Música

Menos melodramático, novo disco de Lana del Rey conta com inúmeras colaborações

Além dos duetos com The Weeknd, A Rocky e Stevie Nicks, o álbum aborda a década de 1960, feminismo e política

Publicado em: 27/07/2017 11:00 | Atualizado em: 18/05/2020 18:10

Lana Del Rey lançou seu quarto álbum de inéditas. (Foto: Neil Krug/Divulgação)
Lana Del Rey lançou seu quarto álbum de inéditas. (Foto: Neil Krug/Divulgação)

O recém-lançado Lust for life (Paixão pela vida, em tradução livre), de Lana Del Rey, traz 16 faixas inéditas, incluindo os singles Love, Lust for life e Summer bummer. Quarto álbum de estúdio da norte-americana, o trabalho se destaca na trajetória da artista por ser menos melodramático, explorar sonoridades mais modernas e contar com várias colaborações. Antes, Lana nunca havia feito duetos em seus discos. Agora, canta com The Weeknd, ASAP Rocky, Stevie Nicks e Sean Ono Lennon.

A mudança no estado de espírito de Lana já é perceptível na arte da capa, a primeira em que a cantora aparece sorrindo. Embora não explicitamente, esse é mais um álbum musical estadunidense influenciado pela candidatura de Donald Trump. Durante o período de produção, a cantora revelou em entrevista à rádio britânica BBC 2 que, inicialmente, Lust for life iria se resumir aos anos 1950 e 1960, até que a situação política do país se intensificou. “Então, devido a isto, a sonoridade foi atualizada, pois eu senti que pretendia falar com os mais jovens entre os meus admiradores. Penso que esse álbum está um pouco mais socialmente conscientizado", disse a artista.

De fato, o novo disco nos apresenta uma Lana mais juvenil e positiva. Em Born to die (Nascida para morrer, em tradução livre), álbum que a lançou para o mundo em 2012, a artista chega a cantar que “queria estar morta”. A sentença, que virou meme na internet, foi repetida em 2014 durante uma entrevista ao jornal The Guardian, na divulgação do disco Ultraviolence (Ultraviolência). Del Rey chegou a ser acusada de “glamourizar o suicídio” por Frances Bean Cobain, filha do falecido vocalista do Nirvana, Kurt Cobain. Naquela época, ninguém imaginava que a personalidade responsável por músicas visceralmente tristes um dia iria cantarolar sobre ter “paixão pela vida”.

Sonoridade atualizada, temáticas anacrônicas
Enganou-se quem pensou que a artista - por ora mais animada - iria fazer músicas para as pistas de dança. As canções continuam alternativas e relaxantes. Em parte de Lust for life, Lana continua celebrando o glamour californiano, como em White mustang 13 beaches. O primeiro single do álbum, Love, parece ser a trilha sonora de um clássico hollywoodiano. Lust for life, com a participação de The Weeknd, é uma singela homenagem à Hollywood. No videoclipe, eles cantam e flertam em cima do letreiro da "city of stars".

As frequências sonoras do disco estão levemente instáveis graças aos instrumentais mais modernos da faixa Summer bummer, em colaboração com os rappers ASAP Rocky e Playboi Carti, mesclando indie, hip hop e um tímido trap (gênero derivado do hip hop). Rocky também aposta em rimas em Groupie love, canção que faz referência aos fãs de estrelas do rock que tinham relações sexuais com seus ídolos.

Por falar em rock, as décadas de 1950 e 1960 ainda são fortes referências no álbum. Os vocais de Lana continuam semelhantes aos de uma época de ouro liderada por Nancy Sinatra e sua aparência ainda lembra Priscilla Presley, esposa do Rei do Rock. A faixa Coachella - Woodstock in my mind celebra, simultaneamente, o atual evento californiano e o festival histórico do movimento hippie. A belíssima Beautiful people, beautiful problems conta com a presença de Stevie Nicks, do Fleetwood Mac, soando como uma faixa engavetada pela vocalista da banda inglesa. Outro destaque nostálgico é Tomorrow never came, música gravada com o caçula de John Lennon e Yoko Ono, Sean. Ouvindo a voz e o sotaque britânico do músico, é difícil não perceber a semelhança com o ex-beatle, assassinado em 1980.

A obra também é marcada pelos primeiros posicionamentos políticos da cantora. Lana, que já havia dito não ter interesse pelo feminismo, canta empoderada em God bless America - And all beautiful women in it. As críticas ao governo de Trump estão na faixa When the word was at war we kept dancing, em que Lana questiona "é o fim da América?". Apesar de ser conhecida como uma exemplar patriota, ela alfineta os americanos: "quando o mundo estava em guerra antes, nós simplesmente continuamos dançando".

Na reta final do álbum, as músicas voltam a ser mais lentas e românticas, com a presença de instrumentos orgânicos. É entendível que, para alguns, o álbum possa soar parecido com os trabalhos anteriores de Lana. No entanto, devemos levar em conta que pedir mudanças bruscas em seu estilo é, também, sugerir que ela abandone sua essência artística.

Do indie ao mainstream 
Elizabeth Woolridge Grant, 32 anos, alcançou o sucesso como Lana Del Rey. Em 2010, quando ainda atendia pelo nome artístico Lizzy Grant, ela lançou o disco Lizzy Grant A.K.A Lana Del Rey pela gravadora independente 5 Points Records, apenas disponível para download digital. Com Born to die, uma superprodução da Interscope, ela vendeu mais de 5 milhões de cópias mundialmente, de acordo com o United World Chart. O álbum, que tornou-se um dos mais vendidos de 2012, também foi eleito como um dos melhores da década de 2010 pela Billboard.

Um fenômeno da internet
A cantora também é bastante popular entre a comunidade LGBT brasileira. Sua fama é legitimada por um grupo do Facebook chamado Lana Del Rey Vevo, mencionado pela sigla LDRV, que possui mais de 600 mil membros. Apesar do nome, a página não apenas congrega fãs da artista, como também qualquer pessoa que queira escrever ou ler sobre histórias do cotidiano dos membros. O LDRV tornou-se uma espécie de entidade da internet, popularizando memes e gírias entre os jovens. Recentemente, a própria Lana Del Rey já mandou uma mensagem para o grupo durante uma entrevista, agradecendo pelo carinho e revelando que "tem planos para vir ao Brasil em breve". Ela já se apresentou em São Paulo, no festival Planeta Terra, em 2013. Agora, os fãs esperam que a artista venha para o Lollapalooza 2018.

Assista os videoclipes de Love e Lust for life:


Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL