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Teatro Ator e humorista Paulo Gustavo volta a apresentar Minha mãe é uma peça no Recife Com ingressos esgotados, a montagem volta a trazer a icônica personagem Dona Hermínia ao Teatro Guararapes

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 01/09/2017 14:33 Atualizado em: 01/09/2017 13:50

'Minha mãe é uma peça' volta ao Recife com cenário e figurino repaginados. Crédito: Míddia Assessoria/Divulgação
'Minha mãe é uma peça' volta ao Recife com cenário e figurino repaginados. Crédito: Míddia Assessoria/Divulgação

O Brasil parece não se cansar de Dona Hermínia. Protagonista no teatro, cinema e até em comerciais, a personagem criada por Paulo Gustavo volta ao Recife após três anos no espetáculo Minha mãe é uma peça, que já se apresentou na capital pernambucana três vezes. As tiradas da mulher de meia-idade às voltas com a sensação de ninho vazio, ao ver os filhos já crescidos, seguem como sucesso inabalável, tanto que as apresentações desta sexta e sábado no Recife estão com ingressos esgotados.

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Em meio ao reconhecimento do público e a sua migração para o TV e o cinema com outros personagens, Paulo Gustavo afirma não se cansar nunca de Dona Hermínia, inspirada diretamente em sua mãe, Dona Dea, que também virou celebridade. A relação entre pais e filhos é um assunto que tem o potencial de tocar uma parcela enorme do público e, em entrevista ao Diario, o ator comenta a projeção conseguida por ele a partir do sucesso da peça, sua relação com a personagem, as mudanças sofridas pelo espetáculo ao longo dos anos e a importância do teatro em sua carreira.

Dona Hermínia já virou até garota-propaganda e o personagem é um sucesso. Quando você criou a personagem, imaginou que  teria toda essa projeção?
Quando escrevi Minha mãe é uma peça, há 13 anos, já tinha certeza de que daria certo porque eu imitava minha mãe dentro de casa, para meus amigos, e todo mundo morria de rir. Eu ia fazer uma participação na peça Surto e Fil Braz, que mais tarde me ajudou a escrever o roteiro dos filmes, disse pra mim: ‘Paulo Gustavo, você imita tão bem sua mãe, sua avó. Por que você não faz isso no espetáculo’? Fui pra casa da avó de Samantha Schmutz e começamos a escrever um esquete de 4, 5 minutos. Foi um sucesso e fiz essa participação por dois meses. Depois, fiz Infraturas, com Fábio Porchat, e ficamos em cartaz durante oito meses. Em seguida, me vi em casa sozinho, tinha me formado na CAL e me perguntei o que ia fazer. Peguei esse personagem e escrevi um monólogo. Minha expectativa era sempre com o teatro, mas Dona Hermínia foi crescendo, ganhando um espaço grande no cinema, na TV e até em comerciais. Isso, realmente, eu não tinha ideia de que poderia acontecer. Fui chamado para oito comerciais para o Dia das Mães e escolhi dois.

Minha Mãe é uma Peça estreou há mais de doze anos. Você já chegou a se cansar do personagem ou pensar em abandoná-lo?
Acho que estreei em maio de 2005. Na verdade, fiquei pouco mais de dez anos em cartaz, porque parei um pouco, estou há mais de um ano sem fazer o espetáculo. Fiquei em cartaz paralelamente com Hiperativo. Montei o 220 Volts, um programa que virou peça, o Online, com pouco mais de um ano em cartaz, mas fiz isso mais pela necessidade de todo ator em se reinventar, trazer coisas novas, um frescor. Nunca cansei de fazer teatro e janais cansei de Minha mãe é uma peça. Ela mudou minha vida para sempre. Eu amo esse personagem, Dona Hermínia tem um lugar especial no meu coração. Faço esse espetáculo com o maior prazer e me divirto muito.

Ao longo desses mais de dez anos, o espetáculo teve algumas mudanças. Elas se resumiram a  modificações no cenário e trilha sonora, ou você teve vontade de mudar o texto de acordo com o retorno do público?
O cenário, por exemplo, mudou muito. Na época da estreia, construí o cenário com cheque parcelado do meu pai, coitado. Eu não tinha dinheiro, foi difícil. Era uma janelinha de madeira, comprada com muito custo, um sofá comprado em um brechó, uma mesinha de cabeceira e o resto era cortina. Conforme o espetáculo foi crescendo e tendo retorno em bilheteria, a gente aumentou o cenário, mas nada de mais. Com a volta da peça, tive um patrocínio e o cenário é lindo de morrer, feito por Zé Carratu, que faz a cenografia dos melhores shows pelo país. O Zé Ricardo fez uma música para Dona Hermínia lá atrás, há uns dez anos, e agora ficou responsável pela trilha sonora. O texto também teve mudanças, mas nada muito grande, porque não dá para a gente mudar um espetáculo bem-sucedido e amado pelo público. O que aconteceram foram algumas adaptações no texto. Vou dar um exemplo bobo: na estreia, eu falava que não queria a Marcelina no Messenger. Ninguém mais usa isso. Hoje em dia, eu falo de Stories, Instagram, Snapchat, coisas mais atuais. Uns 88% dele se mantiveram.

A personagem Dona Hermínia foi criada no teatro e só depois tomou outras mídias, como a TV e o cinema. Para você, qual a importância do teatro para sua formação como criador?
O teatro é a base de tudo. Foi meu primeiro contato com a arte, com interpretar, contracenar. Eu fiz Casa das Artes das Laranjeiras (CAL), um divisor de águas na minha vida. Foi ali onde eu decidi ser ator e me profissionalizar. A interpretação teatral é diferente da TV e do cinema, mas eu vivo do teatro e é nele que quero ficar sempre, principalmente na comédia, onde mais tenho prazer. O primeiro filme Minha mãe é uma peça foi um sucesso, o segundo foi a maior bilheteria da história do cinema brasileiro e não pretendo parar no cinema. Vou fazer Minha mãe é uma peça 3, 220 volts, Os homens são de marte e é pra lá que eu vou. Faço de tudo, mas foi o teatro que clareou minha cabeça.

Você cogitaria fazer um projeto no qual você não tivesse tanto controle criativo?
O Vai que Cola, por exemplo, é um produto que não sou eu que crio, assim como A Vila e A ilha, que vou fazer. Normalmente, são dez a 12 autores que escrevem. Eu pego o texto na noite anterior, faço uma leitura, acordo no dia seguinte, vou pro estúdio, dou uma lida com o elenco e vamos ao palco gravar. Também faço coisas de outros autores, mas gosto muito de ter conteúdo próprio. Crio a partir da minha observação e ainda tenho muita coisa para colocar no papel, muitas histórias para contar.

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