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Cobertura FIG 2017: Cantos, lágrimas e saudações ao poeta Belchior Primeira noite de apresentações no Palco Mestre Dominguinhos teve sequência de shows dedicados ao compositor cearense

Por: Alef Pontes

Publicado em: 22/07/2017 13:01 Atualizado em:

Angela Ro Ro protagonizou a performance mais impactante da noite, ao interpretar Paralelas, de Belchior. Foto. Jorge Farias/Secult-PE
Angela Ro Ro protagonizou a performance mais impactante da noite, ao interpretar Paralelas, de Belchior. Foto. Jorge Farias/Secult-PE

Foi com o público ainda intimidado pelo frio e chuva fina que a banda Mundo Livre S/A, capitaneada pelo músico Fred Zeroquatro, subiu ao Palco Mestre Dominguinhos, na noite desta sexta-feira (21), para realizar o show da turnê de lançamento do DVD Mangue bit ao vivo, durante o Festival de Inverno de Garanhuns. Com sambas eletrificados, suingues e muita malemolência, não foi difícil conquistar e colocar para dançar as milhares de pessoas que chegavam à esplanada para acompanhar de perto a sequência de apresentações.

Relembrando todas as fases do grupo, que celebra mais de três décadas de militância na música autoral, Zeroquatro e sua trupe puxaram músicas que marcaram a história do rock nacional e o manguebeat, como Meu esquema e Free world. Lembrou ainda dos primórdios do grupo, quando ensaiavam nas garagens do bairro litorâneo de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, e sua parceria com Chico Science em Computadores fazem arte.
 
Acompanhando às celebrações ao músico cearense Belchior, que logo mais seria honrado com show tributo, o vocalista aproveitou para saudar o mestre. "Quando eu peguei meu primeiro violão e sentei para compor as primeiras letras, ainda moleque, um dos discos que mais me influenciou foi o Alunicação, de Belchior", relembrou. Seu discurso abriu espaço ainda para críticas constantes ao governo Michel Temer, puxando, junto ao público, o já habitual manifesto "Fora Temer".

Embalando sucessos de sua carreira, Geraldo Azevedo trouxe romantismo para o Festival de Inverno de Garanhuns. Canções como Dona da minha cabeça e Inclinações musicais, tocaram o público, que acompanhou em coro durante praticamente toda sua performance. Baluarte de seu repertório nas últimas quatro décadas, Dia branco ganhou novos arranjos para o show do festival. Também, não faltou declaração de carinho ao grande homenageado da noite, interpretando Mucuripe.

Dez cantores de representantes de gêneros e gerações diferentes entraram em cena, um após o outro, para celebrar os ensinamentos deixados pelo músico e filósofo, grande tradutor das angústias vivenciadas pelo povo brasileiro, no show Tributo a Belchior - o mais aguardado da noite. Sob a direção musical do pernambucano Juliano Holanda, que também atacava nas guitarras, Lira, Isaar, Fernando Catatau, Juvenil Silva, Gabi da Pele Preta, Renata Arruda e Tulipa Ruiz imprimiram seus estilos e sentimentos em canções icônicas do músico cearense. Grandes momentos da noite foram protagonizados pelos veteranos Ednardo, amigo e parceiro musical de Belchior, Cida Moreira e Angela RoRo, que roubou a cena ao entrar no palco para uma potente performance de Paralelas.

Entre lágrimas, sorrisos e muitos "viva Belchior!", o público diverso, com brilho nos olhos, cantava as saudades do ícone, como quem expurga suas dores no reencontro com um amigo, em um belíssimo momento que provou a indentificação universal da filosofia disseminada pelo poeta. Assim como as homenagens à vida e obra do artista, a noite foi marcada pelos constantes protestos contra o atual governo brasileiro, feitos pelos cantores em sintonia com as letras de suas canções. "O que é que se pode fazer com tanto golpe?", questionou Gabi da Pele Preta, para emendar com os versos de Conheço o meu lugar. "Belchior, entendemos o seu recado. Não nos tornaremos o país do medo. Temer jamais", declarou Lira, numa noite que encerrou com todo o elenco de cantores interpretando À palo seco, sob o comando de Ednardo, para uma legião de fãs em êxtase.

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