Audiovisual Cine PE chega ao fim nesta segunda-feira (3) com documentário sobre chefs de cozinha pernambucanos Joca Pontes, Duca Lapenda e André Saburó são estrelas do documentário Atum, farofa e spaghetti

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 03/07/2017 10:30 Atualizado em: 03/07/2017 10:33

Longa retrata as raízes gastronômicas de cada um dos cozinheiros. Foto: Cine PE/Divulgação
Longa retrata as raízes gastronômicas de cada um dos cozinheiros. Foto: Cine PE/Divulgação

O Cine PE chega ao fim nesta segunda-feira (3), com a solenidade de premiação dos curtas e longas-metragens que disputam as mostras competitivas e também com a exibição de dois filmes hors concours. Os títulos responsáveis pelo encerramento são: Duas mulheres (PE), de Marcelo Brennand, e Atum, farofa e spaghetti (SP), de Riccardo P. Rossi. Como nos outros dias do festival, a programação começa às 19h30, no Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista). Os ingressos custam R$ 5. 


Confira o horário dos filmes em cartaz no Divirta-se


Estreia na ficção do diretor pernambucano radicado em São Paulo Marcelo Brennand, o curta Duas mulheres é inspirado em um conto do livro Retratos imorais (Alfaguara, 184 páginas, R$ 47,90), de Ronaldo Correia de Brito. A trama acompanha duas velhas amigas rememorando o passado e o início da amizade, nos anos 1970, em plena ditadura militar. O outro filme selecionado para a última sessão desta edição do Cine PE também tem tempero pernambucano, já que tem como protagonistas nomes importantes da gastronomia local: Joca Pontes, Duca Lapenda e André Saburó. O documentário do italiano Ricardo Rossi faz o registro de uma incursão dos três chefs ao Ze Kitchen Galerie, renomado restaurante francês cotado com uma estrela Michelin. Produzido ao longo de seis anos, o longa também conta com locações na Itália e Japão.

Fim de semana
Ao contrário do que é habitual em festivais, as sessões do fim de semana mantiveram lotação menor que as dos demais dias, principalmente a do sábado, a mais esvaziada. O domingo contou com um público maior, mas, ainda assim, o salão superior do Cinema São Luiz foi mantido fechado. Foi perceptível também a falta de prestígio da classe artística, com a presença de poucos realizadores. As mudanças de data na realização do festival certamente atrapalharam também, gerando conflitos na agenda. A atriz pernambucana Fabiana Karla, diretora de O caso Dionísio Diaz, não esteve presente durante a exibição do seu próprio filme, no domingo.   

Balanço
A seleção de filmes foi o aspecto mais problemático do Cine PE neste ano. A quase total ausência de títulos inéditos e qualidade discrepante entre algumas produções resultaram em uma grade de programação, no geral, irregular. Apesar da bem-vinda inclusão de filmes com temáticas sociais importantes, garantindo certa diversidade de visões, faltou ainda maior presença feminina entre as obras escaladas para o festival: dos títulos disputando as mostras competitivas, 20 foram dirigidos por homens e seis por mulheres. Nos três filmes hors concours, nenhuma presença feminina na direção.

Aproveitamos a ocasião para listar alguns filmes que foram destaque desta edição do Cine PE:


Aqueleles anos em dezembro (SP), dirigido por Felipe Arrojo Poroger

Representante de uma vertente pouco realizada, o documentário autobiográfico, o filme de Poroger é uma reconstrução afetiva de memórias familiares, feita a partir de uma tentativa de reencenar o momento em que seus avós paternos se conheceram. Diante da impossibilidade de recontar esse acontecimento, o diretor explora paisagens de São Paulo que foram cenário dessa história familiar e revisita gravações feitas em vídeo durante a infância e adolescência. 

Diamante, o Bailarina
(SP), dirigido por Pedro Jorge
A trama, sobre um talentoso boxeador que fora dos ringues é também uma drag queen, aborda racismo e homofobia de maneira leve e bem-humorada. Segundo o protagonista, o ator Sidney Santiago, a decisão de manter o filme no festival mesmo após alguns realizadores se retirarem por discordarem da programação, foi justamente para ampliar a visibilidade para essas questões.

Los Leones (MG), dirigido por André Lage
O documentário traz registro feito ao longo de um ano do dia a dia de um casal argentino, a travesti Mariana Koballa e seu companheiro, Raul Francisco. Ambientado na ilha Tres Bocas, a 40 km de Buenos Aires, o filme mostra o lado miscigenado do país latino, com negros e descendentes de índios. Sem narrações em off ou entrevistas formais, o filme é calcado na espontaneidade do casal e das outras figuras que fazem parte do círculo social dos dois. A exclusão social, identidade de gênero, prostituição e dependência química são questões abordadas no filme.

Mulheres negras: Projetos de mundo (SP), dirigido por Day Rodrigues
Ótimo e pertinente documentário consegue, em menos de meia-hora de projeção, explicar bem o que é ser uma mulher negra no Brasil. Com nove entrevistadas, o longa entrelaça, a partir de diferentes histórias de vida, as experiências coletivas marcadas diretamente por preconceitos de raça, gênero e classe.

O ex-mágico (PE), direção de Olímpio Costa e Maurício Nunes 
Adaptação de dois contos de Murilo Rubião, Ex-mágico da taberna minhota e Teleco, o coelhinho, a animação pernambucana se destacou pelo visual apurado e humor melancólico. 

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