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Literatura Lázaro Ramos e plateia se emocionam com relato de professora na Flip Diva Guimarães palestrou na mesa A pele que habito, sobre o racismo no Brasil

Por: Estado de Minas

Publicado em: 28/07/2017 15:55 Atualizado em: 28/07/2017 17:19

Lázaro Ramos diz que o racismo no Brasil não é um tema de interesse apenas dos negros, mas de pessoas de todas as etnias. Foto: Flip/Divulgação
Lázaro Ramos diz que o racismo no Brasil não é um tema de interesse apenas dos negros, mas de pessoas de todas as etnias. Foto: Flip/Divulgação


A professora Diva Guimarães emocionou a plateia durante a mesa, A pele que habito, que reuniu o ator Lázaro Ramos e a jornalista portuguesa Joana Gorjão Henriques na manhã desta sexta-feira (28), no Centro Histórico, na 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Lázaro, que fez a conferência de abertura desta edição, falou sobre o racismo no Brasil, dizendo que não se trata de tema de interesse apenas dos negros, mas de pessoas de todas as etnias. O ator elencou aspectos fundamentais para enfrentar situações de desigualdade causadas pelo racismo: uma família estruturada e acesso a educação.

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Quando Lázaro terminou a primeira parte da exposição, a professora , que estava na plateia, pegou o microfone para o relato.  Com os cabelos brancos trançados,  Diva contou que veio do interior do Paraná, foi neta de escravos e saiu muito cedo de sua cidade para estudar em Curitiba. “Sou do Sul do Paraná, lá do interior. Sou uma brasileira que sobreviveu porque tive uma mãe que fez de tudo, passou por todas as humilhações, para que nós estudássemos”, disse.
 
Ela relatou que na infância foi levada para um colégio interno e amadureceu muito jovem, aos 6 anos de idade, quando as freiras contavam uma história para falar sobre a diferença de negros e brancos.  Na história contada pela freira a diferença de cor entre brancos e negros se deve ao fato da criação de um Rio por Deus -  certa mitologia de origem-  onde  brancos e negros se banharam. Trabalhadores os brancos teriam se banhado na água limpa e por preguiça os negros só teriam chegado até a lama. “Amadureci  com seis anos de idade. Demorei a aceitar esse Deus.”  Diva disse que repassou esses conhecimentos aos seus alunos em sala de aula. “Sou uma sobrevivente pela educação”, afirmou.
 
Lázaro Ramos e boa parte do público não conteve a emoção com o depoimento da professora. Lázaro reforçou a fala da professora afirmando que é preciso estabelecer um pacto pela educação pública. Diva foi ovacionada pela plateia quando disse que a libertação da escravatura não existe hoje no Brasil e quando afirmou que foram seus antepassados que construíram o Brasil. Durante a mesa,  houve protesto contra o presidente Michel Temer e contra o governador do Rio de Janeiro.

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