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Cinema Andy Serkis revela o preparo para viver César em Planeta dos Macacos: 'Me sinto afortunado' Em entrevista exclusiva ao Viver, ator comenta a jornada do personagem e relembra seu papel mais famoso, Gollum de O Senhor dos Anéis

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 03/08/2017 14:30 Atualizado em: 03/08/2017 17:27


Além de tramas mais maduras e diretores talentosos, o retorno de Planeta dos Macacos ao cinema se destaca pelo aspecto realístico dos símios, sobretudo no terceiro capítulo da saga, em cartaz a partir de hoje nas salas de todo o país. O ótimo roteiro de Matt Reeves, que também esteve na direção dos dois mais recentes filmes da franquia, perderia força sem o detalhismo dos efeitos especiais da Weta Digital e as atuações precisas dos integrantes do elenco de captura de movimento. Responsável por dar vida ao protagonista César, o ator inglês Andy Serkis é um veterano nesse campo de atuação e considerado o maior nome da área, em todo o mundo.

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Sem a exposição que atores de cinema costumam ter, Andy tem um rosto relativamente desconhecido do grande público, mas papéis extremamente populares. É dele a voz, expressão, movimentos - a performance completa, enfim - da criatura Gollum, da trilogia O senhor dos anéis e O hobbit. E antes de virar César, interpretou outro primata icônico, King Kong, no filme de 2005.
Núcleo de humanos contracena com os atores responsáveis pela performance dos símios do filme. Foto: 20th Century Fox/Divulgação
Núcleo de humanos contracena com os atores responsáveis pela performance dos símios do filme. Foto: 20th Century Fox/Divulgação

Em entrevista exclusiva ao Viver, Serkis falou sobre seu mais novo filme, Planeta dos Macacos: A guerra, e já longeva relação com os símios, que incluiu pesquisas em zoológicos e também em campo, na natureza. "Somos muito parecidos geneticamente e também no comportamento", afirma o expert, capaz de interpretar diferentes espécies através da linguagem corporal, expressões faciais e vocalização.

[Entrevista


A série Planeta dos Macacos aborda muito a questão da empatia e respeito por todos os seres. Os filmes mudaram sua percepção sobre animais?

Sim. Tenho estudado símios por um longo tempo e isso me fez perceber o quão próximos somos que, realmente, não existem grandes diferenças. Trabalhar nesses filmes, e também em King Kong (2005), quando fui para Ruanda observar gorilas em seu habitat natural, intensificou essa percepção. Observando uma família de gorilas em Ruanda, você identifica facilmente a organização deles, o chefe do grupo, as mães com as crianças etc. É uma verdadeira comunidade. E todos são muito particulares, são indivíduos com humores e personalidades particulares. Você os observa e percebe que são, realmente, muito parecidos conosco.

Quais as mudanças mais significativas na jornada de César ao longo dos três filmes?
Eu me sinto muito afortunado por interpretar César em todas as fases da sua vida, desde quando ele era apenas um pequeno chimpanzé órfão até se tornar um revolucionário, responsável por uma sociedade nova. E neste terceiro filme ele vira um líder em tempos de guerra, algo muito estranho para ele, que tem grande empatia pelos humanos. Ele não enxerga diferenças entre homens e macacos, ele acha que todos são iguais. Mas por conta das perdas pessoais que vemos no início deste terceiro filme, ele deixa a empatia de lado e embarca para uma jornada de vingança. Ele se torna mais humano ao longo da jornada, na suas emoções, comunicação e postura física. E neste ponto, no terceiro filme, seu mundo está virado de cabeça para baixo e os sentimentos de fúria são contraditórios, pela maneira como ele conduziu, até então, sua vida. Então, a guerra do título no filme não é só sobre a batalha entre homens e macacos, mas sobre o conflito interno de César.

Entre o primeiro filme da nova franquia e o mais recente capítulo, os efeitos visuais avançaram bastante. Isso interfere na atuação?
Não. A evolução da tecnologia, na verdade, facilita para que pudéssemos gravar em condições mais extremas, fora de estúdios, em locações naturais. Mas do dia a dia, enquanto se está com a roupa de captura de movimento e a câmera focada no seu rosto, você não pensa muito sobre tudo isso, mas em estar concentrado no mundo do personagem.

Está cansado de pessoas pedindo para você fazer a voz do Gollum?
É uma pergunta interessante (risos). Eu não estou cansado, de fato. Eu amo a alegria que isso provoca nas pessoas. O que eu adoro no personagem é que ele está no imaginário das pessoas e elas também me mostram suas imitações. Mas eu espero não ser lembrado apenas pelo Gollum e talvez isso pare em algum momento.


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