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Cinema Em Ritmo de Fuga é filme de ação guiado por trilha sonora Novo longa de Edgar Wright tem roubos e perseguições de carro embalados por músicas pop

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 27/07/2017 12:16 Atualizado em: 27/07/2017 18:08

Em Ritmo de Fuga tem pouquíssimos momentos em que a música se faz ausente. Foto: Sony/Divulgação
Em Ritmo de Fuga tem pouquíssimos momentos em que a música se faz ausente. Foto: Sony/Divulgação


Às vezes, cineastas atrelam, de forma mais intensa, trilha sonora à narrativa, incorporando a cadência ou letras das músicas ao desenvolvimento da ação, quase como em videoclipes. Em ritmo de fuga, novo filme de Edgar Wright (Scott Pilgrim contra o mundo) tem a sequência inicial estruturada dessa maneira, fazendo jus ao título logo nos primeiros segundos. Em cena, um grupo escapa de carro após assaltar um banco e toda movimentação é em sincronia com Bellbottoms, da banda nova-iorquina Jon Spencer Blues Explosion. Se, por um lado, parece artifício para causar impacto momentâneo, os minutos seguintes, por outro, sinalizam que som e imagem estão atrelados não apenas para impressionar.

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Com mais de 40 canções utilizadas na produção, como trilha propriamente dita ou apenas mencionadas rapidamente, Em ritmo de fuga tem pouquíssimos momentos em que a música se faz ausente. A explicação para essa musicalidade intensa tem a ver com o protagonista, Baby (Ansel Elgort), um jovem que está sempre com o iPod ligado a todo volume nos ouvidos. O som contínuo ameniza o incômodo decorrente de zunido constante provocado por uma deficiência auditiva.

Exímio motorista, Baby é um dos homens de confiança do chefão do crime Doc (Kevin Spacey) e é responsável pelas fugas de carro após meticulosos assaltos planejados pelo vigarista. A música tranquiliza e dá ritmo aos movimentos do condutor dentro e fora dos veículos. A história, escrita pelo próprio diretor, é simples, despretensiosa e insere a música de forma orgânica no filme.

Filmes de ação exigem coreografia e precisão do elenco para reproduzir sequências de luta corporal, tiroteios e perseguições de carro. Fazer tudo isso em sintonia com a trilha musical é um desafio a mais. Em entrevistas, o diretor revelou que não apenas Ansel acompanhava as músicas pelos fones de ouvidos. Alguns atores precisaram usar pontos auditivos em certas passagem ou acompanharem as canções a partir de alto-falantes instalados no set - o que nem sempre funcionava em gravações mais barulhentas.

Edgar Wright demonstra desde os primeiros trabalhos, como a série de TV Spaced (1999-2001) e o filme Todo mundo quase morto (2004), forte senso musical, não só com o uso de canções, mas também de efeitos sonoros que se encaixam ao compasso da ação.

Assista ao trailer:



A origem
A ideia para o filme surgiu cerca de duas décadas atrás, quando o cineasta imaginou uma sequência cinematográfica de roubo a banco seguida de perseguição de carro ao som de Bellbottoms, primeira música a aparecer no novo longa. O conceito chegou a ser aproveitado no clipe de Blue song, do duo inglês Mint Royale, cujo andamento geral se aproxima bastante do início de Em ritmo de fuga. Embora essa canção não tenha entrado na trilha sonora, um trecho do vídeo é exibido rapidamente em breve cena.

Filme é divertido, pop e enérgico
É sempre louvável quando a trilha sonora casa perfeitamente bem com o que se vê em tela, seja um tema instrumental que dialoga com a trama ou uma música que complementa a ação. Geralmente esse casamento entre som e imagem ganha destaque no filme em algumas situações, mas Em ritmo de fuga integra os dois quase que ininterruptamente ao longo de 112 minutos.

Enquanto o uso pontual da música faria de Em ritmo de fuga apenas um competente filme de ação, o uso extensivo dela resulta em um produto singular. O caminhar de Baby, as falas dos personagens, o vai e vem do limpador de para-brisas, derrapadas do veículo, engatar da marcha, o movimento da câmera etc., toda ação é cadenciada ao que se ouve.

Como uma mixtape bem construída, o filme tem a música certa para cada situação e se mantém interessante do começo ao fim, inclusive nos momentos de calmaria, essenciais para um respiro entre passagens mais aceleradas. Divertido, pop e enérgico, o novo longa reafirma o ótimo timing de Edgar Wright, sem nunca parecer apenas um exercício estilístico: a narrativa é funcional e extremamente palatável; a inserção contínua da trilha jamais parece desnecessária.

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