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Mùsica Primeiro dia de Abril pro Rock promove noite de encontros e celebração à música 'pesada' Festival recebeu multidão e shows memoráveis na sexta-feira dedicada ao punk e hardcore

Por: Alef Pontes

Publicado em: 29/04/2017 14:37 Atualizado em: 29/04/2017 15:50

Fãs invadiram o palco durante show da Suicidal Tendencies. Foto: Snapic/Divulgação
Fãs invadiram o palco durante show da Suicidal Tendencies. Foto: Snapic/Divulgação


Nem mesmo a chuva que caiu no início da noite ou a paralisação dos transportes públicos durante a greve geral foi suficiente para intimidar os fãs do metal, punk e hardcore de comparecerem massivamente ao Classic Hall, nesta sexta-feira (28), para a primeira noite do festival Abril pro Rock 2017. Iniciando as celebrações de 25 anos, um dos mais importantes palcos do rock no país recebeu memoráveis performances de veteranos e estreantes da música nacional e internacional. 

A banda caruaruense Diablo Angel foi a convocada para dar início à programação com o rock alternativo permeado pelas distorções de Fuzzled Mind, trabalho de estreia lançado em 2015. Revelação da cena rock pernambucana, a Serrapilheira, que já marcou presença em duas edições do festival Pré-Amp (2016 e 2017), entrou no embalo para mostrar um rock com sotaque regional. Repleto de influências da música pernambucana, jazz e rock de vertentes diversos, em uma performance que uniu a poética da musicalidade folk com potentes guitarradas, a banda ganhou o público que começava a chegar ao evento em sua primeira peformance no festival.

"O grupo vem em um momento muito bacana, conquistando novos espaços e preparando o primeiro álbum, e pra gente é uma alegria imensa se apresentar no palco do Abril pro Rock, um evento que faz parte da história do rock no Nordeste", comentou o guitarrista da Serrapilheira Rafael Cadena (também integrante da Cangaço), afirmando que o festival é uma espécie de celebração para o público rock. "É como nossa festa de fim de ano ou o nosso carnaval, onde nos encontramos e colocamos o papo em dia".

Veteranos do hardcore pernambucano, com mais de 17 anos de estrada, o grupo Saga HC mostrou que tem domínio de palco e público. Com a conhecida pegada agressiva e repertório que aborda problemas sociais e questões políticas, a banda saudou a periferia recifense e os companheiros que estão na luta para "manter viva a cena underground" no Estado.

Direto do Rio Grande do Norte, os natalenses da Camarones Orquestra Guitarrística trouxeram uma instigante performance instrumental. Com muito punch e elementos dançantes de ska e surf music, o grupo composto por Ana Morena (baixo), Anderson Foca (guitarra, teclado e efeitos), Yves Fernandes (bateria) e Fausto Alencar (guitarra) colocou o já desinibido público para mexer mais do que as cabeças. A apresentação teve espaço, ainda, para um manifesto sobre o atual momento político do país e a greve geral convocada pelas centrais sindicais contra as Reformas Trabalhista e da Previdência.

"Alguns amigos meus fizeram greve hoje e não quiseram tocar, e a gente acha muito justo. Mas nós decidimos nos apresentar, porque assim vamos ter o microfone aberto para dizer que a gente não aceita a perda de direitos de nenhum trabalhador. Não aceitamos nenhum tipo de homofobia ou misoginia. Fora Temer! E viva o rock'n'roll!", declarou o músico Anderson Foca, também produtor do Festival DoSol (RN), durante o show.

Tiger Army emocionou o público em seu primeiro show no Brasil. Foto: Snapic/Divulgação
Tiger Army emocionou o público em seu primeiro show no Brasil. Foto: Snapic/Divulgação


A norte-americana Tiger Army cumpriu a promessa feita pelo vocalista Nick 13, em entrevista ao Viver nesta semana, e presenteou o público presente com uma emocionante apresentação em seu primeiro show no Brasil. Realizando o lançamento de V...-, o 5º álbum do grupo californiano, reverenciou a universalidade do rock. "Independente do seu corte de cabelo ou da sua subcultura, se você gosta dessa música, ela é para você. Isso é o Tiger Army", declarou o vocalista, instigando o público a cantar junto todas as letras.

A banda de psychobilly foi a responsável pelos momentos mais melódicos da noite, mas não sem fazer um lembrete sobre a necessidade de união para enfrentar as adversidades políticas e diferenças culturais: "Nós precisamos nos unir: os roqueiros, os punks, os metaleiros. Nós todos somos parte de uma mesma árvore do rock".

Uma multidão ansiosa aos gritos atestou que, definitivamente, a Suicidal Tendencies era a atração mais aguardada da primeira noite do Abril pro Rock. Promessa para o festival desde 1998 o grupo promoveu o lançamento do álbum Word gone mad, com a participação do consagrado baterista Dave Lombardo (ex-Slayer). Uma show memorável, marcado pela presença impactante de uma gigante roda de pogo do início ao fim e por fãs invadindo o palco para um instante de êxtase ao lado dos ídolos do metal.

Death mostrou aos pernambucanos a união do rock com levadas de reggae e soul music. Foto: Snapic/Divulgação
Death mostrou aos pernambucanos a união do rock com levadas de reggae e soul music. Foto: Snapic/Divulgação


Coube ao protopunk da Death manter a instiga em alta dos resistentes que ainda mantinham energia após a saída de palco de Mike Muir e cia. Tarefa fácil para o grupo conhecido por ser um dos pioneiros no punk rock dos EUA.

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