem a gaúcha Vitória Strada (Maria Vitória), no primeiro papel na TV, e Bruno Cabrerizo (Inácio Ramos).

Ela é filha do produtor de azeite e vinho José Augusto Correia Guedes (Tony Ramos), rico empresário dono da Quinta da Carrasqueira, enquanto ele ganha o sustento a partir de trabalhos temporários. Maria Vitória e Inácio se conhecem durante as celebrações da Semana Santa, logo no primeiro capítulo, e se apaixonam. O romance resgata preconceitos e amarras sociais do período, após acontecimentos da 1ª Guerra Mundial, no qual casamentos arranjados eram frequentes, e retrata uma mulher forte capaz de fugir para outro país em busca dos próprios sonhos.

"Ela foi criada por aquele pai, viúvo, sozinho, com ajuda da governanta (Letícia Sabatella), mas querendo que ele tivesse mais liberdade do que ele teve. As asas dele eram seguras. Nasceu no século 19. Ela já é do século 20. Esses detalhes são fundamentais quando você lê um texto e vai decorar", esclarece Tony Ramos, sobre decisões como enviar a filha ao convento após descobrir a gravidez dela. Livros como Portugal queirosiano e poemas de Antero de Quental, Fernando Pessoa e Luís de Camões serviram para a imersão do veterano no universo do personagem.

"Todos os personagem que têm atitude bacana, legal, funcionam. Vitória é personagem com atitude. Inácio é um cara humilde, mais simples, espelho de milhões de pessoas por aí. Quando o público se identifica, é um passo para dar certo", diz o diretor. A palavra e o silêncio são trunfos da dramaturgia e chamadas de divulgação apostaram em poemas recitados pelo elenco. "A palavra é tratada com delicadeza e valor, não é jogada fora, tem sentimento. O silêncio fala alto. Os tempos não são corridos. O olhar é forte, frontal. O olhar quer dizer, a palavra quer dizer", assegura Monjardim.

Discussões sobre os direitos femininos são exploradas na trama, concentrada poucos anos antes de poderem votar, a partir de 1932. Eventos históricos como o fim da República Velha, a quebra da Bolsa de Valores de 1929 e Revolução de 1930 estão no enredo, ao qual foram adicionados registros da Cinemateca Portuguesa e fotos do Rio. Entre romance proibido e personagens movidos por desejo e paixão para confrontar estigmas da sociedade, Tempo de amar é uma novela calcada essencialmente no romantismo.

* A jornalista viajou a convite da Rede Globo

QUEM É QUEM

Maria Vitória
Estudada, apaixona-se por Inácio, a quem jura amor eterno. Após a filha com ele ser enviada à adoção e não receber mais cartas de Inácio (porque Lucinda não as envia), ela foge do convento e segue para o Brasil, mas não consegue encontrá-lo logo porque o Empório São Mateus da Lapa, onde ele trabalha, está fechado

Inácio
Embora enamorado por Maria Vitória, mora com a tia Henriqueta (Nívea Maria), mas se muda para o Brasil devido a um emprego. Ganha uma viagem para Portugal do chefe brasileiro, Geraldo (Jackson Antunes), mas é espancado pouco antes de embarcar. Ele fica cego e recebe cuidados de Lucinda (Andrea Horta), mas ela tenta impedir o reencontro dos dois e passar a sensação de que o rapaz morreu.

José Augusto
Empresário, cria a filha com certa liberdade, mas não aceita a gravidez e a envia a um convento, mas acaba viajando ao Brasil atrás dela. Mantém um caso com a governanta Delfina (Letícia Sabatella).

Delfina
Governanta apaixonada por José Augusto, trabalha para a família desde adolescente. Ela tenta convencer José Augusto a reconhecer Tereza (Olívia  Torres), a filha dos dois, e tenta travar o romance de Maria Vitória e Inácio.

Fernão
Filho do médico Álvaro Moniz (Odilon Wagner) e recém-formado no ofício do pai, foi prometido a Maria Vitória, mas o pedido de casamento foi recusado por causa de Inácio e ele nunca se conformou. Ele almeja assumir a Quinta.

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