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Cine Ceará Documentário pernambucano traz olhar delicado sobre ofício das parteiras Simbiose, de Júlia Morim, resgata trajetória de Maria dos Prazeres de Sousa, responsável por mais de 6 mil partos

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 11/08/2017 18:20 Atualizado em: 11/08/2017 19:41

Dona Maria dos Prazeres (centro) atua na Região Metropolitana do Recife e estados vizinhos. Foto: Museu da Parteira/Divulgação
Dona Maria dos Prazeres (centro) atua na Região Metropolitana do Recife e estados vizinhos. Foto: Museu da Parteira/Divulgação

Fortaleza (CE) - Em seis décadas de atuação como parteira em Pernambuco, Maria dos Prazeres de Sousa perdeu a conta de quantos partos realizou, mas o número estimado é de 6 mil procedimentos. Presente em tantas vidas, ela agora teve parte de sua história preservada e contada em filme pelo documentário em curta-metragem Simbiose, exibido na noite de quinta-feira (10), no Cine Ceará.

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Dirigido por Júlia Morim, o título não se propõe a fazer um registro minucioso sobre a extensa atuação de Dona Maria dos Prazeres. Resultado de três dias de conversa com a parteira, Simbiose é, ao mesmo tempo, uma biografia e lembrete sobre o ofício das parteiras tradicionais. "O filme é resultado de um processo de valorização das parteiras e das mulheres", afirma a diretora, mestre em antropologia e atuante no campo de documentação e preservação histórica da profissão.

Construído quase que exclusivamente a partir de depoimentos de Dona Maria dos Prazeres, o curta se trata, no fim das contas, de uma conversa com a personagem. O fato de a cineasta ter relação de proximidade com a biografada anterior à proposta de realizar o filme ajudou bastante na atmosfera de intimidade vista na projeção. Desenvolta e articulada, a parteira fala sobre a simbiose de conhecimentos formais (ela é também enfermeira obstetra) e os populares, causos e o aprendizado contínuo.

"A ideia era documentar a história dela, mas também homenagear", reforça Morim sobre a proposta do filme. "Daria para fazer um longa com ela", acrescenta a diretora sobre a riqueza da história da biografada.

Eleita neste ano como Patrimônio Vivo de Pernambuco, Dona Maria dos Prazeres é certamente uma figura importante para milhares de pessoas que já ficaram sob seus cuidados. Mais ainda, é representante de uma tradição que deve ser preservada. E, de fato, a produção cumpre esse papel, não só de documentar o saber das parteiras, como apresentar esse trabalho a um público que provavelmente não tem contato com ele.

*O repórter viajou a convite da organização do Cine Ceará

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