Música Paralamas do Sucesso interrompem jejum de inéditas desde 2009 e lançam novo disco Grupo regravou canção da rapper portuguesa Capicua e do músico Nando Reis

Por: Mariana Peixoto - Estado de Minas

Publicado em: 13/08/2017 19:07 Atualizado em: 11/08/2017 21:03

Banda lançou disco novo. Foto: Mauricio Valadares/divulgação
Banda lançou disco novo. Foto: Mauricio Valadares/divulgação


O Police lançou o hit Every breath you take em 1983. À época, um outro trio, do outro lado do Atlântico, se formava. “Lembro que muita gente via a música como uma canção de amor. E, na verdade, ela é sobre obsessão. O que quero dizer com isto é que você pode ter o entendimento que quiser sobre o que está ouvindo”, comenta o baterista João Barone, um dos três vértices d’Os Paralamas do Sucesso.

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Trinta e quatro anos depois da formação, a banda - Herbert Vianna, guitarra e voz, Bi Ribeiro, baixo, além de Barone - lança Sinais do sim (Universal), primeiro álbum de inéditas desde Brasil afora (2009). O comentário sobre a canção do Police vem por causa da faixa-título, justamente a primeira do novo disco. É uma carta de intenções com letra positiva, de tônica esperançosa. “Mas se já chegamos até aqui/Ver o nascer de um novo/Não parece tão ruim”, dizem os versos escritos por Herbert na única das músicas executadas exclusivamente pelos três paralamas.

“É uma letra lírica, que fala de amor. Mas pode trazer um entendimento um pouco mais amplo. Quando o Herbert canta que 'só se via poeira da dor' ele está falando tanto de um amor incompreendido quanto do que estamos vendo hoje na sociedade brasileira”, acrescenta Barone.
O que o baterista quer dizer com isto é que os Paralamas da atualidade não têm a necessidade de botar o dedo na ferida, coisa que o grupo fez com maestria em canções como Alagados, Selvagem e O calibre. “A gente já canta essas músicas nos nossos shows, então não vemos necessidade de falar agora sobre política ou contestar a situação atual. Durante a guerra, um soldado fica seis meses em serviço e depois volta para casa. Tem que haver um revezamento, e acho que o rap contestador tem feito isso bem”.

Oito são de autoria dos Paralamas. “Uma coisa que não mudou ao longo destes anos é que sempre estamos ao sabor do que ele tem a dizer. Temos, o Bi e eu, o discurso do Herbert como nosso. O que nós dois viemos tentando fazer desde o acidente dele, em 2011, é ver a capacidade dele em transformar a visão que tem do mundo em alguma coisa interessante”.

A partir da faixa-título, o álbum, produzido por Mário Caldato (que arregimentou para as gravações nomes como Pupillo, da Nação Zumbi) apresenta safra bem diversa de músicas. Das assinadas por eles, uma que se destaca é a faixa dois. Com forte acento roqueiro, Itaquaquecetuba nasceu de um jogo de palavras a partir de uma memória de infância de Herbert.

Chamam a atenção as três canções de terceiros incluídas no repertório. A mais interessante delas é Medo do medo, da rapper portuguesa Capicua. A música foi apresentada à banda por Hermano Vianna, irmão de Herbert. Verborrágica, a música dialoga diretamente com os tempos atuais. “Medo da crise e do crime/Como já vimos num filme/Medo de ti e de mim/Medo dos tempos”, dispara Herbert. Na versão dos Paralamas a música ficou entre o rap e o rock. Outro diálogo com outras praias é o registro de Cuando pase el temblor, do argentino Gustavo Cerati (1959-2014). Ainda há inédita de Nando Reis, Não posso mais, presente que ele mandou para a banda.

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