Viver
Entrevista
Lázaro Ramos e Taís Araújo adaptam discurso de Luther King para o teatro
Atores transitam entre o ativismo e a humanidade do ícone da mobilização pelos direitos dos negros
Publicado: 29/04/2017 às 11:00

História se passa em um hotel na véspera da morte do ativista norte-americano. Foto: Juliana Hilal/Divulgação/

O pastor e ativista político Martin Luther King Jr. se tornou mártir dos direitos civis por conta do discurso impetuoso e da ação não-violenta. Trazer ao palco um personagem tão simbólico e devolver a ele uma dimensão humana esquecida em alguns momentos é a missão da peça O topo da montanha, escrita pela norte-americana Katori Hall e com versão brasileira estrelada pelo casal Lázaro Ramos e Taís Araújo. Ambos também estão em outras funções: ele, como diretor, e ela, como produtora. A montagem terá única apresentação às 21h deste sábado (29), no Teatro Guararapes.
Confira o roteiro de espetáculos em cartaz no Divirta-se
O título da produção faz referência ao último discurso proferido por
King, Eu estive no topo da montanha, e a ação se situa um dia antes do
assassinato, em Memphis, no Tennessee, em 4 de abril de 1968. Hospedado no Hotel Lorraine, ele conhece a camareira Camae e trava,
com ela, um diálogo que varia do ácido ao emocionante. Lembrado de sua humanidade pela funcionária do hotel, o espetáculo traz, de um jeito informal, o legado deixado por King em sua atuação em favor dos negros norte-americanos.
Embora tivesse como pano de fundo o contexto explosivo dos anos 1960 nos Estados Unidos, com a Guerra do Vietnã a todo vapor, a dramaturgia de Katori Hall tem a pretensão de falar sobre temas universais, como amor e igualdade. O texto chegou às mãos de Lázaro e Taís há anos, mas os dois só se convenceram a montá-lo após lerem uma segunda tradução e concluírem que ela era adequada à realidade brasileira. Como João Fonseca, o primeiro diretor pensado para o espetáculo, não poderia dirigi-lo, a função ficou com Lázaro.
SERVIÇO
O topo da montanha, com Lázaro Ramos e Taís Araújo
Quando: Sábado, às 21h
Onde: Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco, s/n, Olinda)
Ingressos: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia) para a plateia e R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia) para o balcão
Informações: 3182-8020
Entrevista Lázaro Ramos e Taís Araújo
LÁZARO RAMOS
A peça traz a história de um homem extremamente reverenciado. Como você tornou esse personagem mais humano?
O texto do espetáculo já tem essa proposta. Ele não é uma biografia
exata da última noite do Luther King. A autora se apropria das últimas
horas da vida dele para contar uma história que acaba sendo universal
porque o conteúdo diz respeito a um homem se aproximando da morte e que repensa sua vida: o que ele fez, seus medos...
Na sua opinião, quais foram os maiores desafios de dirigir e atuar simultaneamente?
Atuar e dirigir só foi possível por causa da equipe que eu tive e por ter uma companheira como a Taís em cena. E porque demoramos dois anos para fazer o espetáculo e comecei a pensar na concepção dele há muito tempo. Então eu tinha muita clareza do que queria fazer. Difícil? Claro que foi! No início eu comecei dirigindo e deixei o meu lado de ator de lado para mais para frente cuidar dele.
TAÍS ARAÚJO
De que forma, então, você desenvolveu sua personagem, Camae, durante o processo de ensaio?
De que forma, então, você desenvolveu sua personagem, Camae, durante o processo de ensaio?
A gente acha as palavras do espetáculo muito potentes e importantes
para nós, brasileiros. Então o que aconteceu é que a Camae era uma
personagem popular norte-americana. E eu fiz uma mulher popular
brasileira, porque o que tínhamos de mais importante eram as palavras. A minha personagem se parece comigo e com tantas brasileiras que conheço que sonham com um mundo melhor.
É muito difícil ver um casal negro protagonizando um espetáculo no Brasil. Como vocês se sentem ocupando esse espaço do teatro, considerado elitizado?
É uma alegria quando a gente percebe o teatro cheio de pessoas parecidas com a gente. O teatro, infelizmente, sim, é um lugar elitizado, os ingressos são caros. Quando a gente tem a chance de fazer em algum lugar com subsídios, por exemplo, para ter ingressos mais baratos, percebemos uma plateia ainda mais diversa. Então, sim, precisamos do governo para promover a cultura. Sem isso o teatro continua sendo de elite.
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É uma alegria quando a gente percebe o teatro cheio de pessoas parecidas com a gente. O teatro, infelizmente, sim, é um lugar elitizado, os ingressos são caros. Quando a gente tem a chance de fazer em algum lugar com subsídios, por exemplo, para ter ingressos mais baratos, percebemos uma plateia ainda mais diversa. Então, sim, precisamos do governo para promover a cultura. Sem isso o teatro continua sendo de elite.
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