Cinema Clássico ...E o vento levou é exibido no cinema nesta terça Professores e pesquisadores de cinema explicam por que ir assistir ao filme no cinema após quase oito décadas de seu lançamento

Por: Mariana Peixoto - Estado de Minas

Publicado em: 25/04/2017 15:38 Atualizado em:

Filme produzido por David O. Selznick e dirigido por Victor Fleming foi lançado em 1939. Foto: Selznick International Pictures/Divulgação
Filme produzido por David O. Selznick e dirigido por Victor Fleming foi lançado em 1939. Foto: Selznick International Pictures/Divulgação

Setenta e oito anos se passaram desde que ...E o vento levou foi visto e revisto por gerações muitas vezes nos cinemas e na televisão, que, no Brasil, chegou na década de 1980. O filme ganha hoje nova sessão na cidade, abrindo a programação da temporada da série Clássicos Cinemark. Em exibição única, o longa será apresentado com nova cópia às 19h30, na sala do cinema RioMar. Haverá um intervalo de quatro minutos.

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Quase oito décadas mais tarde, por que ir ao cinema para ver ...E o vento levou? Porque é a única maneira de assisti-lo, afirmam professores e pesquisadores de cinema. "Todos os filmes devem ser vistos no cinema, a não ser quando foram especialmente feitos para a TV. Quando se reduz demais o tamanho da tela, o espectador perde o senso de espaço que o diretor imaginou. ...E o vento levou não cabe na televisão. Quem o viu dessa maneira não assistiu ao filme. Naquele momento, nenhum filme tinha conseguido retratar aquele senso de grandiosidade", afirma Heitor Capuzzo, professor de cinema, aposentado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Autor de Lágrimas de luz (Editora UFMG, 1999), em que analisa o melodrama no cinema (uma das obras analisadas é justamente ...E o vento levou), Capuzzo chama a atenção para este aspecto. "É incrível que a gente assista a um filme de quase quatro horas sobre a Guerra Civil norte-americana sem que ela apareça. É intencional, claro. No melodrama, o conflito é o pano de fundo. O que importa é como o personagem vai reagir a ele. Ou seja: temos a experiência da disputa a partir da evolução da personagem de Scarlett O’Hara".

Capuzzo exemplifica com os diferentes momentos da personagem. ''No início, ela é uma debutante, toda patricinha. A experiência da guerra a destrói, que é o momento em que fala que não vai mais passar fome. E mais tarde, ela passa a ser a nova América, renasce meio brega, nouveau riche. Ou seja, para esconder que perdeu a guerra, ela vai se reinventar. Isso é uma metáfora do que vai ser a América pasteurizada, e serve até como uma metáfora para os dias de hoje.''

...E o vento levou nasceu do romance homônimo publicado em 1936 por Margaret Mitchell. O drama percorre o período da guerra civil norte-americana (ou Guerra de Secessão), de 1861 a 1865. Filha de um proprietário de plantação de algodão no Sul dos EUA, Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), jovem impetuosa e fútil, com a guerra descobre a miséria.

Apaixonada por Ashley Wilkes (Leslie Howard), que se casa com sua prima Melanie Hamilton (Olivia de Havilland, ainda viva, completa 101 anos em julho), ela inicia, em meio ao conflito, um relacionamento tempestuoso com Rhett Butler (Clark Gable). Na saga, acompanhamos a personagem da inocência quase ignorante até a maturidade e sua compreensão da vida.

''Todo o modelo que conhecemos como Hollywood, em que o diretor é um funcionário do produtor, foi criado naquela época. ...E o vento levou é o maior emblema desse modelo de produção'', comenta Rafael Ciccarini, diretor do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário Una.

...E o vento levou é muito mais o filme do produtor David O. Selznick do que do diretor Victor Fleming. Este último teria dirigido apenas 45% do filme. O diretor original, George Cukor, foi demitido por Selznick. Houve ainda outro diretor, Sam Wood. A verdade é que nenhum deles conseguiu ter suficiente liberdade frente a Selznick.

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