° / °

Viver
Show

'A música brasileira foi banalizada', afirma Sérgio Reis

Ícone do sertanejo interiorano, cantor e deputado federal celebra parceria de longa data com Renato Teixeira no projeto Amizade Sincera, no Recife

Publicado: 11/04/2017 às 08:21

Para valorizar a "música caipira" - Renato Teixeira e Sérgio Reis cantam sucessos do gênero em show. Foto: Ana Mani/Divulgação/

Para valorizar a "música caipira" - Renato Teixeira e Sérgio Reis cantam sucessos do gênero em show. Foto: Ana Mani/Divulgação/

Para valorizar a "música caipira" - Renato Teixeira e Sérgio Reis cantam sucessos do gênero em show. Foto: Ana Mani/Divulgação

A amizade de uma vida celebrada com canções que marcaram a música popular brasileira. Foi esse o mote que levou os músicos, amigos e parceiros Renato Teixeira e Sérgio Reis a iniciarem o projeto Amizade sincera. Juntos, os dois experientes artistas apresentam a história da música e vida rural brasileira através de canções que marcaram gerações, como Beijinho doce, Cabecinha no ombro, O menino da porteira e Tocando em frente.

Confira o roteiro de shows no Divirta-se

O trabalho já rendeu dois DVDs e chega ao Recife nesta terça-feira (11), às 21h, no Teatro RioMar (Av. República do Líbano, 251, RioMar Shopping), com ingressos entre R$ 60 (balcão/meia) e R$ 160 (plateia baixa), à venda no local. Para completar o clima familiar e intimista do encontro de amigos, a dupla é acompanhada por seus filhos, todos munidos de tradicionais instrumentos da musicalidade caipira. Sérgio Reis bateu um papo com o Viver sobre o show, confira:

Entrevista // Sérgio Reis, cantor


Como surgiu a ideia do show com Renato Teixeira e como foram realizados os desdobramentos desse projeto?

A ideia existe há anos. Fui o artista que mais regravou músicas do Renato Teixeira, então sempre tivemos isso em mente. A união no palco demorou porque foram os cursos de nossas vidas pessoais e de nossas carreiras que nos guiaram. É muito bom poder finalmente realizar a celebração de nossa amizade, das nossas carreiras e da música caipira depois de tantas décadas de estrada, um sinal de que tudo isso que estamos comemorando sobreviveu à prova do tempo.

O repertório é composto por clássicos da música sertaneja. Como foi a curadoria dessas canções?

A proposta do repertório é mostrar ao nosso público o valor emocional da música brasileira, aspecto que mal vemos hoje em dia. A música caipira nos moldou e nos consolidou, queremos que as pessoas vejam e sintam que essas canções são atemporais. A nossa esperança é que as próximas gerações deem continuidade a esse trabalho e que os mais velhos sempre tenham o prazer de relembrar o que é a música caipira de raiz, numa época onde a música brasileira foi banalizada e perdeu a sua força poética.

Além da amizade de longa data entre vocês dois, há também a presença dos filhos na banda. Qual a sensação de realizar um espetáculo em família?

A gente se sente em casa. Eu e o Renato somos família, os meus filhos e os filhos dele são os herdeiros do nosso legado e fazem um trabalho além do que eu considero satisfatório. Nossa banda e nossa equipe são família, nosso público é família. Nessa fase da vida, a gente tem o luxo de estar rodeado de pessoas que querem e fazem o nosso bem, o Amizade sincera começou assim, como um projeto intimista, um encontro de amigos tocando música boa. Depois virou DVD, turnê.... Agora todos os públicos das cidades por onde passamos podem testemunhar esse espetáculo e fazer parte da nossa grande família.

Há planos para a gravação de um novo DVD?

Por enquanto não. Eu e o Renato temos a turnê Tocando em frente com o Almir Sater, além do Amizade sincera. Sonhamos em gravar um DVD em trio, mas infelizmente o Almir não gosta, ele prefere que o público venha nos ver ao vivo no show.

Afinal... Qual o valor de uma amizade sincera?

Não tem preço. Eu, que tenho o prazer de rodar o Brasil e conquistar tantas coisas ao lado de um amigo tão querido, que está comigo há décadas, desde o início sei bem que a amizade sincera é um privilégio que poucos têm. Além disso, eu e o Renato somos vizinhos lá na Cantareira, então estamos sempre juntos.

Você é de uma época em que a música sertaneja era chamada de música caipira. Como avalia o atual mercado de música sertaneja?

O sertanejo atual, o universitário, não tem nada de sertanejo. Sou contra esse título. Mas, se é o que comercialmente encaixa para quem o faz, quem sou para contrariar? Gosto muito deles, são pessoas que cresceram escutando Sérgio Reis e Renato Teixeira, sou amigo e tenho total respeito.

Há algum nome em especial que queira elogiar?

Gosto muito de todos dos de hoje em dia, são artistas que acompanho e posso afirmar que são gente muito trabalhadora e honesta. Mas, se for para destacar, seriam Gusttavo Lima, Michel Teló e a Paula Fernandes, que fez uma belíssima participação na nossa gravação do Amizade sincera cantando Tristeza do jeca.

E a popularização da mulher como cantora sertaneja? Temos bons exemplos como Marília Mendonça, Simone e Simaria, Maiara e Maraísa... Elas mostram que se empoderaram e agora assumiram também os microfones, coisa antes pouco vista na música caipira. Como vê esse movimento?
A ascensão das intérpretes femininas neste segmento é mais uma prova que a mulher é tão competente quanto o homem, como sempre aconteceu. No início tivemos as Irmãs Galvão, a Nalva Aguiar, depois lá para os anos oitenta a Roberta Miranda. Tem a Paula Fernandes que está há mais de uma década na ativa. Existem muitas mulheres que venderam milhões de cópias e deixaram o seu legado na história da música brasileira e também no sertanejo que eu admiro imensamente. A música que faz sucesso atualmente é diferente da que tocava no passado, raramente me identifico com alguma canção atual, não importa se o intérprete é homem ou mulher.

Com tanto tempo na estrada, você se tornou influência para muitos artistas. Contudo, quem ainda te inspira atualmente?
Atualmente, o que me inspira é a vida, são os aspectos legais da música brasileira contemporânea que eu pego para mim e a tradição, porque é muito importante você manter a sua identidade em tudo o que faz. São os meus amigos, é o trabalho com o Renato e o trabalho com o Almir, é o trabalho do Renato e o do Almir. Sérgio Reis influencia Sérgio Reis – o que dá certo eu procuro manter, quero que meu legado permaneça vivo quando eu não estiver mais aqui. As minhas referências de antigamente também são as minhas referências de hoje em dia. Desde pequeno eu ouvia Tonico & Tinoco, e até hoje eu continuo admirando e apreciando tudo que a música tem de bom.

Como divide sua agenda entre a política e a música?

É difícil, tanto que muita gente não queria que eu virasse deputado, acharam que eu ia deixar a música de lado. Mas minha agenda de shows continua cheia e desde então eu lancei o Amizade sincera 2 com o Renato Teixeira, que ganhou Grammy e teve também o lançamento do show Tocando em frente, que está fazendo muito sucesso. O povo brasileiro me recebeu de braços abertos desde o início de minha carreira, tento compensar isso no meu trabalho como deputado, também tem muita coisa que precisa ser feita para melhorar a vida da classe artística. Sei que sou um só e às vezes fico um pouco mais sobrecarregado, mas como diz a música do Almir com o Renato, vamos em frente!

Acompanhe o Viver no Facebook:

Mais de Viver