Cinema
Entenda por que o filme da Netflix escrito e estrelado pelo ator de Better Call Saul é um passo em falso
No longa-metragem Dia da Namorada, Bob Oderkirk faz o papel do escritor de cartões comemorativos Ray Wentworth
Por: Fellipe Torres - Diario de Pernambuco
Publicado em: 30/05/2017 17:26 Atualizado em: 30/05/2017 18:02
Protagonista de Better Call Saul assina roteiro e estrela filme. Foto: Netflix/divulgação |
Esse problema, por si só, não estragaria o longa-metragem (que nem é tão longo assim, com seus 65 minutos de duração), afinal, o personagem tem, de fato, traços similares ao advogado picareta de Breaking Bad. Ambos são fracassados na vida profissional, têm desavenças frequentes com empregadores e clientes, e são igualmente incompetentes no convívio social. Contudo, o roteiro tem o defeito gravíssimo de não saber onde quer chegar e, por conseguinte, gera um resultado medíocre.
De atmosfera noir, a produção é meio drama e meio comédia, mas não se encontra em nenhum dos dois polos. Em determinada altura, ganha tons de surrealismo, mas sem um propósito maior diante da trama. Causa estranhamento, como os produtores pretendiam, mas não de uma forma agradável. Sobre o protagonista do filme, o diretor Michael Paul Stephenson afirmou, em entrevista à revista Esquire: “Esse tipo de herói sempre me faz rir. Há muita alegria e humor no fracasso”.
Personagem guarda semelhanças com Jimmy McGill, de Better Call Saul. Foto: Netflix/divulgação |
Segundo a revista, o filme surgiu como uma oportunidade de renovar os ares para Bob Odenkirk entre a segunda e a terceira temporada de Better Call Saul. “O filme não tem a ver com o zeitgeist (espírito da época). Eu sabia que ele não seria apreciado em festivais. O jeito de fazer com que funcionasse seria tratá-lo como um filme noir em que há vida e morte e dor de verdade no centro de tudo”, diz Odenkirk, revelando que há referências a filmes dos Irmãos Coen. %u2028%u2028O ator e roteirista descreve o personagem do filme como um "sujeito amargo, um misantropo, mas somente porque o coração dele está afligido. Você percebe logo que ele está magoado e com raiva do mundo. Todos nós conhecemos pessoas assim e, claro, às vezes nós mesmo ficamos desse jeito".
De orçamento bem baixo (sem valores divulgados), Dia da Namorada foi todo filmado em quatro semanas. “Não foi difícil. Eu poderia fazer uns cinco desses. Mas este é único. Os filmes de terror podem existir somente com o objetivo de serem filmes de terror. Ninguém pergunta onde está a relevância social deles. As pessoas perguntam se sentiram medo ou se foram assustadas. Acho que esse tipo de filme não é feito mais. Com sorte, será um mundo surpreendente que se abrirá para você, mas não é pertinente para nada além de entreter você”, resume Odenkirk.
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