Televisão O desafio de Narcos sem a presença de Pablo Escobar Com lançamento agendado para o dia 1º de setembro, a terceira temporada da série focará no Cartel de Cali

Por: Fernanda Guerra - Diario de Pernambuco

Publicado em: 31/08/2017 19:17 Atualizado em: 11/09/2017 22:42

Damián Alcázar interpreta o fundador do cartel de Cali. Foto: Netflix/Divulgação
Damián Alcázar interpreta o fundador do cartel de Cali. Foto: Netflix/Divulgação

Cidade do México – O anúncio da terceira temporada de Narcos causou questionamento imediato. A série da Netflix terá êxito sem o Pablo Escobar de Wagner Moura, indicado ao Globo de Ouro de 2016 pelo papel? A resposta chegará na sexta-feira (1º), quando os dez novos episódios serão liberados pelo serviço de streaming. O estranhamento logo se esvai com o passo a passo da nova investigação da trama, já renovada para a quarta. O formato segue semelhante aos anteriores, com narração, ritmo acelerado, cenas chocantes de mortes e torturas - embora em menor quantidade que a segunda - e conflitos bem desenvolvidos baseados em fatos reais. As diferenças são do próprio enredo, associado à história da Colômbia. A morte de Escobar encerrou só um ciclo do narcotráfico. Sem o criador do cartel de Medellín, organizações criminosas se expandiram. A sequência foca no cartel de Cali, introduzido em capítulos anteriores, e na perseguição aos quatro líderes do grupo criminoso, já conhecidos do público.

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A nova célula do narcotráfico se torna o inimigo número um do Departamento Antidrogas dos Estados Unidos (DEA). O Viver viu os cinco primeiros episódios do terceiro ano, que mostram claras diferenças entre a Era Escobar e a de Cali, considerado o maior cartel de cocaína da história. "Eram dois irmãos que queriam que o cartel fosse comandado por puros homens de negócios. Queriam a paz, e não a guerra que tinha na época de Pablo", comenta o mexicano Damián Alcázar, intérprete de Gilberto Rodriguez Orejuela, o fundador do cartel de Cali. O personagem alcança mais notoriedade, ao lado de Miguel Rodríguez (Francisco Denis), Pacho (Alberto Ammann) e Chepe (Pêpê Rapazote). Em entrevista a jornalistas da América Latina, Alcázar descreve Gilberto Rodriguez como um homem de família. "Enquanto estava fora da lei com esse negócio, foi para cadeia. Se estivesse dentro da lei, seria um dos homens mais exitosos do mundo", conta.

Com produção-executiva de José Padilha (Tropa de elite e Robocop) e Eric Newman (Filhos da esperança), a terceira leva de Narcos apresenta o modus operandi do Cartel de Cali. Não há mais a "guerra civil" da era Escobar. Diferentemente do terror instalado pelo colombiano, o cartel de Cali não tinha intenção de causar pânico no país e agia de forma discreta. Eles desapareciam com os corpos das vítimas, por exemplo, em vez de expô-los. O objetivo era dar tratamento "pacífico" ao tráfico, como um "negócio legítimo" da economia. "Não é o mesmo da fase de Escobar, na qual ele se relacionou como um monstro. Quando a vida dele estava em risco, a dos outros não importava", diz Alcázar. Por muito tempo, os líderes de Cali não sofriam o risco de vida, já "que comparavam lei e políticos, exército e polícia".



O ator Alcázar defende que histórias sobre narcotráficos continuem sendo retratadas na ficção. "Na Colômbia, tudo está mudado. Ainda há o tráfico, mas pulverizado. Não há claramente os cartéis. Eu acredito que tem que legalizar e ponto. Para evitar a violência e mortes", diz o ator, que elogia Tropa de elite, de José de Padilha, e (repetidas vezes) a atuação de Wagner Moura: "É um grande homem".

Após o trauma deixado em torno da perseguição de Escobar, que matou milhares de pessoas em explosões, sequestros e tiroteios - ações registradas pela mídia e acompanhadas no segundo ano de Narcos -, havia a cobrança para que a desarticulação do cartel não provocasse nova guerra civil. Quando a ação policial em busca dos líderes de Cali toma forma, eles tentam escapar e, por conseqüência, também há mortes no caminho.

Foto: Netflix/Divulgação
Foto: Netflix/Divulgação


Entre as mudanças da terceira fase, está na narração, agora pelo agente Peña, vivido por Pedro Pascal (Game of thrones). Steve Murphy, personagem de Boyd Holbrook, não está na nova temporada, mas a saída do agente do DEA na obra não é justificada. Como auxiliares de Peña, estão os agentes inexperientes Chris Feistl (Michael Stahl-David) e Daniel Van Ness (Matt Whelan). A tirar pelos primeiros episódios, Narcos se sustenta como história sobre os bastidores do tráfico, que não se restringe a um império. Com o fim de um, surgem outros.

>> Quem é quem

Cavalheiros de Cali
O cartel de Cali foi criado por Gilberto Rodríguez e se tornou uma das organizações criminosas mais poderosas do mundo. Além dele, a voz do cartel, as funções eram distribuídas entre mais três líderes. Irmão do fundador, Miguel Rodriguez Orejuela (Francisco Denis) é tido como "cérebro" da organização, o responsável pelo crescimento do cartel. Pacho (Alberto Ammann) se encarregava da distribuição global. O personagem gay tem grandes momentos na terceira fase. Chepe Santacruz Londono (Pepe Rapazote) comandava o império-satélite de Nova York. Uma das novidades é o ator Miguel Ángel Silvestre, de Sense8, na pele de Franklin Jurado, responsável pela lavagem de dinheiro.

* A repórter viajou a convite da Netflix

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