Artes visuais Beleza das gravuras japonesas ganha espaço em exposição na Caixa Cultural A mostra 'Ukioye - a magia da gravura japonesa' traz obras realizadas entre os séculos 17 e 19 e refletem a vida do Japão no período

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 18/07/2017 12:40 Atualizado em: 18/07/2017 12:04

Trabalho de Katsukawa Shunko é um exemplo de gravura do Período Edo, quando o Japão era isolado dos outros países. Crédito: Jaime Acioli/Reprodução
Trabalho de Katsukawa Shunko é um exemplo de gravura do Período Edo, quando o Japão era isolado dos outros países. Crédito: Jaime Acioli/Reprodução

As gravuras japonesas do período Edo (1603-1867) estão bem firmes no imaginário ocidental como um modelo da arte do Extremo Oriente. A elegância e o nível de detalhamento das figuras humanas e das paisagens feito pelos artistas encantaram vários pintores ocidentais a partir do século 19, quando o Japão se abriu para o mundo após mais de dois séculos de isolamento. Entre os que admiravam esse tipo de trabalho, estavam gênios como Van Gogh e Monet. Um pouco desses trabalhos será exibido ao público na Caixa Cultural na exposição Ukioye - a magia da gravura japonesa, cuja abertura acontece às 19h. Esta é a estreia da mostra.

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A mostra é composta por 207 itens no total: 74 gravuras feitas no Japão, 14 volumes de livros de esboços, precursores dos mangás, nove máscaras e mais 110 obras apresentadas virtualmente. As obras a serem expostas na Caixa Cultural pertencem a dois locais diferentes, ambos no Rio de Janeiro: o Museu Castro Maya, que tem duas sedes, e a coleção privada João Maurício de Araújo Pinho. “O título da mostra é uma palavra em japonês que significa ‘o mundo flutuante’. Essa arte expressa coisas e situações presentes na vida das pessoas, em vez de ter um caráter mais elitista, pensado para os nobres ou religiosos”, explica Anna Paola Baptista, curadora da exposição e coordenadora técnica dos museus Castro Maya.


Os temas eram variados: iam do teatro kabuki e seus atores até prostitutas da época, passando por paisagens locais. Nos séculos 17, 18 e 19, os compradores dessas gravuras faziam parte de uma ascendente classe média, que finalmente tinha condições de gastar seu dinheiro em algo além do próprio sustento. “Algo muito interessante é ver que as gravuras dos mestres mais famosos mostram os principais pontos do Japão pois nessa época começava a se desenvolver a ideia de viajar, de conhecer lugares além de sua aldeia”, detalha Anna Paola. Já as máscaras presentes na mostra têm a ver com o universo teatral tão buscado pelos japoneses nesta época, conhecida como uma das mais hedonistas da história do país. Elas representam personagens mitológicos e alegóricos, como dragões, em sintonia com o pensamento religioso e artístico do país.

Para fazer as gravuras, era preciso ter um alto grau de especialização. Um artista desenhava, enquanto outro entalhava a madeira e um terceiro a embebia na tinta e a passava para o papel. Um quarto profissional se encarregava de vender as peças. “No início, as gravuras tinham muito pouca cor, pois a técnica estava em um estágio menos desenvolvido. Com o avanço dessa arte, se tornou possível fazer obras com mais cores e até detalhes com laca e ouro”. A partir da onda de japonismo que invadiu a Europa no século 19 a partir da abertura forçada dos portos japoneses, o mundo inteiro passou a conhecer o nível de minúcia dessas obras e, atualmente, elas são consideradas como parte importante da arte mundial. “É muito difícil que os museus mais importantes do planeta não tenham nenhuma japonesa”, completa Anna Paola.

OFICINAS - Nos dias 30 de julho e 6 de agosto, das 14h às 17h, serão oferecidas oficinas gratuitas de origami e kusudama com orientação da professora Helena Makiyama. Cada período de aula dura uma hora. Serão ensinadas técnicas de dobradura em papel em seus formatos mais tradicionais, como os pássaros, ou tsurus, além das bolas de saúde, conhecidas no Japão como kusudamas. A entrada é gratuita e são oferecidas 15 vagas por turma.

SERVIÇO
Ukioye - A magia da gravura japonesa
Abertura: 18 de julho, às 19h
Onde: Caixa Cultural Recife - Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife
Visitação: Terça a sábado, das 10h às 20h; domingos, das 10h às 17h
Entrada gratuita
Informações: 3425-1915

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