Mobilização Artistas protestam contra violência e homicídios em frente ao Palácio do Governo O ato, intitulado, Desconforto, será realizado a partir das 18h desta quarta e é aberto ao público

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 19/04/2017 11:32 Atualizado em: 19/04/2017 13:38

Manifestação terá velas e 500 cruzes, simbolizando os mortos em Pernambuco este ano. Crédito: Igo Bione/Esp.DP
Manifestação terá velas e 500 cruzes, simbolizando os mortos em Pernambuco este ano. Crédito: Igo Bione/Esp.DP

A violência sofrida cotidianamente pela população pernambucana chegou a tal nível que levou um grupo de amigos e conhecidos a criar um ato-performance para simbolizar a dor e as perdas diárias sofridas pelo povo. A ação, chamada Desconforto, remete a uma fala do governador Paulo Câmara sobre a quantidade de crimes contra a vida no Estado, qualificada pelo político como "desconfortável". Apenas em janeiro e fevereiro, 977 mortes foram computadas em Pernambuco, e esse dado foi o motivador para a realização do ato, marcado para as 18h de hoje, em frente ao Palácio do Governo.

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A performance é colaborativa e aberta ao público. Artistas e famílias que perderam parentes de forma violenta foram convidados a participar. "Estamos aguardando cerca de 1500 pessoas amanhã. Quando pensamos no evento, eram 977 mortos e, com os números de março, já são 1522. Pensamos que esse protesto deveria ser feito com muita sensibilidade e de maneira respeitosa. Vamos entregar um manifesto ao governador com vários pedidos. Queremos, por exemplo, que haja a abertura de um diálogo com a sociedade civil para discussão e elaboração de políticas de segurança pública no estado”, afirma Liana Cirne Lins, advogada, produtora cultural e uma das idealizadoras do ato.

Quem participar da performance deve se vestir de branco e, na conclusão, se deitar em frente ao Palácio do Governo como forma de homenagear os mais de mil mortos em homicídios neste ano. Além disso, vários artistas participantes propuseram ações durante o ato-performance. Mil velas e 500 cruzes foram doadas por voluntários para a ocasião. “Haverá três performances de dança, e a bailarina Bella Maia vai fazer uma representação simbólica da violência lembrando o nome das vítimas de homicídios. A cantora Isaar França vai cantar uma música sobre os crimes contra a juventude negra acompanhada por um coletivo de bailarinos. O ator Rodrigo Torres vai interpretar um trecho de uma peça e o cantor Carlos Ferrera cantará o hino de Pernambuco de uma forma diferente. O final, com participação do movimento Tenda da Fé, terá uma crucificação simbólica dos pais e mães que perderam seus filhos”, detalha Liana.

De acordo com a advogada, o objetivo da mobilização é ir além dos números e tornar visível a quantidade de mortos por conta da violência. A sociedade civil e a universidade também seriam, segundo ela, fundamentais para discutir soluções. “Todas as fichas estão sendo colocadas na impunidade, mas isso não é verdade. Também precisamos investir em políticas de prevenção. São 497 casos de estupro em três meses. Os casos de feminicídio precisam de políticas específicas interligadas com outras áreas de atuação. Esperamos que o governador nos veja, pois queremos ser ouvidos", pontua.

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