São João Sanfoneira de 8 anos faz apelo contra funk e sertanejo no São João A pequena Nina Frainer endossa a campanha Devolva Meu São João, por mais espaço ao pé-de-serra

Por: Matheus Rangel

Publicado em: 05/06/2017 18:35 Atualizado em: 05/06/2017 18:51

Aos 8 anos de idade, Nina toca sanfona, zabumba e triângulo. Foto: Facebook/Reprodução
Aos 8 anos de idade, Nina toca sanfona, zabumba e triângulo. Foto: Facebook/Reprodução

A crescente inserção de nomes do sertanejo e de outros ritmos além do forró na programação de festas juninas no Nordeste tem mobilizado artistas na busca por um São João mais "autêntico". Foi o caso da campanha Devolva Meu São João, encampada por sanfoneiros por mais espaço ao pé-de-serra, e do recente desabafo de Elba Ramalho na abertura dos festejos caruaruenses. A indignação é compartilhada pela pequena Nina Frainer, de 8 anos, que fez um vídeo dando uma "bronca" pedindo por mais forró nos eventos do ciclo junino.

Assista ao vídeo:



"Não sou nada contra o sertanejo e o funk, mas no São João tem que tocar isso aqui, sanfona, forró", diz a menina. "Se quiser tocar no São João, grava um CD de forró. Toca Dominguinhos, toca Luiz Gonzaga. São João sem forró é a mesma coisa que Dia das Crianças sem criança. To de olho em vocês!", afirmou Nina.

Apesar de ser de Vitória, no Espírito Santo, onde mora com a família, e ter visitado o Nordeste de maneira rápida, ela mantém uma relação especial com a cultura da região graças à influência dos pais, que são forrozeiros. "Quando Nina tinha 4 anos de idade, estávamos em uma festa e ela viu o Cezinha do Acordeon tocando uma sanfona. Enquanto todas as crianças brincavam, Nina ficou parada na frente dele, observando. Aí, um casal de amigos trouxe uma safona menor e logo ela pegou para imitar", descreve o pai, Nino Brown.

Além da sanfona, Nina toca triângulo e zabumba, habilidade que lhe permitiu ser destaque na escola em que estuda, na qual é sempre convidada para apresentações. Ela também está se programando para viajar ao Japão, onde representará o Brasil em apresentações em escolas se conseguir levantar verbas para os custos da viagem. "Temos essa paixão pela cultura do Nordeste e tudo mais. A família respeita muito e traz pra dentro de casa, tem um significado muito forte. Mantemos uma relação próxima para saber o que está acontecendo", afirma Nino.

Desde o ano passado, a criança tem prestado atenção nas atrações das festas de São João. "Ela via na TV festas chamadas de 'arraiá' que tinham como atrações artistas do sertanejo e do funk e questionava: 'Mas espera aí, essa não é uma festa junina? Tem que ter forró, né?'", contou Nino. Ela está representando não só a indignação dela mas também a de várias pessoas que esperam o São João para viver do forró. Você pode mesclar, mas sem esquecer da tradição. Todos os anos, muita gente sai aqui do sudeste para ver essa festa linda aí", acrescentou o músico.

A problemática tem sido evidenciada em 2017 com episódios como a divulgação da programação do São João de Campina Grande e de Caruaru, que vai contar com apresentação do DJ de música eletrônica Alok, Wesley Safadão e outros nomes do forró eletrônico e sertanejo. Elba Ramalho foi uma das que reivindicaram mudanças. Na abertura das festividades em Caruaru, ela fez um desabafo sobre o caso.

"Falei com a Paraíba, reivindiquei porque o São João de lá está muito mais comprometido que o São João daqui. Eu não tenho nada contra nenhum artista, nada contra nenhum sertanejo. Tem espaço para tudo, no céu cabem todas as estrelas, ninguém atropela ninguém. Porém eu não toco na Festa de Barretos, Dominguinhos também não cantava. A festa é deles, é dos sertanejos, e eles têm bem esta coisa: essa área é nossa", disse a cantora.

Veja o depoimento de Elba Ramalho:



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