Cobertura Rock nacional muito bem representado na última noite de Abril pro Rock 2017 Festival recebeu nove atrações brasileiras neste sábado, com destaque para os shows de Matanza, Krisiun e Violator

Por: Alef Pontes

Publicado em: 30/04/2017 15:32 Atualizado em: 30/04/2017 16:44

A carioca Matanza saudou o festival e fez milhares de fãs cantarem música a música do repertório de clássicas. Foto: Abril pro Rock/Divulgação
A carioca Matanza saudou o festival e fez milhares de fãs cantarem música a música do repertório de clássicas. Foto: Abril pro Rock/Divulgação


Se a sexta-feira foi marcada pela presença mais forte do hardcore no Abril pro Rock, a noite deste sábado (29) foi, definitivamente, sagrada ao metal. Com uma extensa programação e atrações de subgêneros variados, indo do death ao trash metal - com um ou outro nome do punk ou HC - , a última noite do festival congregou estilos e públicos em uma noite de encontros. Em uma sequência de 11 atrações e grande destaque para o rock nacional nos shows de Evocati (PE), Nervosa (SP), Mystifier (BA), John Wayne (SP), One Arm Way (SP/PE), Voodoopriest (SP), Matanza (RJ), Violator (DF) e Krisiun (RS); além da banda inglesa Cockney Rejects e da alemã Nocturnal, a noite foi uma verdadeira maratona de apresentações, distribuídas em 7 horas de performance e dois palcos. 

E não faltou público para acompanhar as apresentações. A estima da produção é que cerca de 5 mil pessoas tenham comparecido ao Classic Hall na noite (somando 8 mil nos dois dias de evento), roqueiros de todas as idades e regiões, entre veteranos e estreantes no evento. O estudante Livson Nascimento, de 32 anos, por exemplo, veio pela segunda vez ao festival, no intuito de assistir os shows de Matanza e Krisiun. Considerando o APR como o "único evento que representa, de verdade, o rock'n'roll underground em Pernambuco", trouxe o amigo Sílvio Cunha, de 28 anos, para conhecer o evento. "Eu fiquei surpreso e curti muito o festival. Tem um público é diferenciado, uma galera tranquilo. A gente viu uma roda de pogo em que a galera caia e outro chegava para ajudar. É um evento bem amistoso", disse Sílvio. 

Já o olindense Francisco Bezerra, de 46 anos, que acompanha o festival desde o surgimento no início dos anos 1990, tendo faltado apenas em duas das 25 edições, veio com o intuito de conhecer novas bandas. "O Abril pro Rock é de uma importância sem tamanho para a história do rock'n'roll em Pernambuco. Para mim, um dos grandes momentos foi assistir o surgimento do manguebeat com Chico Science, ainda no Maluco Beleza, aquilo foi inesquecível. Chego me arrepio de só de lembrar", lembra Francisco, que neste ano se surpreendeu com as apresentações de Nervosa, Krisiun e Cockney Rejects. 

Um dos destaques da noite ficou para a apresentação da carioca Matanza. O grupo, que mobilizou uma parcela mais jovem e exaltada do público, mostrou que o rock nacional, com músicas cantadas em português, tem um forte potencial de criar identificação com os fãs. Letras de sucessos da carreira como Ela roubou meu caminhão, Clube dos canalhas, Eu não gosto de ninguém e Bom é quando faz mal foram cantadas em êxtase pelos fãs. 

Uma identificação com a proposta do festival que não fica apenas para o público, como atestou o cantor Jimmy London ao compartilhar com os fãs uma memória do APR: "Uma das coisas mais fodas que já aconteceram na carreira do Matanza, e eu tenho certeza que na vida de todo mundo que esteve naquela noite, foi aqui no Abril pro Rock, quando o Matanza tocou no mesmo palco que o Motorhead, em 2009". 

Substituta da Suicidal Angels, banda grega que cancelou a turnê na América Latina ficando de fora da programação a poucos dias do festival, também era uma das atrações mais esperadas da noite e prendeu, de imediato, a atenção na sua instigante performance dedicada ao death metal. Já a alemã Nocturnal, surpreendeu pela habilidade técnica, precisão e velocidade na execução dos elaborados riffs de guitarra. 

Não teve cansaço pós maratona de shows quando a Violator, última atração do festival subiu ao palco, já na madrugada deste domingo. E haja, fôlego! A banda de thrash metal, afiadíssima, deu início à uma enorme roda no centro do Classic Hall já nos primeiros acordes. "Vocês são carniças undergrounds iguais a gente, né? Já que somos a última banda, vamos quebrar tudo!", incitou o vocalista. 

A agressividade sonora e estética do grupo foi alternada por diversos momentos de cunho político. "Nós vivemos tempos sinistros. Nesses tempos, ídolos sinistros ascendem ao poder. É com a mesma velocidade que eles ascendem que nós precisamos colocar eles para baixo", declarou o vocalista. "Não tem nada mais representativo do momento que vive o nosso país do que uma marcha indígena ser recebida com tiros e balas, como aconteceu esta semana. Essa é a história do nosso país, são 500 anos de um massacre, um massacre silencioso!", disse em outro momento. 

Para o produtor Paulo André, o segredo do sucesso e sobrevivência do festival como um dos principais polos do gênero na região é compreender a situação do local onde você está. "Recife não é uma cidade fácil e o Nordeste não é uma região fácil de fazer esse tipo de coisa, mas cada ano é uma história que vai se desenhando. E este ano, nos 25, a gente queria investir no rock pesado até por uma questão de oportunidade e pra não se repetir. Eu estou muito feliz com o resultado", comemorou Paulo André, afirmando que o maior legado do Abril pro Rock é movimentar a região.

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