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Televisão Cortes da Globo em filmes, séries, novelas e programas irritam audiência De Senhora do Destino ao seriado How to get away with murder, nem sempre as edições são bem-vindas

Por: Tiago Barbosa

Publicado em: 23/07/2017 21:48 Atualizado em: 23/07/2017 22:00

Cenas de How to get away with murder e Senhora do destino foram cortadas. Fotos: Globo/Reprodução
Cenas de How to get away with murder e Senhora do destino foram cortadas. Fotos: Globo/Reprodução


A edição feita pela Globo de obras exibidas na programação do canal de TV nem sempre passa incólume pela audiência. Principalmente quando ocorrem em produções transmitidas previamente em outras plataformas ou modificam trechos de reprises da casa considerados essenciais para a compreensão da trama. Adotados, em geral, para atender a restrições de horário ou adequação do material ao tempo da grade, os cortes são criticados por descaracterizar o conteúdo e até mesmo inverter a mensagem proposta pelos autores.

Intervenções recentes receberam repúdio da audiência. Na série Lições de um crime (How to get away with murder, da ABC), cenas de sexo gay entre dois personagens da trama sumiram. As passagens censuradas prejudicam a tentativa do seriado de conferir naturalidade ao relacionamento homoafetivo, ao mostrar momentos íntimos de dois homens, um tabu quase incontornável na televisão aberta brasileira - e, pelo visto, na própria Globo.

A exibição da volúpia do casal Connor (Jack Falahee) e Oliver (Conrad Ricamora) forja um parâmetro importante para desvelar, nas temporadas seguintes, o caráter escorregadio do integrante do grupo (Connor) da professora Anelise (Viola Davis) e fundamenta um desdobramento marcante atribuído ao namorado. Nas redes sociais, fãs do seriado acusaram a Globo de homofobia.

Na novela Senhora do destino, reexibida à tarde em Vale a pena ver de novo, as intervenções são recorrentes. Em uma delas, a emissora cortou cena impactante do assassinato do taxista Gilmar (Roberto Bomtempo) cometido por Nazaré Tedesco (Renata Sorrah). O método original retratado no folhetim acentuava a crueldade impregnada na vilã: em um motel, ela atira o ventilador dentro da piscina e mata a vítima eletrocutada. A edição cortou quase 30 segundos do crime e focou no olhar de Nazaré enquanto Gilmar desfalecia. Telespectadores elogiaram e criticaram a supressão das imagens do assassinato.

A reclamação se torna ainda mais detalhista quando a modificação deforma produções dissecadas pelos fãs, como os filmes de super-heróis. O longa-metragem Thor 2: O mundo sombrio, da Marvel, transmitido em janeiro deste ano, despertou irritação na audiência porque eliminou personagens periféricos (um internauta apontou o sumiço de Lady Sif) e juntou cenas pós-créditos ao fim do filme - a espera é considerada um dos "charmes" do estúdio para manter os espectadores até o fim da exibição.

Outras alterações geram questionamentos não apenas do público, mas de envolvidos com a produção. O cantor Victor, dupla do sertanejo Leo, criticou a postura do canal por tê-lo cortado das cenas já gravadas do The voice kids após o artista ser acusado de agressão pela mulher. À época, a Globo chegou a comunicar a intenção do músico de se afastar do reality show, mas ele desmentiu a informação e atribuiu à emissora a decisão de retirá-lo. Enquanto o imbróglio se arrastou entre polícia e justiça, as imagens de Victor foram removidas do programa.

Há insinuações de cortes, no entanto, desmentidas pelo canal. Quando o ator José Mayer foi acusado - e confessou - ter assediado uma figurinista da casa, especulou-se a edição das cenas da reprise de Senhora do destino. A emissora carioca negou a intervenção por “respeito ao público” - na trama, o personagem do ator desempenha um papel entre os protagonistas. O Viver procurou a Globo para comentar as edições, mas não recebeu retorno até o fechamento da reportagem.

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