Artes visuais Artista pernambucano com obras na exposição cancelada pelo Santander critica censura 'Eu pensava que isso (censura) já estava superado, porque ocorria na ditadura militar', ele disse

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 11/09/2017 19:28 Atualizado em: 12/09/2017 11:15

Montez Magno possui 60 anos de carreira. Foto: Ed. do autor/Divulgação
Montez Magno possui 60 anos de carreira. Foto: Ed. do autor/Divulgação

O encerramento abrupto da exposição Queermuseu - cartografias da diferença na arte brasileira após polêmica neste fim de semana atingiu os 85 artistas cujas obras foram expostas na mostra, realizada no Santander Cultural, em Porto Alegre. Entre eles, há dois pernambucanos: Deyson Gilbert, radicado há anos em São Paulo, e o poeta e artista visual Montez Magno, um dos mais importantes nomes da arte brasileira, com 60 anos de carreira. Este último teve o trabalho Desenhos gestuais, de 1962, escolhido como uma das 270 obras do evento.

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Montez Magno, de 82 anos, não sabia da sua participação na exposição, que teve muitas de suas obras emprestadas de acervos de colecionadores, nem de toda a polêmica relacionada ao encerramento dela. O artista preferiu não se manifestar especificamente sobre a mostra, mas condenou a perseguição, em geral, a obras de arte. "Em princípio, de qualquer forma, sou contra qualquer censura. Eu pensava que isso já estava superado, porque esse tipo de coisa ocorria na ditadura militar, mas, depois que o processo democrático foi retomado, isso deixou de existir. A obra de arte só pode ser censurável se for ruim. Se ela tiver qualidade, pode tratar de qualquer tema", disse.

ENTENDA O CASO

A mostra Queermuseu - cartografias da diferença na arte brasileira entrou em cartaz em 15 de agosto, no Santander Cultural, em Porto Alegre, e tinha o objetivo de trazer mais relevância ao tema da diversidade sexual nas artes visuais. A curadoria optou por fazer uma escolha variada de artistas e época, selecionando nomes conhecidos da arte nacional como Cândido Portinari e Lygia Pape. No entanto, algumas dessas obras, por retratarem símbolos religiosos e crianças, foram combustível para polêmica.

A mostra foi alvo de reclamações e ataques de integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e de organizações religiosas, que incluíram postagens em redes sociais e até constrangimento presencial a quem ia ver a exposição. A acusação era de que a mostra seria ofensiva à religião católica e pregava a “pedofilia” e a “zoofilia”. Com isso, o Santander Cultural decidiu terminar a mostra, que aconteceria até 8 de outubro, e emitiu nota oficial sobre o caso. A decisão do centro cultural foi reprovada por artistas e curadores de todo o Brasil, inflamando ainda mais a controvérsia sobre o caso. Entidades LGBT prometeram protestar na tarde desta terça em frente ao Santander Cultural contra o encerramento da exposição.

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