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Streaming Série da Netflix Ozark faz do pragmatismo a chave da sobrevivência familiar Trama associada a Breaking Bad é estrelada pelo ator Jason Bateman e pela atriz Laura Linney

Por: Tiago Barbosa

Publicado em: 02/08/2017 11:02 Atualizado em: 04/08/2017 19:51

Problemas matrimoniais precisam ficar em segundo plano para a sobrevivência. Foto: Netflix/Reprodução
Problemas matrimoniais precisam ficar em segundo plano para a sobrevivência. Foto: Netflix/Reprodução


O pragmatismo é a medida da sobrevivência em família na série original da Netflix batizada de Ozark, nome tomado emprestado de região montanhosa de veraneio dos EUA. Pai, esposa e casal de filhos adolescentes aportam no lugarejo paradisíaco para gerar dinheiro e quitar dívida milionária contraída junto a um impiedoso cartel latino do narcotráfico. O cerne da trama consite em mostrar como as relações entre eles e com o semidesértico ambiente da nova moradia passam a ser filtradas pelo crivo da utilidade.

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A situação de perigo constante é criada a partir de um golpe aplicado pela firma do protagonista Marty Byrde (Jason Bateman, de Arrested development) no cartel de drogas em Chigago. Ele e o sócio comandam há anos uma empresa especializada em lavar dinheiro para o tráfico. O trabalho descarrilla quando o traficante Del (Esai Morales) descobre um desvio de milhões de dólares e decide matá-los - até ser demovido parcialmente da ideia por Marty frente à chance de recuperar US$ 8 milhões em três meses e US$ 500 milhões em cinco anos. A mina de ouro estaria na promissora Ozark.

A missão passa pela mudança e refundação do convívio doméstico. E não é fácil. A mulher de Marty, Wendy (Laura Linney, três indicações ao Oscar), é uma dona de casa frustrada e infiel, apaixonada pelo amante a ponto de colocar o marido em risco. Os filhos são indiferentes aos pais e vivem às turras. Sob a sombra de uma insatisfação sexual latente e misteriosa, Marty precisa controlar a própria tensão para transformar traição e desarmonia em garantia de futuro. O conflito da união pela sobrevivência com o desarranjo familiar tempera a trama.

O senso de urgência implica atitudes sem rodeios, francas e arriscadas. Se o dinheiro é roubado, por exemplo, Marty dialoga com ladrões sobre a impossibilidade de a quantia ser escondida por eles. A corrida contra o tempo dita o sono do protagonista e estabelece paralelo real verossímil: o pai escravo do trabalho e preocupado com a vida da prole é o retrato do cidadão comum de toda cidade - se descontada a insólita prática da lavagem de dinheiro.

Ozark gerou referências a séries sobre famílias envolvidas em condutas delituosas, como Breaking bad (AMC) e Bloodline (Netflix). Mas difere de ambas. A primeira retratou a transformação de um homem comum e suburbano em traficante de drogas poderoso - e ele saboreou a jornada. Em Ozark, Marty - funcionário do crime há anos - parece odiar a jornada. Na segunda, o comportamento errôneo deriva de mentiras e segredos sobre conflitos antigos soterrados sob silêncio familiar. No novo seriado, a ameaça é fruto de um fator externo e extirpa quaisquer obstáculos aos desentendimentos.

Criada por Bill Dubuque e Mark Williams (ambos de Um homem de família), Ozark é um instigante drama com ares policialescos sobre como a necessidade de seguir em frente apressada pelo tempo torna as relações humanas reféns da praticidade. A primeira fase tem dez capítulos.

Assista ao trailer:



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