Por: Fellipe Torres - Diario de Pernambuco
Publicado em: 11/04/2017 19:52 Atualizado em: 11/04/2017 22:08
Cantor ganhou projeção depois de participar do programa The Voice. Foto: Perfexx/divulgação |
Confira o roteiro de shows no Divirta-se
A sensação de isolamento é aplacada com a possibilidade de pegar o telefone para um papo intérprete-compositor com figuras como Lula Queiroga, Zé Manoel e Arlindo Cruz. "É uma sorte que a vida me deu, a de fazer isso. Sou pesquisador de música e gosto de fazer as pessoas entenderem a minha pesquisa. Hoje, muitos só se interessam em gravar as próprias músicas. É difícil".
Essa é apenas uma das etapas do vasto processo no qual o músico mergulhou nos últimos quatro anos para burilar o primeiro disco da carreira, Ayrton Montarroyos (disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes e Tidal).
O principal local de trabalho foi o palco, diante do público, na companhia de quem ele testou cada uma das faixas. Antes de ganhar visibilidade no talent show The voice, em 2015, o cantor se apresentava apenas umas três vezes por ano. Incluiu muitas canções no repertório, retirou várias. O estalo de como deveria ser o álbum de estreia veio em uma ocasião, em São Paulo, quando interpretou apenas compositores pernambucanos. "Fiquei com aquilo na cabeça, muito feliz. Decidi que seria assim".
A relação com artistas do estado não se limitou aos compositores - Ayrton convocou instrumentistas, arranjadores e outros parceiros para a empreitada. O resultado transmite maturidade musical e soa como lufada de ar fresco na hoje amorfa MPB.
De Zeca Pagodinho (Alto lá) a Lula Queiroga (Portão), de Caetano Veloso (Não me arrependo) a Zé Manoel (Tu não sabias), de Zeca Baleiro (À porta do edifício) a Graxa (Tudo em volta de mim vira um vão), o álbum conta a história do eu-lírico do disco, um amante compulsivo e passional. A narrativa é costurada por letras e interpretações contundentes, além de faixas instrumentais.
"Cantar sempre foi muito fácil para mim. Nunca quis ficar mostrando minha voz, mas tive a preocupação de que o disco fosse uma experiência, um momento de pausa. São 35 minutos divididos em 11 músicas para você ouvir tudo… e depois ouvir de novo".
+Faixas comentadas
PORTÃO,
de Lula Queiroga
"Uma música extremamente simples, despretensiosa, que descobri assistindo a um programa na televisão. Lula tem muito o que dizer em poucas palavras. Como ela é curtinha, gravamos com várias voltas e, em cada uma delas, usamos um instrumento sinfônico. É uma canção que parece doce e sensível, mas é macabra".
TU NÃO SABIAS,
de Zé Manoel
"É um bolero irônico. Essa composição tem um jeito único de dizer que o amor não acabou… Achei moderno. Conheço poucas canções que falam assim"
ALTO LÁ,
de Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Sombrinha
"Uma música fortíssima, mas que cai na preocupação de ser dançante e, por isso, passar despercebida. Primeiro regravei como se fosse um tango, uma coisa meio cafona, com um piano escandaloso, cordas dramáticas, algo meio (Carlos) Gardel. Para o disco, encarei de uma maneira mais séria, com outra pegada".
À PORTA DO EDIFÍCIO,
de Zeca Baleiro
“É linda. Uma seresta que Zeca compôs para Cauby Peixoto, mas ele não conseguiu gravar porque estava velhinho. Pensei que se eu não fosse gravar, ninguém mais iria, porque hoje ninguém tem muita intimidade com seresta. Cantei do jeito que Cauby cantaria”.
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