Denúncia Boate sertaneja Villa Mix vai pagar indenização por barrar negros Mesmo quando havia reserva antecipada, os clientes negros não eram autorizados a entrar

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 26/09/2017 16:53 Atualizado em: 26/09/2017 19:28

A casa de música sertaneja terá que pagar o valor de R$ 60 mil (com juros e correções) a ex-funcionária. Foto: Facebook/Reprodução
A casa de música sertaneja terá que pagar o valor de R$ 60 mil (com juros e correções) a ex-funcionária. Foto: Facebook/Reprodução


A casa noturna Villa Mix, localizada em São Paulo, foi condenada pela Justiça a pagar uma indenização por danos morais a uma ex-funcionária negra. Na ação, ela alega que a casa noturna a obrigava a restringir a entrada de pessoas negras, por não se enquadrarem no perfil do público do local. A informação foi confirmada ao Viver pela assessoria de imprensa do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. 

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A casa de música sertaneja terá que pagar o valor de R$ 60 mil (com juros e correções), além de aviso prévio, 13º salários, férias, depósito de FGTS e adicional noturno. "Ela foi orientada, sob a ameaça de dispensa, a restringir a entrada de pessoas que não se enquadravam no perfil de frequentadores pré-estabelecidos, entre elas as pessoas de raça negra. Mesmo quando havia reserva antecipada, os clientes negros não eram autorizados a entrar", diz trecho da sentença. O caso foi analisado pelo juiz da 21ª Vara do Trabalho de São Paulo Antônio José de Lima Fatia e ainda cabe recurso.

A funcionária trabalhou como hostess e tinha a função de selecionar os clientes na entrada da balada. "Nós recebíamos ordens da diretoria e dos donos nas reuniões em relação a esse perfil que tinha que seguir como pessoas malvestidas, negras e que aparentavam ter baixo poder aquisitivo", afirmou a ex-funcionária, de 26 anos ao site G1. No site da boate Villa Mix, há a informação de que é proibido a entrada de boné, chapéu, gorro, touca, regata, camisa de times e torcidas, mochila, correntes, sandália rasteirinha, tênis feminino, bermuda e calça capri, camiseta de fã-clubes, adereços, cartazes e faixas. A casa é voltada para o segmento sertanejo e localizado na Vila Olímpia. O espaço tem capacidade para 1,4 mil pessoas. 

"A casa repudia qualquer forma de discriminação em virtude de raça, sexo, orientação sexual, identidade de gênero, cor, origem, condição social, idade, porte ou presença, de deficiência e doença não contagiosa por convívio social ou qualquer outra forma de discriminação", diz o texto na descrição institucional no site da casa noturna. O Villa Mix informa ainda que se adaptou ao Termo de Ajustamento de Conduta instituído no dia 29 de julho de 2016 junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo. "Alertamos que a inclusão de nomes na lista não garante o ingresso na casa", afirma. Procurada pelo Viver, a assessoria de imprensa do Villa Mix informou que vai se manifestar através de um comunicado. 

Leia a nota oficial da boate Villa Mix:

"A casa de shows Villa Mix conta com quase 6 anos de atividade, proporcionando diversão e alegria aos seus clientes, sempre agindo em estrito cumprimento às normas e à ética, tratando toda e qualquer pessoa com igualdade. Considerando a veiculação da notícia com o título: "Justiça condena Villa Mix a pagar indenização a ex-funcionária por ter de restringir entrada de negros", pela imprensa e pelas redes sociais, esclarece que a matéria vem sendo divulgada de forma deturpada. Referida sentença foi julgada parcialmente procedente, oriunda de um processo trabalhista, sobre o qual será interposto recurso ordinário e, portanto, passível de modificação no Tribunal. 
A respeito do racismo citado, é importante ressaltar que já houve investigação por órgãos realmente especializados (diferente da Justiça do Trabalho) para apurar eventual crime de racismo ou qualquer tipo de discriminação racial, tais como: membros do Ministério Público Civil e do Trabalho e também pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância - DECRADI, sendo todos os casos concluídos, após vastas investigações, pela inexistência de provas que atestem no sentido de ter existido qualquer prática de discriminação por parte da Villa Mix.
Há de se inclusive ressaltar que a mesma autora que ingressou com a ação alegando prática de discriminação por parte da casa, que supostamente teria lhe causado o dano moral e 'abalo psicológico', que há menos de uma semana, postava fotos em seu Instagram divulgando a marca "Villa Mix". 

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