Retomada Análise: As lições de Gretchen após ressurgir poderosa e confiante para a fama Agora 'rainha da internet', Rainha do Bumbum já viveu estrelato, ostracismo, fiasco eleitoral, brigas familiares públicas e deboche

Por: Tiago Barbosa

Publicado em: 06/07/2017 14:52 Atualizado em: 06/07/2017 20:31

Brasileira participou do clipe Swish Swish, de Katy Perry. Foto: YouTube/Reprodução
Brasileira participou do clipe Swish Swish, de Katy Perry. Foto: YouTube/Reprodução

A nostalgia dos anos 1980, a criatividade da internet e o culto cíclico a figuras icônicas do showbiz brasileiro confluíram para o neoestrelato da cantora Gretchen e fizeram da Rainha do Bumbum o símbolo da redenção de quem se banhou na fama, amargou a indiferença e reencontrou o palco da atenção pública em meio ao deboche alheio. Após protagonizar clipe da cantora internacional Katy Perry e vídeo da Netflix sobre a série oitentista Glow, ela voltou à ribalta.

Em anos recentes, a cantora era lembrada de forma jocosa na internet, com memes, gifs e piadas de mau gosto - miríade de referências cuja essência era se valer de caretas, declarações e expressões da artista para caracterizar situações vergonhosas e fazer o interlocutor cair na gargalhada.

As sucessivas notícias sobre casamento - 17 uniões ao todo - e a breve passagem pelo cinema erótico aprofundaram o senso comum de uma artista aparentemente fadada à lembrança pelo exotismo e pela distância dos encantos coreográficos do início da carreira.

Vieram a participação recorrente em programas de TV e a toada prosseguiu: situações embaraçosas (como na dança com Jean Claude Van Damme no Domingo legal), o teste de popularidade sem sucesso nas urnas (ela chegou a ser detida por boca de urna na tentativa de ser prefeita de Itamaracá), brigas em família exploradas pela mídia. Parecia o desfecho pouco honroso no mundo das manchetes.

Mas o tempo mudou. E Gretchen renasceu. As brincadeiras online, embora satirizassem a artista, fizeram dela um rosto reconhecível para quem nasceu nas redes sociais e sequer testemunhou os passos dela nos mais de 40 anos de carreira - ela tem 58 de idade. A multiplicação da imagem despertou a atenção de artistas do pop internacional forjadas junto a uma geração familiarizada com as novas possibilidades da web. E veio o convite de Katy Perry.

A Netflix, experimentada no sucesso do apelo dos anos 1980 junto ao público obtido com séries como Stranger things e The OA, enxergou na cantora o caminho para popularizar o seriado Glow, ironicamente uma comédia sobre um grupo heterogêneo de mulheres em situação vulnerável e recrutadas para um programa de telecatch, a luta livre coreografada norte-americana. A combinação resgatou Gretchen do ostracismo.

Amparada na retomada do sucesso, ela regressa aos holofotes e, como atestam as entrevistas concedidas, com vigor existencial para exibir. Sob o crivo da maturidade, passou a ressignificar momentos. Às sucessivas notícias sobre os casamentos, destila o feminismo e o empoderamento contemporâneos: "Se você quer ser feliz, não importa quantas vezes se relaciona. Por que mulher não pode trocar de marido, por que esse preconceito? É como a música de Frank Aguiar diz: lavou, tá novo. Essa sou eu, desculpe".

O fiasco eleitoral é, hoje, trunfo. Colar na política virou sinônimo de sujeira, ela sugere: "Dou graças a Deus não ter ganhado. Chegamos ao absurdo. Vivo fora do país (na França) e sinto vergonha. Se fosse presidente e tivesse feito o que eles fizeram, Temer ou Dilma, jamais diria que iria ficar até o fim. Botaria a bolsa Channel debaixo do braço e renunciaria linda. Que bom que não ganhei".

A experiência lega a artista a observação atenta sobre quem trilha caminho no rebolado. "Adoro Anitta. Sou fã. Ontem, ela me mandou um WhatsApp e queria fazer uma live (no Facebook) comigo. Ela é a nova musa dos anos 2000. Tem uma voz incrível, dança muito e é verdadeira como eu", ela diz, sobre a cantora brasileira com mais evidência na atualidade.

Dos conflitos com o filho Thammy Miranda, transexual, o tempo outorgou a lição apregoada pela diversidade. "Gente, isso é verdadeiro. Temos que aceitar e amar nossos filhos como eles são. Digo sempre que, quando a gente está grávida, perguntam se queremos menino ou menina. Qualquer mãe responde: quero saúde. Não importa o sexo, gênero. Tem que amar do jeito que tem. O site Buzzfeed fez uma matéria a meu respeito e associou Thammy ao filho da Cher e me comparou a Cher [a norte-americana também tem um filho transexual]".

Aos 58 anos, ela tem vivido mais Maria Odete e menos Gretchen. Diz se dedicar à família e ao curso de jornalismo. Depois de alimentar tantas notícias, prepara-se para ser porta-voz dos acontecimentos. "Nem preciso exercer. Quero me formar", pondera. A aposentadoria artística, ela jura, só teria sido interrompida pelo desafio imposto pela equipe de Katy Perry: o staff da cantora queria testar a popularidade da cantora na música Swish swish. E conseguiu. Despertada mais uma vez do ostracismo, Gretchen avisa: a próximo turnê começa em novembro. É o novo encontro marcado com a fama.

Acompanhe o Viver no Facebook:





MAIS NOTÍCIAS DO CANAL