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Música Jorge Vercillo elogia novos artistas mas critica cena musical: 'Simples demais' Cantor se apresenta neste sábado no Recife com a turnê A Experiência, ao lado de Roberta Campos

Por: Matheus Rangel

Publicado em: 11/08/2017 12:39 Atualizado em: 11/08/2017 20:34

 O artista de 48 anos tem 16 discos lançados e várias músicas consagradas. Foto: Leve Produções/Divulgação
O artista de 48 anos tem 16 discos lançados e várias músicas consagradas. Foto: Leve Produções/Divulgação


Quando liga o rádio, Jorge Vercillo presta atenção no trabalho de jovens artistas, iniciantes, e se lembra do começo dos anos 2000, quando precisou lutar para conseguir espaço na plataforma. O artista de 48 anos, com 16 discos lançados e várias músicas consagradas, aprova o que ouve. "É maravilhoso e necessário", opina ele a respeito de um movimento chamado de "a nova geração da MPB", citando a dupla Anavitória e a cantora Roberta Campos, com quem divide o palco no Recife neste sábado (12), a partir das 21h, no Cabanga Iate Clube.

Apesar de admirar os artistas emergentes, Jorge Vercillo ainda observa no atual mercado músicas "simples demais": "Torço mesmo para que o público e artistas tenham confiança para lançar músicas mais densas, herméticas, melodicamente falando, para que isso fique para a próxima geração. Se temos uma cultura pobre, temos pensamento pobre", reflete.

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O tempo na estrada o ajudou a construir a turnê que traz à capital pernambucana, não à toa intitulada de A experiência, com repertório voltado para as faixas do álbum mais recente, Vida é arte, além de Monalisa, Ela une todas as coisas e outros clássicos da carreira. Estudioso de uma das vertentes teóricas que buscam explicar a origem da vida, a panspermia, Vercillo acredita que a existência humana na terra se trata de um experimento - social, biológico e em "vários outros níveis", como descreve. Daí o nome do show, que também propõe momentos mais interativos: "Quando o local favorece, eu desço do palco, vou na plateia, interajo. Em músicas como Homem aranha, que têm um lado descompromissado, eu desço do palco e subo em algumas mesas para tirar fotos com as pessoas. Tem esse lado da experiência também", explica. 

Do setlist, duas músicas serão novidade para os fãs, Minhas escolhas e Samba canção, sendo essa última uma referência ao escritor e compositor Jorge Mautner, filho de refugiados do holocausto. "Quero criar uma oração, não uma oração pautada pela bíblia ou alguma religião, mas uma com as minhas próprias palavras. Eu acredito muito nas palavras: junto com o pensamento, que é elétrico, e a intenção, que é magnética, são criadoras de realidade, e é essa experiência que quero vivenciar com o público. É uma oração de coisas boas, criada por nós mesmos", detalha. 

De olho no mercado internacional, o cantor está preparando um disco todo feito nos Estados Unidos, que ainda está em fase de produção, com a participação do baterista Omar Hakin. Ele fez shows na Europa e África, continente pelo qual diz ter grande admiração. Em Angola, lamentou a falta de maior vivência cultural: "Gosto muito da mitologia e música africanas, música dos orixás e quando chegamos em Angola não encontramos isso por conta da ação da guerra e de igrejas evangélicas. A Universal tem muita gente boa, com o coração grande e não podemos generalizar. Mas alguns pastores fazem uma coisa muito feia, que é subestimar a cultura do negro e do índio e me impressiona que muitas pessoas ainda não percebem isso". 

E pondera: "Muitos fãs meus não vão ficar felizes, nem vão entender. Mas, como artista, não estou aqui com postura populista, mas para dizer o que penso por amor às pessoas. Não sou dono da verdade, mas nós, artistas, temos uma percepção diferente das pessoas. Para que o ser humano esteja sempre evoluindo. na ética, no raciocínio, se libertando de antigos tabus nocivos e mantendo outros que são benéficos. Eu me exponho como artista por amor àquele que não pensa igual a mim". 

Apesar de estar conquistando os palcos internacionais, se apresentar no Nordeste ainda é simbólico para o carioca. "Cidades como Recife, Gravatá e Garanhuns marcaram muito o meu início de carreira. Os primeiros lugares onde me tornei conhecido foram a capital pernambucana e Salvador, depois João Pessoa, Maceió e só então passei a ser famoso no Rio", relembra. 

SERVIÇO
Moonlight Recife, com Jorge Vercillo e Roberta Campos
Quando: sábado (12), às 21h
Onde: Cabanga Iate Cube (Avenida Engenheiro José Estelita, s/n, Cabanga)
Quanto: R$ 50 (pista, meia), R$ 60 (ingresso social, mais um quilo de alimento) e R$ 480 (mesa para quatro pessoas), à venda na Bilheteria Digital, Ticket Folia, Ingresso Prime e Cabanga
Informações: 3428-4277

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